Kile Neves
Já fazia umas 12 horas que Clary deu entrada no hospital e foi colocada na sala de parto, logo depois fizeram algumas perguntas a ela, fizeram uns exames e por fim aplicaram uma agulha com soro em sua veia. Eu já estava agoniado por ter que ficar apenas ali observando a Clary deitada naquela maca e uma enfermeira entrando em cada duas horas para verificar se ela estava dilatada e medindo a sua pressão.
Aquele tempo de espera era terrível, nunca gostei de me sentir inútil e ter que esperar, neste tempo mandei uma mensagem a pedido de Clary para a Stephanie, e com o jeito dela louco gritou ao telefone avisando que em alguns minutos ou horas estaria no hospital. Com o passar das 12 horas me levanto pela milésima vez da poltrona branca localizada ao lado da maca e ando de um lado ao outro observando Clary deitada de lado com uma mão na altura dos olhos e outra em sua barriga.
Enquanto ando e observo a ouço sussurrar.
- Assim você vai fazer um buraco não chão. – Ela emitiu um riso fraco. – Acredito que já tem muitas despesas, não irar querer mais uma.
- Nesse momento eu não estou mais me importando com mais despesas, apenas quero que a minha filha nasça e que você pare de sentir dor. – Digo indo até a mesma e lhe depositando um beijo no topo de sua cabeça.
- Não se preocupe daqui a pouco a Lily irar nascer e essas contrações já vão passar.
Clary suspira e volta a falar.
- A madrinha tem que estar aqui quando a Lily nascer. – Diz Clary deitando de barriga para cima.
- Ela é louca, a qualquer momento entrará neste mesmo quarto, com um urso enorme e balões de varias cores nas mãos. Sem contar os gritos histéricos de sempre.
-Esse foi o motivo que eu a escolhi para que ela fosse a madrinha, eu acredito que não sou tão louca assim. – Olho para Clary ao tempo de vê-la apertar os olhos e gemer.
- Clary? – Pergunto na expectativa.
- Tudo bem, são as contrações.
- Odeio isso! – sussurro.
Dou um leve suspiro e logo então vejo a obstetra e a enfermeira entrar no quarto sorrindo.
- Olá, como vão? – Pergunta a medica sorridente. – Eu sou a doutora Marcia Brentt e irei realizar o parto da Lily, então vamos ver como esta a sua dilatação Clary.
Vejo a mesma pegar um banquinho se sentar e então ela examina a Clary, alguns segundos depois ou talvez longos segundos, eu não sei ao certo, ela se afasta retirando das suas mãos as luvas de látex e olha para nos dois.
- Bem, eu li a ficha médica de Clary e vi que a sua gestação é de risco e como vocês sabem, todo cuidado e pouco. – Ela cruza os braços na altura dos seios e continua. – Então a sua dilatação não completou os 10 centímetros, como vocês devem saber o mínimo de hora para que isso ocorra é 12 e o máximo e 48 horas, porém eu como médica não aconselho esperar 48 horas para verificar que você ira dilatar. Então o melhor a fazer e uma cesária agora.
Ouço tudo atentamente e olho para a Clary em busca de sua palavra, vejo a mesmo se sentir incomodada não pela a dor da contração e sim pelo o que a medica disse.
-Eu não quero cesária, eu quero o parto normal. – Ela me olha aflita. – Eu quero estar bem acordada quando a minha filha nascer, e não anestesiada.
- Clary, eu também prefiro o parto natural, porém você e eu sabemos que você tem a pressão alta e que já teve vários incidentes durante a gravidez. – A médica me olha e sorri fraco. – Nenhum de nós quer que ocorra algo com você ou com a Lily, então para que isso não me ocorra ainda insisto no parto cesariano.
-Clary? - Sussurro pegando em sua mão. – Eu sei que você planejou tudo para esse dia, porém não está sendo o que você planejou. Mas temos que pensar na saúde de vocês duas, eu não quero e nem posso perder vocês.
Olho para ela e vejo os seus olhos cheio de lágrimas, e sorrio fraco secando as que haviam caído e volto a apertar a sua mão.
-Kile, eu tenho medo – Diz ela gaguejando. – Eu não gosto de cirurgias, nem sempre a cesariana da certo e...
