Capítulo 8 - O Diário

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Acordo atordoado e ainda sentindo um pouco da corrente elétrica percorrer o meu corpo, tinha pequenos tiques por causa disso. Olho a minha volta e estou de novo naquele hospital, mas dessa vez eu estava vendo, eu conseguia ver tudo. Sinto uma forte dor vindo de ambos os braços, olho e vejo vários ematomas causados por tempo excessivo de aparelhos ligados ao meu corpo. Parecia que tinha dado uma pani na minha memória, não conseguia lembrar daquele lugar e nem como tinha ido parar lá. Tento me levantar , mas ao puxar as cobertas vejo que minhas duas pernas possuíam algemas em meus tornozelos.

- Mas que merda é essa? Que espécie de hospital algema seus pacientes? Pergunto em voz alta e em tom de raiva. Não demorou muito e uma mulher adentrou o quarto do hospital, ela era linda e elegante, me lembrava muito a minha mãe. Quando chegou mais perto pude ver o seu semblante abatido e neste momento chorava olhando pra mim, parecia não acreditar no que ela estava vendo. Depois de alguns segundos em que nos encaravamos, ela veio até mim e me abraçou tão forte que minhas costelas estalaram e por isso soltei um pequeno grito, ela se assustou e se afastou.
Depois tornou a me encarar enquanto acariciava meus cabelos.

- Adrian ,estou tão feliz, nem imagina! A mulher fala com a voz embargada devido ao choro e esboça um leve sorriso. Eu a encaro confuso, não sabia quem era ela, resolvo perguntar.

- Quem é você? E porque estou preso? E que lugar é esse? Faço minhas perguntas, a mulher me olha um pouco incrédula com minhas perguntas, depois de alguns segundos ela suspira e já se preparava pra me responder quando um homem alto e careca com um jaleco branco e uma prancheta em mãos adentra ao quarto junto com outros homens. A mulher engole em seco e não esconde o medo.

-O que faz sozinha com ele Senhorita? Deveria ter nos avisado imediatamente quando ele acordou, nem deveria ter feito contato, por acaso não sabe que seu sobrinho é extremamente perigoso? O homem falava em tom autoritário e se mostra enojado para comigo, eu o encaro sem entender do assunto até perceber um dos homens que estava ao lado preparar algo em uma seringa, arregalo os olhos ,pois já tinha uma ideia do que seria.

Droga eu nem sei se isso é real mesmo, ou se é uma lembrança , ou se foi efeito do choque que levei, enfim, aquela mulher era minha tia? E como assim sou extremamente perigoso? Perigoso e horrendo é o lugar onde estou com minha irmã! É.... com certeza isso é um sonho, pois não faz nenhum sentido, vou deixar esse homem aplicar esse treco em mim, sei que vou apagar novamente e ai voltarei pra realidade, é sempre assim que acontece! Eu pensava encarando o homem a preparar a seringa, mas não demorou e logo ele aplicou, não demostrei resistência.

- Seu monstro! Ele nem se quer lutou! Não precisava dopar ele novamente! Pude ver a mulher que se dizia ser minha tia esbravejar contra o homem careca de jaleco antes de apagar novamente.




Acordo lentamente e dessa vez estou com Seline no que parecia ser o porão da nossa casa. Ela estava deitada no chão e cantarolava enquanto escrevia em uma espécie de diário. Esbanjo um sorriso e vou até ela, mas há algo estranho, ela parecia não notar a minha presença.

