Quarto Escuro

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As horas passaram rápido, já são 06:15 da manhã. A cinco horas atrás acabara de finalizar o folder para a apresentação de hoje. Já estou acordada e de corpo leve; limpo. Visto uma peça pega aleatória da pilha que amontoa a parte interior do closet: calça jeans rasgada com a barra dobrada para cima e uma camiseta azul. Antes de sair do quarto passo um batom rosa matte.

- Apesar das olheiras, até que estou bonitinha - falo analisando-me  no grande espelho.

40 minutos depois

- Perfeito! - exclama Marcos assustando uma das acionistas ao seu lado. - Valeu a demora, mas se atrasar outra vez está despedida! - ele lança um olhar sarcástico e o retribui com um sorriso nervoso.

- Parabéns, Alex! Ficou muito bom a sua proposta de coleção - Ana fala ao se aproximar de mim centímetros do elevador.

- Obrigada!- A agradeço e sorriu logo em seguida.

- Fiquei sabendo...- ela olha para mim dos pés a cabeça- que o Jonathan...

Dim!

O elevador chega a interrompendo - Obrigada Deus!- entro no elevador antes mesmo que Ana falasse mais alguma coisa relacionada ao meu passado-frustado-com-jonathan.

Ana aparenta ter 56 anos de idade, mas a mesma sempre diz ter 31, mau sabe ela das piadinhas que fazem em grupo quando ela não estar.

Ultimamente Ana vem me perseguindo nos corredores largos do Ya Evolution, certamente, para saber a fundo o que ocorreu no término do meu ex-amora. Nunca formos amigas, pois ela é do tipo não-guardo-segredros-tá, não somente, como  sempre aumenta o que foi dito. Por um  triz vi minha vida em todas as bocas do departamento, e como se não bastasse, de forma errônea.

O sol está quente, vou o mais rápido possível ao meu fusca á 50 metros de distância no estacionamento aglomerados de carros luxuosos, e o meu fusca, obviamente. Olho para trás e miro no edifício moderno com janelas em fita, e logo lembro o que Alice sempre diz: "Le Corbisier, cara! Le Corbusier! Você deveria me trazer aqui mais vezes" - já dentro do veículo, respiro de forma acelerada, na tentativa de recuperar  meu fôlego gastos em passos frenéticos.

- Pib Pib - o smartphone vibra intensamente dentro da bolsa.

Desconhecido

12:01

"Hum... É... Por que você não apareceu? Não, calma, me desculpa! Estou bebendo a décima primeira taça de vinho tinto,  e deve está fazendo efeito... Primeiramente, queria te dizer que a comida estava uma delícia e o vinho era da safra de 1972, pena que não veio, por que não veio mesmo? Tive que dividir a mesa com a camareira quando a mesma veio arrumar o quarto ' não moça, senta aqui! Vamos , é um jantarzinho' a convenci assim... Na verdade foi com alguns reais, mas valeu a pena, quer dizer.... Seria melhor com você, mas... Ah, ainda estou aqui, se quiser aparecer ainda .... Não estou tão embriagado."

Beohp

12:03

Beijos

Não consigo parar de pensar na proposta que acabara de ler, a
qual instiga cada vez mais minha curiosidade incontrolável. Abro o porta luvas assim que termino de ler a ultima mensagem, certamente corrigindo a última palavra escrita. Começo a procurar um pequeno papel que havia colocado aqui antes de vim para o trabalho, algo me dizia que iria precisa-lo. Derrubo todos os outros itens que ali é existente: chocolate de três semanas atrás, um folheto de viagens, um cigarro, jornal fora de data - Um cigarro? Mas eu não fumo! Ou fumo?

- Acheiii- dou um grito agudo e sorrio maliciosamente. - Joaquim Barbosa no apartamento 235, é... Aí vou eu- ligo o rádio e sigo para o norte ao som de "Se" do Djavan.

Em menos de trinta minutos chego ao misterioso apartamento, que por sinal era mais próximo do que eu poderia imaginar. Estou ansiosa, com medo, há uma explosão de sentimentos em meu corpo. Borboletas pairam em meu estômago; sobrevoam velozmente. Estou instável em relação ao chão, me balanço mais que as folhas sobre o chão de concreto. A essa altura o papel-gps sobrevoa junto ao vento invisível, pois a mão que o segurava não conseguiu prendê-la  por muito tempo;  está buliçosa! Sem a carta em mãos permaneço apenas com a mais profunda coragem que habita em mim, a qual nesse momento transborda  insegurança.

Caminho até a recepção  luxuosa do edifício fortalezense.

- Oi, bom dia! É... - paro quando percebi que a moça de cabelo chanel da recepção me entrega uma chave, antes mesmo que pudesse concluir a frase.

- Você deve ser Alex, certo? - faço sim com a cabeça - Já estava a sua espera! Bom, essa é a chave do quarto. Tenha um bom dia! Qualquer problema basta ligar para um desses números - ela me entrega um cartão com alguns anúncios e números de serviços do lugar, e com um movimento sutil dos braços me indica o caminho.

- Mas que merda eu estou fazendo?! - bufo

- O que disse? - pergunta a recepcionista forçando um sorriso

- Eu disse que... Hum... Que cor é essa em suas unhas? Eu amo essa cor! sempre uso em meu... É... Ah, você sabe,nas minhas...

- Moça, você está bem?

- Sim, claro! Acho melhor eu ir- pego a chave em cima do balcão de mármore e sigo ao elevador visivelmente constrangida com o que acabara de acontecer.

Bem, aqui estou, de frente para uma porta rústica de tons escuros. Toco no lado direito do meu peito enquanto  hesito tocar a campainha. O que será que me aguarda por trás dessa porta? Um serial killer? Um tarado?Ou na melhor das hipóteses, Reynaldo Gianecchini? Na dúvida, melhor ter a certeza, aliás já estou aqui, e há dois motivos que me impulsiona a insistir nessa louca:

1 Minha curiosidade me sufoca

2 Depois do que passei nada me surpreende

Aperto a campainha de uma vez, antes  mesmo que ocorresse uma sensação chamada o-que-eu-estou-fazendo-aqui,  segundos após a porta abre em uma espécie de sistema automático, meus olhos analisam todo ambiente, agora escuro, resultando numa análise em vão. Me assusto quando uma voz ecoa no  interior do apartamento.

— Alex, é você? Entre! Mas cuidado para não se machucar esbarrando nos móveis — Sua voz é rouca e, indubitavelmente  inexistente no meu hipocampo.

Lei número 5:  A curiosidade pode nos levar a lugares e situações divergentes ou inusitadas. Benéficas ou maléficas. Prazerosas ou insatisfatórias. Mas será que o inocente indagar valerá a pena?

Olá meus amoras, deixe seu voto e opinião, isso me ajudará bastante e, claro, me incentivará a escrever os próximos capítulos. Xero

Este capítulo ainda passará por revisões ortográficas.

O amor não é amoraOnde histórias criam vida. Descubra agora