Pedro, Flávia e Amanda ligaram o carro e fizeram uma viagem curta até a delegacia da polícia militar. A perita ia dirigindo, colocando sua frieza em ação ao fazer as curvas em alta velocidade, enquanto o detetive ocupava-se em tentar bolar uma boa estratégia que não colocasse tudo a perder. Porque havia muita coisa a ser perdida, e a hacker no banco de trás era um lembrete constante da gravidade da situação.
Caio era o maior problema, com seus olhinhos brilhantes e ingênuos, tão parecidos com a versão mirim de Pedro no passado. Se chegassem a tocar um dedo na criança, ele jamais se perdoaria.
Flávia chegou cantando pneus, liderando uma carreata. Os cidadãos que passavam pela rua arregalaram os olhos, correndo para se esconder nos estabelecimentos mais próximos e ficar de soslaio, esperando o que cerca de dez carros da polícia civil faziam impedindo o estacionamento da polícia militar e causando a maior balbúrdia na calçada.
Pedro sabia que não havia total necessidade de fazer esse escândalo todo, mas também sabia que ninguém o respeitaria de outro modo. Afinal, um moleque qualquer de 24 anos que trabalha com o pai não mete respeito em ninguém, principalmente quando sabiam de seu passado suspeito.
Bom, ele também tinha que confessar que gostava de causar um pouco, e aquela era a situação perfeita pra isso.
Os três desceram do carro e seguiram andando com toda a confiança até a entrada. Tom já posicionava-se na calçada, dando ordens a todos os policiais que vinham chegando para que ocupassem um posto.
— Que patacoada é essa aqui? — um PM disse, apontando para o bloqueio na frente do apartamento.
— Esta delegacia está fechada para investigação, senhor. — disse Pedro, mostrando seu distintivo e controlando sua respiração para fazer seu dever, achar Caio e pedir férias adiantadas para Tom. De preferência, para serem passadas no Hawaí e longe de qualquer caso envolvendo assassinos e sequestradores.
— Que palhaçada! — o homem chutou uma pedra qualquer.
— Ei, ei, onde pensam que vão? — entrou outro na frente de Pedro, que já ia seguindo para a sala do capitão. Pedro revirou os olhos de novo. Será que ninguém entendia o que significava cercar um lugar para investigação? Então, mostrou o distintivo novamente.
— Eu vou falar com seu capitão.
— Você não pode.
— Ele pode. — disse Flávia, dando um passo para frente para defender o colega. — Porque está investigando ele, e se você não sair do caminho, vai ser o próximo. Não que você já não estivesse na lista.
O homem afastou-se, cabisbaixo, abrindo o caminho. As pernas de Pedro bambeavam mais do que quando ele resolvera que tinha que falar com garotas, lá pelos seus quinze anos, e seus dedos pediam um bom cigarro para segurar.
Mas seguiu em frente, abrindo com tudo a sala do capitão Diego, que encontrava-se de braços cruzados.
— O que você pensa que está fazendo com a minha delegacia? — disse firmemente.
— Cuidado com seu tom de voz. — respondeu Pedro, apoiando seus braços na mesa. — Está achando que eu sou idiota?
— Eu sei qual é a sua linha de raciocínio, garoto. — riu o capitão. — Os policiais vazaram da proteção que deviam à menina, portanto a culpa é do seu chefe. Acha que eu controlo todas as ações dos meus policiais?
— O que eu acho pouco me importa. Estou interessado no que vocês vão provar.
— Seja rápido, por favor. — disse entredentes. — Enquanto você faz esse showzinho atrapalhando nossas atividades, crimes acontecem por aí.
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O Preço da Justiça
Mystery / ThrillerPedro Whitaker é um detetive nascido numa comunidade carente do Morro das Andorinhas. Quando criança, teve de lidar com a doença da mãe, a falta de dinheiro e o preconceito social. Agora, recém formado, ganha a vida investigando crimes para a políci...