"Ele se aproxima cada vez mais , sua respiração já está próxima a dela. O homem elegante a olha nos olhos, e leva seus lábios levemente aos dela. Depois, respira fundo e sussurra ao seu ouvido - Te amo Caroline!- A garota sorri e volta a beijá-lo."
Leio uma página aleatória, escolhida ao folhear um livro de capa azul que encontro em meio a tantos outros. Analiso cautelosamente a estrofe, e imagino o porquê de um desconhecido mandar tantos livros de um só gênero, o qual não faz parte da minha rotina literária.
- Chegaremos em 20 minutos.
- O que? O que disse?- pergunto atordoada olhando atentamente a expressão inquieta na qual meu amigo está.
- Vamos até a casa da Alice, anda! - ele pousa sua mão veloz sobre a mesa e pega a chave do seu Rolls Royce Ghost.
A janela do carro está parcialmente aberta, sinto meu cabelo voar com a força do vento. O ar está gélido e faz meu corpo estremecer. Lanço um rápido olhar para o painel do carro, e surpreendo-me quando o velocímetro do mesmo chega ao máximo. Apesar da surpresa, contínuo a agir indiferente. Poderia pedir para parar o carro, ou o mais provável, diminuir a velocidade, mas não, eu contínuo imóvel olhando para as árvores em cortes simétricos, sentindo o vento no meu colo nu.
- Estamos quase chegando.
- Nessa velocidade... impossível não chegarmos rápido - dou um sorriso amarelo e volto a observar o paisagismo perfeito.
O sol surge no pico das montanhas logo a frente, em contraste com um céu azul. Fecho meus olhos negros por um instante, sinto a sombra das árvores sobre minhas pálpebras fechadas, meu corpo está levemente aquecido, os raios solares o esquentou rápido; nem percebi as flechas de luz quando passaram a penetrar minha pele sem proteção.
Já estamos próximos do nosso destino, ao leste do meu apartamento. Assim como eu, Alice mora sozinha, desde que morou em New York para terminar o último ano da faculdade de arquitetura, ela se julgar incapaz de voltar a morar com os pais.
O caminho fica mais estreito, tendo em suas margens árvores cobrindo o céu, antes azul, agora escuro pelas copas das palmeiras formando um arco de galhos repletos de folhas ásperas.
- Eu disse que iria chegar rápido! - ele exclama para a moça da face cansada, quando a mesma abri a porta.
- Alguém trouxe cerveja? - ela o abraça, e apoia sua cabeça no ombro largo de Miguel.
Todos rimos, gargalhadas as quais permaneceram segundos ao eco da casa, pois era inevitável rir por muito tempo, afinal, havia acontecido um acidente-sexual que poderia mudar o rumo, não somente da vida de Alice - que agora, com um lenço em mão, o passa a todo instante sob as lágrimas que caem contornando as maçãs do rosto -, mas como também dá minha vida fu-di-dazinha, afinal ela é a única amiga para quem guardo todos meus medos e dúvidas, segredos e sonhos, incertezas e convicções.
— Eu estou grávida! Grávida! Grávida! — Ela berra e cai ao chão debruçando-se sobre o porcelanato frio.
— Deixa de drama Alice! Você já fez o teste de farmácia?
Ela levanta sua cabeça do chão e olha para frente, aparentemente pensando em algo. Miguel pigarrei, atraindo-a para sua pergunta.
— Não... Então eu posso não estar grávida, por que eu não fiz o teste, certo? — seu semblante muda, vejo esperança em seus olhos inchados.
Lei número 4: filho se, e somente se, houve preparação! Não torne uma noite consequência para uma vida toda.
2 dias depois
Estou afundada em mim mesma, em uma areia movediça humana — Preciso-de-um-guincho — sinto meus desejos ficarem para trás cada vez mais em uma estação sem metrô, presos em cabines vazias e fechadas, sem se quer um passageiro, exceto, uma mulher, e essa sou eu, Alex. Preciso resolver isso, esses compromissos-acúmulos.
Estou a olhar o teto do meu quarto, está como sempre: o simbolo da relíquias da morte ao canto direito; uma mancha de tinta vermelha...tudo está como deixei logo que vim morar neste apartamento, igual, até então, imutável. Me reviro na cama de um lado para o outro tentando achar uma posição confortável, meu pescoço doí, pois passei muito tempo com a cabeça imóvel, fixa no teto branco. Em movimento compulsivo giro meu corpo em sentido horário e bato minha cabeça no criado mudo que mamãe mudou dias antes, de uns dias pra cá ela vem mudando tudo de lugar, adaptando-se ao seu jeitinho.
— Aiii — grito alto, ao ponto de Trevon, que estava próximo a mim, se acolher se de baixo do edredom e soltar latidos nervosos.
Gemo de dor e, instantaneamente, ao passar a mão percebo um galo em minha testa. Mantenho minha cabeça baixa, a pressionando contra o colchão para evitar gritos que possam assustar meu cão. Levanto rápido da cama e inesperadamente sinto-me tonta, o quarto agora gira em um círculo perfeito, não resisto a tontura indesejada e caio ao chão.
— Era só o que me bastava. Inferno! — resmungo, sentindo meu rosto colar em um papel. Impaciente, puxo irada o papel que insiste em grudar ainda mais em meu rosto suado. Por fim consigo descolar este incômodo papel e, ainda tonta, tento ler o que está escrito.
" Mudanças de planos. Aliás, de endereço! Te vejo as 19:00, na Joaquim Barbosa no apartamento 235. Ah, espero que goste dos livros, achei sua cara!"
Meus puxadinhos se abrem mais que o habitual, e meu coração acelera rápido em um corpo dolorido.
— Não acredito que era hoje. Droga!
Olá meu amoras, deixe seu voto e opinião, isso me ajudará bastante e, claro, me incentivará a escrever os próximos capítulos. Xero!
Plágio é crime!
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O amor não é amora
RomanceO amor pode ser mágico para milhares de pessoas, mas não para Alex, que aos 27 anos vive um drama com o término do namoro com Jonathan, levando ela a se afogar ainda mais na sua crença: Amor não existe! HISTÓRIA REGISTRADA!