Resolvo fazer um teste, passo minhas mãos diante dos olhos dela e ela nem notou ou esboçou reação alguma, apenas continuou a escrever e balançava os pés. De repente ouço um grito ecoar pela casa, era uma voz familiar ,uma voz que eu amava mais que qualquer outra coisa, era a voz da minha mãe. Não perdi tempo e disparei em direção a voz, nunca corri tão rápido em toda a minha vida, em poucos minutos estava na cozinha. Eu a olhava com puro amor e carinho, não crendo que ela estava a minha frente. Seu cabelo estava preso em um coque, ela usava um vestido florido, o meu preferido e também estava com um avental e lambia uma colher de pau. Não demorei a sentir o delicioso cheiro do que ela preparava"biscoitos" , sua especialidade. Fechei meus olhos e comecei a lamber os lábios, apenas imaginando o sabor deles. Logo Seline aparece na cozinha saltitando como uma criança boba. Ela se dirige até o balcão e se senta, minha mãe tira do forno os biscoitos e já prepara um copo de leite gelado pra ela. Resolvo me achegar mais, mas elas não me notam. Fico triste pois queria muito falar com minha mãe ,queria abraçá-la e dizer que a amo. As duas começam a conversar.

- Quando meu irmão volta mamãe? Estou com muita saudades dele! Como vou terminar o meu livro assim? Seline fala com tristeza. Eu olho confuso. Porque eu estava ali ,bem pertinho delas!

- Oh querida! Também estou morrendo de saudades dele, mas só poderá voltar quando ele estiver melhor! E tenho certeza que ele vai adorar ler o que você escreveu! Minha mãe fala segurando as lágrimas e vai em direção a Seline, depois da um beijo em sua testa e sorri. Minha mãe tinha o sorriso mais lindo e sereno de todo o mundo. Mas voltando pra realidade, não entendo do que falavam, estou doente? Não me lembro de ter sido internado alguma vez na vida.

Enfim, resolvo voltar para o porão e ver o que Seline escrevia com tanta alegria, pois eu não me lembrava que ela escrevia, ou que eu a estava ajudando com isso. Não demoro e volto ao porão e lá estava ele.
Me aproximo e o pego, abro na primeira página, na qual ela dizia que aquilo era o meu diário e o dela, nele iríamos contar todo sofrimento e dor que tínhamos passado dia após dia, não podíamos contar a nossa mãe, pois se contássemos ,a mejera da babá mataria ela e isso nós não podíamos deixar,então resolvemos fazer aquilo e quando ficássemos de maior levaríamos nossa mãe pra longe e entregariamos o diário as autoridades com todas as provas.

A medida que eu ia lendo não podia acreditar em tanta barbaridade que meu pai e aquela louca tinham feito conosco. Meu pai realmente traía minha mãe e também abusava de Seline e aquela louca se aproveitava de mim sempre. Lágrimas escorriam pelo meu rosto. Eu queria saber o que é real e porque estou passando por isso. Não aguento mais! Espera! Cheguei em uma parte importante. ...Eu faço terapia com uma psicóloga todas as tardes depois da escola? Também não me lembro disso, no diário também diz que minha irmã faz , mas é apenas aos sábados. Porque fazíamos terapia? Não tô entendo mais nada.

Neste momento começo a sentir uma forte dor de cabeça e caio de joelhos levando as mãos até a cabeça, grito de forma estridente devido a dor, começo a me contorcer no chão e imploro a Deus que aquilo pare......


Abro meus olhos assustado e vejo que estou todo molhado.

- Droga estou no inferno daquele buraco de novo! Falo com revolta e bato as mãos sobre a terra agora molhada. Olho paro os lados e não vejo mais nada. Não sabia por quanto tempo tinha apagado ,não havia rastros do que tinha arrastado Seline, o que era estranho, afinal ela estava sendo arrastada.

- Ei garoto!

Ouço uma voz me chamar ,olho e vejo uma garota linda e aparentemente estava sem nenhum machucado e também não estava maluca.

- Vamos !depressa! antes que eles voltem! A garota parecia nervosa e me apressa para que me levante e corra até ela. Resolvo obedecer, afinal foi a única pessoa que vi ser normal neste lugar até agora, aparentemente é claro, não tenho certeza de nada. Me levanto meio tonto e vou na direção da garota, mas pego uma outra faca e fico preparado para qualquer coisa.

Chego mais perto e me assusto, a garota Não era tão bonita assim, mas antes que pudesse correr ou fazer qualquer outra coisa.........

Chego mais perto e me assusto, a garota Não era tão bonita assim, mas antes que pudesse correr ou fazer qualquer outra coisa

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