Capítulo 15

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*** Oi, gente! Como vão? Deixei um recadinho no começo desta vez para dar um pequeno aviso: este capítulo contém um personagem fazendo uso de cigarro e álcool. Minha intenção é sempre fazer uma pequena crítica, e NUNCA apologia, ok? :) E já vou reiterando as propagandas: cigarro faz mal pro pulmão e dá câncer; e álcool faz mal pro fígado, pra sua segurança, pra segurança de outras pessoas e, dependendo da quantidade, pra memória também! hahahah 

Então, boa leitura e muito obrigada por todos os comentários que vocês estão me fazendo! *---* 

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Pedro ergueu a mão com uma ligeira confusão sobre qual era seu real objetivo com o gesto. Na realidade, para ele, pouco importava, desde que o resultado servisse para mantê-lo ocupado.

Deu-se conta de que, desta vez, erguera a mão para socar o saco de pancadas pendurado em sua frente. Com toda a confiança, depositou um forte soco, as mãos cobertas apenas com ralas ataduras.

Mas ele não ligava para as pontadas nos dedos. Aliás, ele nunca ligou, e se havia algo de que mais gostava na dor era que ela, de alguma forma, era tudo aquilo que ele sempre fora um dia. Assim mesmo, sem amarras ou máscaras, como as que ele era obrigado a usar todos os dias.

A dor lhe fazia lembrar-se de quando corria descalço pelo Morro das Andorinhas a fim de entregar pacotes cheios de entorpecentes. Ou de quando tomou seu primeiro tiro, o que já é outra longa história. Mas nada comparava-se à dor que sentira quando sua mãe se fora.

Porque, vamos combinar, todos sabemos que ele mesmo foi o próprio culpado de sua desgraça. Se notícia boa corre, notícia ruim corre cinco vezes mais, e já era de se esperar que cedo ou tarde sua mãe soubesse do que ele estava fazendo para pagar seu tratamento. E também que não demoraria muito para que ela tentasse impedi-lo.

A ferida não se cicatrizaria nunca. Tom ainda fazia o maldito favor de deixar tudo ainda pior, tratando-o tão bem, levando-o para casa, fazendo-o sentir-se parte da família. Pedro sabia que nunca teria outra família, que nem faria parte de outra. Porque não era digno. Porque tinha a alma quebrada.

Mas ele ignorou, e fazer o que? Envolveu-se com Manoel, Tom e Carla sem pensar nas consequências, acreditando que poderia viver uma vida normal, acreditando que poderia evitar seu passado ou o monstro que crescia dentro de si e que implorava por mais. Mais cigarro, mais bebida, mais pancadaria, mais adrenalina, mais qualquer coisa.

E veja só o que aconteceu.

Pedro presenteou o saco de pano desta vez com um pontapé certeiro, mal sentindo que seus músculos doíam e pediam para que ele parasse. Talvez fosse efeito do álcool, o anestesiando.

— Ei, Manoel? — lembrava-se de sua voz, vagando pelo estacionamento vazio, encarando a caminhonete com portas abertas e um pedaço de pizza no chão. — Ah, qual é, você não ia ver o negócio das ondas de rádio logo?

Mas Manoel não voltaria. Ele sabia disso assim que viu o pedaço de pizza caído. Assim que telefonou para o irmão e ele não atendeu. Assim que viu nos visores de seu celular a ligação de um número desconhecido.

— Onde está meu irmão? — disse entredentes, sem dúvidas de com quem falava, os olhos vermelhos de raiva e cuspindo fogo pela boca.

— Você não me parecia muito preocupado com o bem estar alheio quando decidiu me contrariar continuando as investigações. — respondeu uma voz rouca, aveludada e trazendo um grande eco, provavelmente forjada por computadores.

O Preço da JustiçaOnde histórias criam vida. Descubra agora