Um amor de quatro patas

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Duas horas depois

A casa está silenciosa, não escuto nenhum "Smash" de línguas se enrolando, o que significa que mamãe não está se agarrando com Richard por os cantos. Dona Isabel, faz o possível para manter a linha faço-mas-não-faço, se é que me entende. No máximo ela dá uns beijinhos de esquimó quando estou por perto - que coisa mais bizarra! - Porém, sempre a vejo nos seus amassos - veja bem, amassos e não live sex- mais intensos com seu namorado. A mesma fica tão empolgada que mal vê quando passo para lá e para cá no apartamento. É estranho, mas depois dos quinze entendi que minha mãe estava pronta para engatar em novos relacionamentos, desde então parei de boicotar seus romances, nessa época não suportava nem vê-lá conversando com o carteiro, quem dera um namoradinho-padasto- como eu era tolinha.

Já no banho, passo meus pés sobre o outro e, vez ou outra, passara na superfície inferior da banheira, onde bolinhas fazerem massagem em meus pés cansados. A água esta quente, o suficiente para minha pele não sofrer queimaduras. Diferentemente do habitual, água fria, a qual tomo banho - já disse que moro no Ceará? - meu corpo se deleita em água quente com sais e pétalas de flores, ambas conservadas em potes de vidro colorido, perto da banheira. O vapor, nesse momento, estara contido em três metros quadrados, fazendo meu rosto suar - estou em uma espécie de sauna? Talvez eu emagreça? Minhas nádegas agradece?- já não é possível visualizar a dimensão do espaço íntimo; o box de vidro está completamente embaçado, assim como as janelas e os suportes de vidro. Apoio minha cabeça na quina na piscina-de-banhero e relaxo ouvindo, através do home theater, sons da natureza, dado play antes mesmo de entrar em estado de relaxamento profundo.

Revigorada, caminho até a closet e visto uma roupa larga. Sinto falta de algo, e logo lembro que nessa noite ainda não tinha visto minha bola de pêlos.

- Trevon? Cadê você? Trevoo? - prolongo cada palavra dita.

O cão sai de baixo da cama e pula em meu braços com facilidade, já que fiquei abaixada para trevon se jogar contra mim. Tê-ló em meu colo, me faz recordar a noite que o conheci, aliás, quando o achei.

Oito anos atrás

Era madrugada, tinha acabado de discutir com Jonathan por um motivo bobo- discussão por besteir? um dos sinais de que ele não-esta-tão-afim-de-você- ele foi embora, me deixando naquele lugar estranho, próximo a boate onde estávamos. Chorava sem cessar, choro qual, era intercalado por soluços abafados. Não sabia onde tinha deixado o carro e fui caminhando, na esperança de um taxi cair por terra e cobrar metade do preço, minha bolsa ficou no carro; estava zerada - Nunca saia com um homem sem um real consigo ou, como no meu caso, a bolsa, pois ele pode esta seguindo as dez-maneiras-para-dá-um-fora - vou chutando os objetos sólidos que vejo pela frente - latinhas, bolas de papéis... - quando algo tira minha concentração: a pequena caixa de papelão abaixo da árvore que vinha passando, balançava, mesmo que levemente. A abri com cuidado e lá estava um bulldogue , que julgara no memento, ter apenas três semanas de nascido. O pequeno cão, mais tarde, tornaria o xodó da minha vida. Trevon fora abandonado por não ter a visão do olho direito , uma má formação biológica. A recíprocidade, entre ambos, fora mútua, eu o amo e ele me ama.

Lei número 10: Cães são anjos com fucinhos. Os únicos que nos ama incodionamente. Os únicos que percebe nossas angústias camufladas. Os únicos que nos faz parecer idiota, porém não dando a mínima, quando corremos atrás deles em uma rua movimentada. Os únicos que nos proporciona amizades e amores por acaso, apenas pelo simples fato de ama-lós. Os únicos que estão sempre ali, a disposição, para mais uma brincadeira boba. Os únicos que vivem até seus últimos segundos com a missão de nos fazer felizes.

Encho seu comedouro de ração, e logo, Trevon come desesperadamente, como se não tivesse comido a meia hora antes. Guloso.

Com os pés menos dolorido vou até a sala de visitas, onde deixei o presente que, segundo Fábio, o suposto modelo me apresentou.

- Bonita caixinha, mas como abro essa coisa? Tem um cadeado! - resmungo assim que o tenho nas mãos.

Um cadeado aproximadamente de um centímetro lacra a charmosa caixinha que Fábio me entregou. Até aqui tudo bem, mas cade a chave?

