Harry, the heartthrob

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Entro em casa cantando uma música que estava a passar no carro do Luke. Sim ele trouxe-me a casa, eu não queria mas enfim,dizer não ao Luke é uma missão quase impossível.

Ainda nem acredito que ele me propôs um novo começo. As dúvidas e inseguranças atingem-me: Será que fiz bem em aceitar? Isto foi mais um jogo? Ele vai voltar ao Luke estúpido? Será que ele alguma vez não o foi?

Suspiro e dirijo-me à cozinha. Sinto alguma fraqueza e sei que é por ainda não ter comido praticamente nada hoje. Agarro na maçã mais pequena que existe na frutaria e levo-a à boca.

Ouço alguma coisa partir-se no andar de cima e um gemido de dor. Hm? Pensei que os meus primos não iam estar em casa.

Corro para o local de onde vêm os barulhos e entro no quarto de Louis vendo-o sentando na cama com o dedo a pingar sangue.

"O que aconteceu?" guincho e chego-me mais para o pé de si.

"Parti a moldura e cortei-me com os cacos." ele grunhe.

Olho para o chão e vejo algumas pingas de sangue no chão, cacos, a moldura de madeira rachada e uma fotografia. Apanho-a e um aperto dá-se no meu peito quando eu vejo o que é.

"Foi o Harry que ta deu?" pergunto referindo-me à fotografia dos dois rapazes sorridentes.

Ele assente lentamente com a cabeça e dá-me um sorriso triste e magoado.

"A Phoebe foi ter com ele." ele murmura e consigo perceber a dor por trás da sua voz.

"Oh, a sério?" Eu e o Louis não falamos sobre este assunto. Só para eu o pressionar a contar tudo à irmã e dizer-lhe o quão desiludida estou. Nem por um segundo me pus na sua pele e fui capaz de dizer que o compreendia e apoiava mesmo não concordando com isto. Sou tão estúpida, Deus.

"Hmhm. Ela disse que ia passar a noite fora e pediu-me para mentir à mãe e dizer que tinha ido dormir a casa da Kim. Sabes o que isso significa certo?" os olhos dele estão marejados.

Fecho os olhos e suspiro passando os meus braços à volta do seu pescoço enquanto ele soluça.

"Eu lamento que tenha que ser assim Lou."

"Não tanto quanto eu." ele funga e aperta-me mais contra si. "Porquê? Porque é que eu não posso ser normal?!"

Afasto-me de si chocada com as suas palavras.

"O quê? Tu és perfeitamente normal! Como podes dizer isso apenas por teres uma orientação sexual diferente?! Este não é de todo o Louis que conheço." ralho.

"Tu pensas assim. Mas eu nunca vou ser aceite em lado nenhum. Se descobrirem vão de certeza arranjar maneira de me expulsarem da equipa, vou ser gozador em cada corredor, em cada esquina. Não vou poder sair de casa sem ter dedos apontados e ouvir bocas. Porque é assim que a sociedade é! Quer queiramos quer não!" Ele grita chorando.

"A sociedade é uma merda." Afirmo e ele olha para mim. "As pessoas são assim. Maldosas e cruéis, serão sempre. Por muito que não queiramos! É assim. Não o podemos mudar, sejas a melhor ou a pior pessoa no mundo. Se não for pelo facto de seres gay será por seres demasiado gordo ou magro. Ou por teres um rabo grande ou pequeno. Ou por seres muito pálido ou teres um tom muito escuro. Nunca estás bem aos olhos da sociedade por isso é que isto não presta. Talvez nunca preste e é por isso que temos de aprender a ignorar e seguir em frente. Onde está o meu primo que se está a borrifar para o que os outros pensam? Porque ele de certeza não é este rapaz à minha frente." Desabafo e ele olha-me provavelmente surpreendido.

"Rose, eu..." ele tenta mas a sua voz quebra-se e começa a chorar novamente.

Volto a enrolar os meus braços no seu pescoço tentado acalma-lo. Ficamos assim durante uns longos minutos até eu me aperceber do barulho da porta da rua a abrir e a fechar bruscamente.

The way you got meWhere stories live. Discover now