EPISÓDIO 6 (Parte Final)

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Assim que guardamos o carro na garagem, Adrian me convida para ficarmos algum tempo no jardim antes de entramos na mansão. A noite está realmente linda, a brisa de tão suave me faz soltar a respiração devagar e o céu repleto de estrelas dá um show à parte. Depois de caminharmos algum tempo em silêncio acabamos sentando um ao lado do outro na grama.

- Eu soube da sua briga com a Marcela. – quebro o silêncio. – Sinto muito. Não era a minha intenção causar conflito na relação de vocês.

Adrian está sério. Ele cruza as mãos por trás da cabeça e se deita fitando o céu.

- Sempre achei ter consciência dos defeitos da minha irmã. – Adrian se abre, mas sem me olhar. – A Marcela é mimada, inconsequente, teimosa e às vezes egoísta. – ele suspira. – Mas mau-caráter? – um pequeno vinco se forma em sua testa. – O que ela fez foi baixo... maldoso, repugnante!

Ele está triste e decepcionado. Sinto um apertozinho do peito.

- Está manhã quando a confrontei ela não negou nada. – Adrian continua e me deito ao seu lado descansando as mãos sobre a barriga. – Marcela não consegue enxergar que errou, pelo contrario, acha que pode ser feliz em uma relação que começou de forma errada. Ela está grávida, é adulta e me sinto de mãos atadas. – suspira. – Se pelo menos os nossos pais estivessem aqui... eles poderiam me dizer o que fazer.

- Adrian esse peso não é seu. – encaro-o. – A Marcela não é nenhuma criança.

- Mas eu me sinto responsável. – ele me olha com olhos suplicantes. – Ela é minha irmã e apesar das burradas eu a amo. Não consigo me manter indiferente tendo certeza de que ela está cavando a própria infelicidade. Acho que não serei capaz de ficar aqui para ver isso.

- Então você vai embora? – minha voz sai fraca.

- Eu não sei. – ele passa a mão pelo rosto. – O que você faria se estivesse no meu lugar?

Ele me convida a analisar a situação por outro ângulo. Penso um pouco antes de responder, é difícil chegar a alguma conclusão, não tenho irmãos. Como me posicionar? É então que penso no Billy, ele é o mais perto que cheguei de uma relação fraterna.

Se Billy cometesse uma burrada e me decepcionasse, eu não seria capaz de virar as costas. Isso doeria demais e me rasgaria por dentro. Manteria-me presente e a postos para o momento em que ele precisasse de mim e quando a ocasião chegasse estenderia a mão.

- Eu ficaria. Ela é sua família. – digo por fim. – Vó Ana me ensinou que não podemos abandonar a nossa família em nenhum momento. Acho que seus pais iriam esperar isso de você.

- Já te disseram que você é muito especial? – ele pergunta com a voz baixa. – Depois de tudo o que Marcela fez você ainda consegue ser imparcial.

- Eu só fiz o que me pediu. Me coloquei em seu lugar.

Adrian se apoia em um dos cotovelos e levanta um pouco o corpo ficando acima de mim. Os olhos azuis recaem sobre os meus e me esqueço de respirar. Ele está perto. Seu perfume me dopa completamente.

- Não seja modesta. Você é especial. – seu polegar acaricia minha bochecha. – Muito na verdade.

- Você... também. – estou nervosa, suando frio.

Ele avança mais um pouco, o rosto fica mais perto do meu.

- Mais cedo você disse que minhas duvidas teriam sido facilmente tiradas se eu tivesse te procurado.

- Sim.

- Então... eu ainda tenho uma dúvida. – diz baixinho.

- Pergunte. – digo curiosa.

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