Depois de gritar com os estagiários estúpidos, de me irritar com todo mundo, de mandar meu amigo ir pro quinto dos infernos e de xingar um taxista que me fechou no transito, resolvi que eu tinha que dar um jeito nesse meu mal humor. Mas quê jeito?
O meu mal humor tinha nome: Anahí. Provavelmente a cura teria o mesmo nome.
Mas seria humilhante demais... Eu já tinha ido atrás dela mais do que qualquer pessoa nessa vida e mesmo assim não adiantou de nada!
"Uma a mais, que diferença faz?" foi o que Mike tinha me dito. Faria um último teste... Não aceitaria um "tchau" tão facilmente.
Sai mais cedo do meu trabalho e fui fazer plantão na frente do trabalho dela. Me senti ridículo, mas que jeito? Eu não sabia aonde ela mora, e tinha quase certeza que ela não atenderia o telefona caso eu resolvesse ligar.
Estaria ali quando ela saísse, esperando na calçada, do outro lado da rua. Uma hora, duas horas depois e nada... Achei que ela pudesse sair para fazer algum trabalho na rua, como o do Central Park, mas eu estava completamente enganado.
Duas horas e meia depois, desconfiei mesmo que ela não estivesse ali. Uma raiva tomou conta do meu corpo de um jeito que eu quase não suportei. Tinha feito uma viagem perdia.
Depois comecei a pensar que talvez tivesse sido melhor mesmo, até porque eu não sabia o que dizer para ela. Seria mais fácil dissipar meu estresse no chuveiro... Estava pronto para voltar pro meu carro e ir embora, quando ela saiu pela porta de vidro fume.
"Merda." pensei "Ela é mesmo linda demais." Desencostei do meu carro e atravessei a rua, indo ao encontro dela, que não pareceu nada feliz em me ver ali:
-Vem cá. - Ela disse. - Qual é o seu problema?
- Você! - Respondi seco.
- Eu? - Ela ridicularizou. - Mas eu pedi pra gente não se ver mais, saio do meu trabalho e você tá aqui, e EU sou o problema? Problemático é você!
- Sou. - Me aproximei dela. - E meu problema. - Me aproximei mais um pouco. - Como eu disse antes. - Agora já estava cara a acara com ela. - É você! - Sorri malicioso.
- Não se atreva. - Ela alertou, mas já era tarde demais. Eu a beijei. Um beijo que no começo foi tenso, mas que ela acabou cedendo. Um beijo que mostrava que eu voltaria quantas vezes fosse preciso, até ela baixar a guarda, porque por algum motivo que não fazia o menor sentido na minha cabeça, eu queria ela pra mim.
- Você me disse apenas um "tchau". - Eu disse me afastando um pouco. - Tchau é muito vago... Não é um adeus e nem um até logo.
- Se for por falta de adeus... - Ela me encarou. Era uma porcaria eu estar viciado em uma criatura tão arrogante, mas estava.
- Anahí... Me ouve, tá? - Pedi, quase implorando.
- Você está me fazendo criar uma cena bem na frente do meu trabalho, então não... Não vou ouvir não. - Ela se pôs na calçada, pronta para chamar um táxi.
- Eu te levo. - Puxei ela pelo braço. - E no caminho a gente conversa.
- Não precisa.
- Ah, precisa sim.
Arrastei ela pelo braço comigo até o meu carro, e como ela não queria fazer um escândalo na frente do trabalho, acabou indo. Se contorceu um pouco, tentando se soltar, mas no final consegui faze-la entrar no carro. Ela me falou o endereço e eu segui dirigindo, ela não parecia nada feliz:
- Sai comigo amanhã? - Pedi.
- Não!
- Por quê não?
- Porque eu não quero. - Ela disse como se fosse obvio.
- Vamos fazer assim, você sai comigo amanhã, se depois disso você não quiser mais me ver, eu juro que sumo da sua vida.
- Você jura?
- Eu juro.
- Certo. - Ela aceitou. Abri um sorriso vitorioso em seguida. - Mas depois disso, adeus.
Ao chegarmos no condomínio aonde ela mora, ela não me convidou para subir e nem se quer se despediu de mim. Apenas saiu do carro e seguiu seu caminho. Aquilo me chateou mais do que devia. Mesmo assim, agora não era momento para lamentar nada, e sim de pensar aonde leva-la. Teria que ser um encontro perfeito, ou então me conformar em não vê-la mais...
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Eu Que Não Amo Você.
Storie d'amoreEla: 26 anos, jornalista, trabalha em uma revista de moda em Nova York, linda, espirituosa, livre. Pode se dizer que a única coisa que não vai bem no mundo de Anahí Giovanna é a vida amorosa, mas por ela tudo bem, afinal; quem disse que não ter vida...