22:12

"Como abro essa coisa? Aguardo resposta o quanto antes."

Envio o torpedo para o único número não salvo da minha agenda telefônica. Depois, vou até a cozinha em buscar de algo que possa quebrar ou abrir, na melhor da hipótese, o cadeado. Mas antes, vasculho a dispensa, entretanto, não acho nada além de papeis velhos e fantasias - de uns carnavais aí - o objeto mais cortante achado fora uma espada de plástico. Agora na cozinha, puxo as gavetas do armário e de lá retiro uma faca.

- This is Sparta! - com a faca em mãos faço movimentos de contra-ataque no ar, imaginando-me no campo de gurrra do filme "trezentos".

Antes de cometer um homicídio a caixinha simpática, checo mais uma vez minhas mensagens. Opa! Ele respondeu.

Desconhecido

22:15

" Você falou comigo! Isso quer dizer que não está mais com raiva de mim? Certo? Jaja bebo umas para comemorar. Ah, lembra da primeira carta? Nela havia uma chave, esta que abre esse cadeadinho aí. Ou você ... Não achou que eu iria entregar a chave do meu apartamento para você, achou? Hum... Antes que me responda, quero te dizer que pensei muito antes de tudo."

Sim, eu achei que era a chave da casa dele, o que mais poderia achar? Recebi uma chave com um endereço residencial.

Vou ao quarto, e em questão de minutos o reviro para dar com a chave, que estava no chão do quatro. Agrh. Impaciente, pensando na bagunça que terei que organizar, coloco a chave no encaixe e, clack. Ela se abre, dentro dela, além da pequena almofada, um pen drive. O que? Um pen drive?

De frente para o notebook, conecto o dispositivo de formato peculiar - concha do mar- clico duas vezes com o mouse sem fio no solitário arquivo de 5,3 mega bytes.

Minha audição fica atenta

- Não é possível! - deixo escapa de imediato.

Estou a ouvir uma música, esta que criei a onze anos atrás, quando ainda morava com meus pais, no interior do estado. É uma canção instrumental, de melodias suaves, miniosamemte trabalhadas. A compus quando Belatriz, minha vira-lata, havia desaparecido, então as melodias mórbidas não são por acaso. Tudo esta como antes, reconheço cada partitura, cada nota que o piano emite. Quando o gravei, com um gravador pego escondido da loja Musica Boa - eu o devolvi cinco dias depois- entreguei, em um CD, ao Senhor Antonié, meu professor de piano. Dias seguintes, ele me devolveu, após uma longa conversa sobre Frederic Chopin. A noite, quando escutei o disco, o quebrei, depois de uma crise de ansiedade; aquilo me lembrava Belatriz, e não estava me fazendo bem. Naquele mesmo verão, após uma premiação musical local, o professor de cabelo nevado tem um ataque cardíaco e falece.

Como é possível isso esta acontecendo? Se o último vestígio deixado havia sido destruído? Isso quando ainda tinha dezesseis anos de idade. Como ele conseguiu esse áudio? Ele é algum tipo de bruxo? Além de fumante, Reinaldo Gianecchini também é um bruxo?

22:58

"Te vejo amanhã às 20:00 no seu apartamento. Espero que tenha uma boa explicação para isso"

O Envio. E, devido ao excesso de trabalho, durmo facilmente, ali mesmo , sentada sobre o notebook, ao som do piano.

Olá meus amoras, deixe seu voto e opinião, isso me ajudará bastante e, claro, me incentivará a escrever os próximos capítulos. Xero!

Este capítulo ainda passará por revisões ortográficas.

Bom, antes de mais nada, quero mandar um mega xero para minha prima e amiga - irmã de coração- Yuna Gláfira. Esse capítulo fora uma homenagem aos cães da mesma, que foram, infelizmente, retirados do seu convívio. Life - vida, literalmente. A cachorrinha que sobreviveu. Está que fez a dona se sentir inteiramente amada- uma vira-lata, a qual foi encontrada na rua, machucada, abandonada; a beira da morte. Depois de um longo tempo de cuidados, a cachorrinha estava saudável, porém, posteriormente, adquiriu uma doença rara e... Teve que ser .... Já Hachiko, um pinche (o mais lindo deles, o cão era muito gato) sumiu! Simplesmente sumiu... Até agora não voltou para casa... Admiro sua força, Yu. Dedico a lei 10 para tu e todos aqueles que amam e cuidaram de seus quatro patas.

Agressão a animais é crime! Idiota!

O amor não é amoraOnde histórias criam vida. Descubra agora