11 - Cúmplices

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Depois de muita espera, enfim chegou a carta confirmando que Vladmir conseguiu fazer Magnus se aliar a nós. Tudo estava saindo conforme o planejado, tanto que chegava a ser cômico. O único obstáculo era Jack Frozt e sua contra maldição. Precisava pensar em um plano para faze-lo desistir da seu amor por Angel.

Jogar uma terceira pessoa na situação poderia ser o suficiente para provocar Frozt. Uma vez imaturo, sempre imaturo. A raiva subiria muito rápido a sua cabeça se encontrasse sua amada o traindo. Ele com certeza a abandonaria, como da primeira vez. E a ajuda de Vladmir serei indispensável em meus planos. Sua beleza é invejável e, se bem usada, poderia provocar o ciúme necessário para engatilhar o destino final de minha inimiga mais perigosa.

Não perdi tempo, precisava escrever para Vladmir. Peguei papel e caneta, e  logo pus meu plano.

Caro Vladmir,

Obrigado por conseguir fazer Magnus aliar-se a nós. Tenho que admitir que cheguei a duvidar um pouco de sua capacidade persuasiva.

Mas não escrevo apenas para parabeniza-lo. Gostaria de pedir sua ajuda em um outro favor. Somente você pode me ajudar nesta nova fase de meus planos.
Aguardo por seu retorno.

Breu, O Bicho Papão.

Prendi a carta em uma das patas do pomposo falcão de Vladmir, que esperava pacientemente por uma possível resposta ou dispensação. Assim que a carta foi presa firmemente a si, ele alçou voo, retornando para seu dono. Seu dono a treinou muito bem, implacavelmente. Só precisava esperar por uma resposta.

[...]

Caro Breu,

Não devias de ter duvidado de minhas capacidades. Persuasão é meu nome do meio.

Enfim, brincadeiras a parte, eu aceito lhe ajudar, independente do que tenhas tramado. Podes contar comigo e meus vampiros pro que precisar.

Passarei em seu esconderijo ao fim da tarde. Assim, poderás me explicar o que preciso fazer e, logo em seguida, já podemos pô-lo em pratica. Quanto mais cedo agirmos, maiores são as chances de pegar seu inimigo com a guarda baixa.

Até logo meu amigo.

Vladmir Drácula.

Sempre soube que podia contar com Vladmir. Sua honra para com seus companheiros era-me favorável. Possuir sua amizade ingênua era um dos meus maiores trunfos, e me seria útil até que eu abusasse de usa-lo. Pobre Vladmir Drácula, mal ele sabia que os guardiões não são de atacar sem antes verificar os fatos. O seu complexo de inferioridade perante os guardiões o cegava ao ponto de eu poder manipula-lo. Minha vida não seria nada sem uma dose cavalar de maldade.

Caro Vladmir,

Agradeço por sua ajuda e compreensão. Fico honrado por saber que posso sempre contar com você, meu grande amigo.

Até o fim da tarde.

Breu, O Bicho Papão.

Prendi minha resposta ao falcão e, uma última vez, ele alçou voo em retorno de seu mestre. Não esperei por um retorno, não era preciso. Tudo que precisava era de paciência para esperar a chegada de Vladmir.

[...]

—Bem vindo ao meu humilde lar, companheiro. — saldei Vladmir, assim que o mesmo apareceu em minha sala de visitas —Sente-se. — gesticulei para a poltrona a frente da minha.

Vladmir se dirigiu a poltrona e sentou-se sobre seu confortável acento. Entreguei-lhe uma taça cheia com o melhor vinho. A lareira estava acessa e aos poucos a escuridão tomou o ambiente, deixando-o com uma aparência rústica. Em meu tempo de exilo, aproveitei para reformar o buraco em que vivia. Acredito que consegui deixa-lo o mais agradável e apresentável possível.

—Diga-me seu pedido.

