Capítulo 13 - Sonhos

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Não havia nada no meu campo de visão, a escuridão dominava o ambiente. Eu não sabia onde estava nem quando eu havia chegado. Tateie o ambiente, mas não havia nada, nenhum sinal de vida ou de coisa alguma que me pudesse dizer onde estava. Foi então que eles pareceram. Sussurros. Invadiram o vazio do nada e preencheram os meus ouvidos.

"Enforque-se! Não há motivo para continuar."

"Tenha fé, tudo ira se resolver."

"Mate-o. Ele era seu amigo e o traio com sua própria esposa, na sua cama."

"Acalme-se. Eu estou aqui."

"Atire!"

"Pare!"

Então todas as vozes começaram a falar ao mesmo tempo, algumas baixas e outras mais altas, distintas e confusas, todas se aglomeram em um emaranhado de sussurros ao mesmo tempo. Então eu gritei. Houve um silencio momentâneo.

"Você ouviu?"

O sussurro parecia um eco interminável e quando se esvaiu outros apareceram.

"Eu ouvi!"

"Quem será?"

"É um anjo?"

"É um demônio?"

"Podemos senti-la?"

"Onde ela esta?"

"O que ela é?"

"Ela nos ouve?"

– Calem-se! – gritei.

"É ela!"

"É ela?"

"Vamos buscá-la?"

"Vamos."

"Matá-la?"

"Protegê-la?"

E novamente as vozes falavam ao mesmo tempo se aglomerando com o tempo se tornando um zunido e guincho alto de clamor e terror que formava um eco em meus ouvidos. Tampei meus ouvidos, as vozes estavam cada vez mais altas e perto de ate que se tornou u silêncio e desorientada pela escuridão e pela dor em minha cabeça balancei de um lado para o outro, procurando me sustentar em alguma parede – o que não encontrei – e desabei no chão úmido e gélido do nada.

Acordei assustada, meu corpo estava suado e olhei para o relógio que marcava meia noite, meu coração batia acelerado, meu corpo pesou e cai na cama novamente. Olhei para o teto e cansados meus olhos se fecharam novamente.


Fazia quanto tempo desde que eu pisara no Elite? Uma eternidade ou uma vida? Era fevereiro e eu estava estudando para os meus testes para poder freqüentar na semana seguinte as aulas do meu ultimo ano no Elite. Bruna fazia questão de me acompanhar em todos os meus estudos nem sempre me ajudando já que parava para comentar a aparência de algum garoto bonitinho o que me deixava desconfortável naquele momento.

Os últimos meses não foram os mais especiais da minha vida. Por alguma razão eu pressentia que algo ainda estava errado, fora do lugar, como se não houvesse acontecido tudo o que deveria ter acontecido. E os sonhos com os sussurros se tornaram diários e me faziam acordar durante a noite aos berros. Meus olhos estavam inchados e arroxeados pela noite mal dormida e o conteúdo dos exames finais do Sr. Vaner me deixava sonolenta. Era uma das poucas matérias que eu não perdera muita coisa.

A biblioteca não estava cheia, mas não estava vazia alguns alunos novos estavam lendo e talvez alguns transferidos. Eu não em importava muito com o que acontecia ou com o que deixava de acontecer na escola. Os dias se arrastaram e os exames finais chegaram. Realizei todas e as notas foram excepcionais. Todos os professores estavam me parabenizando, inclusive Jhon tentou dizer que estava muito feliz com as minhas notas, mas não o dei muita atenção e fui para o meu quarto.

As aulas voltariam em dois dias e eu não estava com animo para voltar para lá. Não sem ele. O final de semana passou com uma lentidão tortuosa e sem vida. Não fiz nada além de ficar no meu quarto em meu antro de lembranças tristes e pesadelos.

O céu estava cinza e uma garoa fria começava a cair no chão. Uma brisa gélida penetrava no quarto, mas por alguma razão eu não estava com frio. Fitei o céu e relembrei o dia em que ele me beijou pela primeira vez.

Eu tinha saído do hospital e ele havia viajado e passou primeiro aqui antes de ir para casa. Lembro-me desse dia como se houvesse acontecido ontem.

Corri imediatamente até Lucas, o abracei forte enquanto Jhon nos olhava com um sorriso no rosto.

– Também senti sua falta – ele me abraçou e riu – Trouxe um presente pra você.

– É – dei um lago sorriso e o puxei até o meu quarto, enquanto Lucas olhava envergonhado para Jhon.

Ao entrar no quarto fechei a porta e o olhei, os olhos dele brilhavam e os meus olhos brilhavam como os dele.

Ele tirou do bolso um relicário em forma de coração de prata, ele se aproximou e me entregou em uma caixa revestida exteriormente e internamente por veludo.

– Espero que goste.

Eu o peguei com um sorriso no rosto, o abracei então os meus olhos se focaram, nos dele e aos poucos nossos rostos se aproximaram, meus olhos se fecharam e senti meus lábios tocarem os dele.

Meu rosto esboçou um leve sorriso enquanto eu me aninhava na cama, então eu fechei os meus olhos e adormeci direcionando meus sonhos ao encontro de Lucas onde quer que ele esteja.


Eu estava em um campo cheio de margaridas brancas. O sol brilhava no alto. O lugar me dava uma sensação de liberdade fora do comum. Estendi meus braços e senti que eu podia voar. Olhei para uma enorme macieira que estava no centro do enorme campo rodeado por varias arvores frutífera. Sentei-me debaixo da sombra da enorme arvore e olhei para a imensidão verde que se estendia ate o um enorme rio que reluzia com a luz do sol e brilhava como se em seu fundo tivesse varias pedras preciosas.

Eu estava em um vestido negro, meus cabelos estavam longos e soltos e dançavam no ar quente que via do lado leste. Então uma luz que ofuscava meus olhos se aproximou de mim, vinda do céu e esta tinha uma silhueta humana.

– Eu sabia que a encontraria aqui. – a voz era familiar, grave, mas doce, urgente e acolhedora.

– Você me conhece muito bem. – ri brevemente, mas não o olhei diretamente.

– Sei que conheço. Mas vim aqui para falar que não acho correto que magoe os outros com suas birras.

– Birras? – disse ultrajada.

– Sim. Não faça essa cara de ultraje. Só pense que não deve culpar os outros por querer protegê-la. Amar faz com que façamos certos sacrifícios ou com que escondemos certas coisas.

– Ninguém tem o direito de decidir pelos outros.

– Compreenda, por favor. Por quem você mais ama. Só pense: O que você faria se você.

Suspirei e olhei para o céu azul.

– Tudo bem.

– Obrigado.

E o sonho se desfez da mesma forma que apareceu de repente, me fazendo acordar no meio da noite. Onde eu estava? E com quem eu estava falando? Eu deveria perdoar os erros que Math e meu pai haviam cometido? Ele disse: Compreenda, por favor. Por quem você mais ama. Só pense: O que você faria se você. O que eu faria? Deitei novamente enquanto a pergunta inundava a minha mente e eu repassava o sonho em minha mente.

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