Capítulo 11

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Tom respirou fundo, observando os olhos acanhados de Pedro e Flávia. Ele era um bom investigador; ela, uma boa perita. Serviam como uma luva para desvendar o crime mais complicado, o suspeito mais complexo. Mas que se desesperavam muito fácil, se desesperavam, e Tom sempre soube que a chave para o sucesso de qualquer investigação era manter a calma.

— Tom, como você pode estar tão calmo? — os dedos de Pedro já começavam a tremer, de modo a lembrá-lo da estúpida promessa que fizera de não colocar mais um cigarro na boca.

— Eles estão falando que vão matar as pessoas! — Flávia começara a roer as unhas das mãos, imaginando o tamanho do estrago que poderia acontecer dali pra frente.

— E o que vamos fazer, em? — Tom levantou uma das sobrancelhas, cruzando os braços sobre a mesa e exalando uma paz interior difícil de se atingir. — Temos um assassino à solta ameaçando fazer mais vítimas. Por puro medo, vamos deixar que ele continue?

— Mas ele só vai continuar se o investigarmos. — disse Pedro, segurando o impulso de pular em cima do pai e de chacoalhá-lo, para talvez trazê-lo de volta à realidade. Tom deu um sorrisinho de lado.

— Meu filho, desde quando você acredita em assassinos?

Pedro e Flávia pararam e entreolharam-se.

Bom.

É mesmo.

Parecia que fazia sentido. Afinal, que garantia o cara das mensagens havia dado de que ele realmente pararia? Nunca se devia confiar num psicopata, nem num assassino calculista. Aliás, não se devia confiar em ninguém, por precaução e pra começo de conversa.

— Mas as pessoas... — tentou argumentar Pedro.

— Não vamos deixar as pessoas à sua própria sorte, é claro. Como vocês dois estão de tiro?

— Pronto. — disse Pedro.

— Ótima. — disse Flávia, conferindo a arma presa no seu cinto. Normalmente a detestava, mas a usava muito bem se fosse necessário.

— Então fiquem a postos. E já que o capitão Diego disse que a polícia militar está aos nossos serviços, não economize na proteção às testemunhas.

— Entendido. — disse Pedro, pensando em como contatar o capitão sem usar um telefone como meio. Não teria jeito, teria de ir até a base militar pessoalmente se quisesse evitar que mais informações vazassem.

— Agora, pressuponho que tenha uma suspeita para liberar. — lembrou Tom.

— Tenho, ela não fica aqui nem mais um minuto.

Pedro saltou para fora da sala, ajeitou o cabelo e seguiu caminhando pelo corredor. Como diria para Amanda que ela estava certa desde o começo, ele pouco sabia. Não havia no seu histórico de conversas passadas qualquer pedido de desculpas sobre um de seus erros, muito menos sobre algum envolvendo prisões. Talvez, bem talvez, lá no fundo, concordasse com Tom quando este dizia que ele era teimoso.

Entrou no corredor onde os suspeitos de alguns crimes estavam detidos e abriu a porta da cela de Amanda. Ela encontrava-se sentada na pequena e desconfortável cama, forrada por um colchão ralo e trapos de lençóis.

— O que foi, detetive? — ela lhe olhou irritada, e Pedro não podia culpá-la. Aquela cama devia ser algo bem ruim para as costas de um ser humano.

— Eu vim liberar você.

Ela lhe deu um sorriso de canto de boca.

— Então, você admite estar errado?

O Preço da JustiçaOnde histórias criam vida. Descubra agora