—Pretendo sequestrar Angel. — sou direto —Quero fazer com que a discórdia nasça entre ela e seu esposo.

—E por que precisa que eu faça isto?

—Antes da chegada de Angel como guardiã, North, o Papai Noel, era o responsável pela transição dos seres encantados. — cruzei as mãos sobre as pernas —Foi justamente em uma de tais transições que conheci Miranda Blackthide, a rainha das bruxas negras. Com a ajuda dela, fui capaz de lançar uma maldição nos guardiões que se casassem. Seu destino será a morte por minhas próprias mãos. Sempre odiei esse tal de amor. — menti.

Não podia revelar minhas reais intenções com aquela maldição. Era um segredo que cabia somente a mim, meus cúmplices do outro mundo e aos meus inimigos. Pessoas ingênuas do submundo não precisavam da verdade, não quando esta poderia mudar seu posicionamento. Pois, mais que tudo, eles respeitavam a pureza de um ser, e o Anjo da Guarda era puro o suficiente para carregar o título de guardiã da Paz.

—E você amaldiçoou-os apenas por isso? Eu sei que tem mais coisa ai. — Vladmir me encarou com uma sobrancelha erguida, desconfiado.

Eu já imaginava que séria um pouco difícil persuadi-lo com apenas uma parcela da verdade. Vladmir era esperto, não seria tão fácil assim engana-lo. Mas eu conseguiria esse feito, só precisava manter a calma e a compostura.

—Outro motivo claro, é que os guardiões, aqueles que se casam, adquirem força extra e um novo dom. Tais atribuições seriam impertinentes para minha vitória.

—Vejo que estás bem preparado, há mais de trezentos anos. — ele retornou a sua postura relaxa.

Não foi tão difícil assim convence-lo, não quanto eu pensava. Só precisei liberar um pouquinho mais da verdade, sem precisar usar a maior delas. Ele decidiu confiar cegamente em seu "amigo". Ah, se ele soubesse o quão tolo ele era. Tua ingenuidade e confiança eram seus maiores pontos frascos. Seria fácil me livrar dele após meu plano concluído.

—Um pouco de precaução nunca é demais. — peguei minha taça de vinho e beberiquei um pouco do conteúdo —Não posso deixar que nada fuja de meu controle.

—Agora me expliques exatamente onde entro nesta história toda.

—O líder supremo, o pai de todo guardião, Night Moon, criou uma reversão para minha maldição. — girei levemente a taça, observando o vinho obedecer a gravidade —Ele concedeu ao parceiro do amaldiçoado o "dom da escolha", que deixa em suas mãos o poder sobre a vida e a morte de tal. Jack deverá provar que seu amor é capaz de vencer a barreira da morte e, assim, reviver Angel após eu mata-la. — fiz uma cara de nojo —Agora você entende do que preciso?

—Precisamente! — Drácula sorriu de canto —Só preciso provocar o ciúme de Jack Frozt, fazendo-o desistir de salvar o Anjo da Guarda, condenando-a a morte. — vi a excitação brilhar em seus olhos, afinal, ele temia Angel tanto quanto a admirava —Como faremos para captura-la?

—Só precisamos ameaçar a segurança de algum humano. E já sei exatamente qual. — sorri com malícia —Então, o Anjo da Guarda e sua trupe virão correndo. E, enquanto eu distraio os guardiões, você a captura. Este plano é infalível. — tornei a repousar minha taça sobre a mesa de centro.

—Bom, então o que estamos esperando para pô-lo em pratica?! — Vladmir depositou sua taça vazia na mesa de centro e se levantou —Por sorte trouxe alguns dos meus melhores capangas. Eles lhe serão de grande ajuda na distração.

—Não sou o único que anda precavido, pelo visto. — bati palmas, levantando-me da poltrona —Então podemos partir de imediato para a casa do humano conhecido como Janny, o favorito dos guardiões.

Batalha de Dois Mundos - Livro II (Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora