Capítulo 7 - Para Sempre

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MARCUS ERAGAN AMELL

O vento balançava os galhos secos das arvores, o que era completamente normal para a época do ano. Estava frio e o sol não aparecia ultimamente. Eu observava da janela do quarto dele o jardim mórbido, haviam sido dias difíceis.

O silêncio constante na casa dos Amell me incomodava, havia uma parte de mim que almejava que tudo aquilo não passasse de um pesadelo, mas a outra dizia que não havia nada a ser feito e ele concordara com o seu destino sem ao menos duvidar de si mesmo, era aquilo que ele realmente desejava.

Eu culpara nossa mãe por tudo, ela causara aquilo, mas mesmo eu tendo esse ponto de vista ela é minha mãe e Lucas apesar de tudo não gostaria de ver aquilo. Vi Magie Amell protestar contra meus ataques e direcionar a culpa para Lucy. E eu jamais poderia odiar a pessoa que meu irmão mais amou em vida.

Rayn Gutierrez foi preso e acusado de assassinato, seu julgamento ocorrera em alguns dias. Papai contratou o melhor advogado do país para se certificar que o jovem garoto de dezoito anos passe seus dias em uma cela de prisão.

Eu estava indiferente.

Talvez por ainda esta em choque ou por me sentir de certa forma bem com tudo aquilo. Lucas dissera uma vez que se houvesse uma forma de dar a sua vida por ela ele a daria.

Após o acidente ele foi levado para o melhor hospital da região e foi transferido algumas vezes, ele teve os melhores médicos, mas... O trauma craniano foi grave o que resultou em morte encefálica, mas os órgãos internos estavam funcionais e saudáveis.

Mesmo contra seus desejos, Magie não impediu que eu os doasse. O órgão mais valioso a meu ver já tinha um destino certo e isso me deixava satisfeito porque eu cumpriria o desejo do meu amado irmão e ele sempre viveria com ela.

– Marcus?!

A voz de Alice tocou os meus ouvidos quebrando o silencio e o vazio que ele trazia.

– O que esta fazendo?

– Bem... É uma forma de poder senti-lo.

– Alguém já havia entrado aqui? – ela me abraçou.

– Não. Entrar aqui os machuca.

– E a você?

– Lucas era calmo, feliz. Ficar aqui dentro me ajuda a entender o motivo pelo qual ele foi embora. E posso afirmar que ele morreu feliz.

– Porque você diz isso?

– No rosto dele havia um leve sorriso de satisfação, ele sabia de que alguma forma iria salvá-la.

– E ela, como esta?

– A cirurgia foi um sucesso, na ultima vez em que falei com John ele disse que ela estava bem, mas ainda não tinha contado por que Lucas não tem ido vê-la.

– Compreendo.

O silencio tomou conta do ambiente enquanto uma brisa fria entrava pela janela do quarto.

– Quero que me ajude com uma coisa.

– Claro, mas o que seria?

– Quero escrever um livro. – ri levemente.

– E então como esta? – Alice me indagara.

Fazia frio na Carolina do Norte e meu filho que nascera há quatro meses, Lucas, dormia no berço ao meu lado no meu escritório.

– Dormindo como um anjinho.

– Eu não estava falando de Lucas amor. – ela riu brevemente.

– Acabei o ultimo capitulo. – disse satisfeito.

– Já escolheu um titulo?

Olhei para ela e com o mouse fui ate o final da pagina do meu editor de texto e comecei a ler.

– "E a ultima folha, da ultima arvore, no ultimo dia do outono se desprendeu, caindo suavemente. Ele sempre estará comigo, mas foi levado como folhas ao vento e por ele seguirei mesmo que a dor de sua perda me acompanhe ate o dia em que eu o encontre novamente". Folhas ao vento, eu gosto desse titulo. – disse por fim, abraçando Alice forte enquanto o pequeno Lucas dormia tranquilamente ao nosso lado.

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