Anahí era uma louca. Naturalmente louca e obcecada por trabalho. Pra piorar um pouco nossa chefe não ajudava muito para seus nervos.
Eu pensei que passar uma semana longe de ambas fosse ser bom. Bom não, ótimo. Sonho meu.
Não me interpretem mal; eu admiro muito minha chefe e amo Anahí. Na realidade me preocupa muito a obsessão dela por trabalho. Não acho nada saudável abdicar de tanta coisa por trabalho, não importa o trabalho que seja.
Anahí é talentosa e poderia arranjar emprego em outro lugar. Um lugar que não exigisse tanto, e que a valorizassem de verdade. Ela poderia, não significa que ela quer. A W é a vida dela.
E eu? Eu acabo me ferrando nessa. Não é culpa dela, isso não. A culpa é minha, por me preocupar demais com ela.
Eu também poderia estar fora da W, já recebi propostas e mais propostas. Ganharia menos, mas teria mais liberdade. No entanto como deixar a W e a Anahí?
Repito, amo a Anahí. Abri mão de estar em Milão nesse momento, por ela.
Sem mim na revista, marta já teria triturado, mastigado e cuspido a pobre.
Eu vejo Anahí como uma irmã. E se ela tinha se enfiado no inferno, eu me jogaria lá com ela.
Mesmo assim seria realmente bom ter um tempo daquelas duas. Eu disse que seria porque apenas em meus pensamentos isso aconteceria mesmo.
Fui acordado na segunda de manhã, com uma ligação da minha chefe, me dizendo que precisava que eu enviasse por e-mail o nome e foto de todas as modelos e os modelos que desfilariam na semana de moda de Milão.
Ela estava lá, e Anahí também, mas deixou o trabalho para mim. Tipicamente Marta.
Durante a tarde reuni o máximo de nomes que consegui. Eram muitos e eu não podia me esquecer do fuso horário, então eu tinha eté certa hora para conseguir.
Assim que acabei meu dia na revista, recebi uma ligação da Anahí, euforia e desesperada.
Ela havia recebido um catalogo enorme de Manolo Blahnik para um artigo. Catalogo esse de extrema importância que deveria ser devolvido imediatamente, e que ela havia esquecido de enviar de volta antes de viajar.
Precisava que eu fosse até seu apartamento buscar o maldito e que o enviasse de volta. Afinal foi realmente útil ela ter me deixado as chaves de seu apartamento.
Fui até lá, não como ela teria feito, correndo feito uma louca. Fui sem pressa, afinal não tinha muito mais o que ser feito e eu só poderia envia-lo de volta no outro dia.
Eu mal cheguei já reconheci aquela pessoa com cara de cachorro sem dono, parado na frente do condomínio, como se tivesse sido abandonado ali. Um pouco trágica a minha descrição, mas é assim que eu o vi.
Respirei fundo. Eu não queria falar com ele. Anahí tinha me jurado que havia dado um fora nele, e eu a conheço bem o bastante para saber que era verdade. É esse homem que não sabe realmente a hora de parar. Nesse momento entendi o desespero de Annie para se livrar dele. Ele não tem o minimo de amor próprio.
Não era possível que ele estivesse ali. Não era possível que eu estivesse ali também. Torci para que ele não me reconhecesse, o que de fato não aconteceu:
- Você! - Ele me confrontou - Se você está aqui, ela está em casa. Ela está realmente me ignorando não é? Pois diga a Anahí que eu não irei sair daqui até falar com ela. Ela me deve isso!
Ouvi aquilo perplexo. Não fazia ideia do estrago que a Annie tinha feito com aquele ser:
- Eu direi a ela sim, assim que ela voltar de Milão. - Respondi indiferente a todo o seu desespero.
- Milão? - Ele pensou por um segundo - Não me venha com essa historia. Se ela está em Milão, o que você faz aqui?
- Não acho que seja da sua conta, e não acho que a Anahí vai gostar se souber que eu estou aqui com você.
- Ela está em casa, não é? Não adianta negar...
Meu Deus, o homem parecia atormentado de verdade:
- Ela está em Milão, se não credita não é meu problema. Eu estou aqui pois tenho as chaves e preciso resolver um problema de trabalho que ela me pediu, agora se me der licença, eu preciso realmente resolver isso. - Ele não deu licença.
- Se ela está em Milão, então você deve servir. Eu preciso falar com você.
Eu? O que eu teria para falar com ele? Eu o encarei desconfiado. Só me faltava essa agora...
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Eu Que Não Amo Você.
RomanceEla: 26 anos, jornalista, trabalha em uma revista de moda em Nova York, linda, espirituosa, livre. Pode se dizer que a única coisa que não vai bem no mundo de Anahí Giovanna é a vida amorosa, mas por ela tudo bem, afinal; quem disse que não ter vida...