Capítulo 11 - Dor

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Eu podia sentir o sol em meu rosto, o bip da aparelhagem que monitorava meu coração não fazia mais ruído algum. Eu ouvia o folhear de paginas e um suspiro tenso, como se esperasse por alguma coisa.

Eu não estava cansada e não foi nenhum esforço abrir os meus olhos que se chocaram com a luz do sol.

– Ai – reclamei de imediato em um sussurro.

– Desculpe. – a voz familiar era de Math que estava próximo às janelas e fechava as cortinas. Ele se aproximou de mim com um largo sorriso – Graças a Deus você acordou.

Ri brevemente.

– Como esta se sentido?

– Um pouco exausta eu acho e meu pai?

– Ele chegara em algumas horas ele foi visitar... – ele pensou e mudou de assunto – Logo ele estará de volta. Você nos deixou muito preocupados.

– Eu sempre faço isso, não é?

Ele fechou a cara.

– Não seja tão dura consigo mesma, além do mais o que importa é que este coração é forte e você ficara bem.

– E Lucas? Onde ele esta? Quero vê-lo. Ele deve estar muito feliz não é?

Math se distanciou da cama e se virou para umas das janelas laterais que dava vista para o jardim.

– Muito. – ele disse como se sentisse muito por algo.

– O que houve Math?

Ele se virou assustado.

– Não foi nada. Ele esta bem... Ele estava aqui ate ontem, mas teve que viajar para trazer Alice à mulher do irmão dele já que ele não pode ir.

– Não vejo a hora de vê-lo novamente, ainda mais agora. – ri largamente enquanto Math ficava desconfortável.

Não posso descrever a felicidade de Jhon – meu pai – ao me ver acordada, foi difícil fazê-lo parar de me beijar e me esmagar com seus grandes braços enquanto Math ria da situação.

A melhor noticia do dia foi saber que eu poderia voltar para casa e que em breve eu estaria com Lucas ao meu lado.

Jhon cuidava da papelada para que eu pudesse finalmente voltar ao meu quarto, Math me ajudava com as malas.

Por alguma razão ele ficou todo o tempo calado, pensativo em alguma coisa, como se protela-se falar alguma coisa, mas não comentei nada.

As semanas se passaram e não houve noticias de Lucas. Meu pai dizia que ele sabia que eu estava em casa e bem e que não havia motivo para eu me preocupar, mas ele nunca havia feito isso, me deixar sozinha por tanto tempo.

Por que ele simplesmente não me ligava? Havia algo que eles não estavam me contando? Ele estaria com outra? Ele havia desistido de mim? Duvidas. Elas começavam a impregnar a minha mente então decidi ir ate a casa dos Amell para ter alguma explicação.

A casa doa Amell ficava perto da rodovia principal e se podia ver as altas paredes que se estendiam pelo terreno e pelo meu campo de visão.

Na frente e nas laterais da casa e talvez ate mesmo no fundo haviam jardins com rosas vermelhas, brancas e rosas cor-de-rosa. Jasmins ornamentavam a entrada principal. O enorme portão de ferro não estava fechado e muito menos trancado, então decidi entrar. Segui pela trilha ate a entrada principal da casa, subi os degraus que davam acesso à varanda que tinha jarros de samambaias penduradas em sua extensão com cada uma a um metro da outra. Um velho balanço de madeira que não era pintado ao que parecia há um século.

Olhei para a porta de madeira e toquei a campainha.

– Já estou indo – era a voz do irmão mais velho de Lucas, Marcus, o que significava que ele estava em casa.

Segundos depois ele abriu a porta e ficou inerte olhando para mim.

– Oi Marcus – eu disse em meio a um sorriso – O Lucas esta aí?

– Lucy?! – ele falou tentando se recuperar. – Eu sinto muito, mas ele...

– Quem esta aí Marcus?

– Um amigo meu mãe, não se preocupe.

– Me preocupar com o que? – ela dizia ao lado dele olhando para a pessoa que estava na porta. – O que diabos você veio fazer aqui?

– Vim saber como Lucas... – nesse momento Marcus parecia fazer sinais com o rosto tentando me avisar sobre alguma coisa da qual eu não fazia a menor idéia – esta. Ele esta em casa?

Os olhos da Sra. Amell se inflamaram em um ódio e ela berrou:

– Como ele esta? Como você ousa me fazer tal pergunta garota. Por sua causa ele esta MORTO. Você o matou. Como acha que esta viva?

– Mãe! – gritou Marcus enquanto ela se virava e entrava no interior da mansão da família.

Por alguma razão eu estava ficando tonta e a ponto de desmaiar, Marcus fechou a porta e se postou ao meu lado na varanda me fazendo sentar no velho banco.

– Eu sinto muito por isso. Seu pai não lhe disse ainda por não queria que você sofresse.

– É verdade? – eu o olhei com urgência, meu estomago estava embrulhado e minha cabeça parecia girar. – Eu o matei? E porque sua mãe disse que...

Meu mundo parou de girar.

Agarrei o meu peito e entendi o que ela havia dito.

Marcus suspirou e me abraçou.

– Lucas morreu atropelado quando estava indo te ver – eu estava chorando – eu sinto muito, mesmo, sei o quanto ele era importante para você, mas ele me disse uma vez que faria qualquer coisa para manter você viva ate mesmo dar a vida dele se fosse preciso.

Eu estava chorando.

Minha face estava perdida em meio as minhas mãos.

– Eu o matei! – gritei. – Eu matei ele... Era eu que deveria ter morrido não ele... Não ele... Não ele...

Marcus me abraçava forte.

– Não pense assim, foi algo que aconteceu ninguém saberia que aconteceria. E o coração dele esta com quem por direito deve estar. Você.

Levantei-me, não importava pra mim nada daquilo.

Ele estava morto.

MORTO.

Sai correndo pela trilha ate o portão principal e corri como nunca havia feito antes para a minha casa.

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