-Amor, não faça isso com você mesma. - a interrompo. – Eu sei que você tem medo, eu também estou com muito medo, eu nem sei como eu ainda estou em pé. –A vejo sorrir fraco. – Mais às vezes o que nós planejamos acaba saindo do nosso controle, mas isso não quer dizer que não ira acabar bem, vai dar certo, tenha coragem.
- E o medo? Bem, é normal ter medo, sempre temos. – Olho para o lado e vejo a Stephanie com um urso enorme e alguns balões na outra mão. – Agora Clary, para de ser frouxa e vai logo ter essa criança, quero logo babar e mimar essa menina. – Diz minha irmã.
- Que bom que veio... – Sussurra Clary, ela me olha e funga algumas vezes antes de falar. - Tudo bem, pela a Lily...
- Por vocês duas! – Digo beijando a sua testa.
- Agora para com isso e vamos logo! – Diz Stephanie sorrindo. – Por onde começamos?
****
Eu poderia convencer a todos que as coisas mais inusitadas no final acabariam bem, mas eu não conseguia acreditar em mim quando eu repetia sem parar sentado na sala de espera. Eu na realidade comecei a tentar me convencer disso assim que a Clary entrou no centro cirúrgico. Eu queria muito estar com ela, queria segurar em sua mão e repetir as palavras "vai ficar tudo bem", mas como era regra do hospital eu não pude entrar.
Eu não vou negar que eu tentei subornar um dos enfermeiros, mas eles eram éticos e um pouco malvados, eu não tinha ideia de quanto tempo havia passado, para mim uma eternidade. Tenho a certeza que ela está assustada dentro daquela sala, eu que não estou lá já estou assustado.
A mente de um ser humano pode ser o seu melhor amigo e resolver situações ou o seu pior inimigo em situações que se necessita de calma e de confiança. A pessoa começa a fantasiar coisas terríveis que nem uma pessoa insana consegue suportar.
O medo de perder destrói qualquer homem, isso não e de hoje não, muitos anos antes de Cristo na antiga Grécia na historia de Hércules, mesmo Meg engando o mesmo o medo de perdê-lo fez a mesma se atirar na frente dele para ele não ser ferido, ela não sabia que ele a amava tanto como ela o ama, ela deu a sua vida pela dele e Hércules fez o mesmo. Não conseguindo chegar a tempo e ver a sua bela deusa morta ele preferiu fazer um trato com Hades em troca da alma dela.
Se não fosse o medo de perder, Hércules não se atiraria no Rio Estígio, que gradualmente suga a força vital de uma pessoa com o tempo em que ela nadava para buscar a alma de Meg.
Porém se precisasse eu iria me atirar neste mesmo rio para buscar a alma de quem ele amava, da Clary e da Lily.
Mesmo com esse pouco tempo eu já não conseguia suportar pensar na morte delas, já estava sendo difícil ficar longe delas, imagina não poder tê-las nunca mais, seria o meu fim.
Stephanie como sempre ao meu lado, tentando não mostrar preocupação, a cada minuto que eu vejo um médico passar fico na expectativa que ele chame o meu nome e logo diga que Clary está bem e que minha filha nasceu forte e saudável. Mas não, pareço invisível a eles, minha irmã já me proibiu de perguntar aos enfermeiros sobre o andamento da cirurgia e eles apenas diziam que eu tinha que esperar, e que essas cirurgias talvez durassem até duas horas seguidas.
Porém eles não perceberam que a pior coisa do mundo é por pessoas que precisam de notícias com pessoas que já souberam das notícias. Em um lado haviam pessoas desesperadas chorando não conseguindo aceitar que um ente familiar acabou de falecer e do outro lado uma família saltitando de alegria por saber que alguém da família conseguiu se curar do câncer, e lá no meio estava eu , sem notícia alguma, pedindo, implorando a todos os santos, deuses e até o universo que eu seja a família que vibre com a noticia, não a que sofre.
****
- Kile? – Ouço a voz de minha irmã. – Trouxe um café, toma.
Olho para ela sem fazer nenhuma expressão e a observo por alguns instantes, eu não sei por qual motivo estava fazendo aquilo, mas queria ver se ela estava escondendo algo para mim ou talvez só quisesse ver um pouco de esperança em alguém para aumentar ou apenas sustentar a minha.
- Obrigado! – murmuro pegando o copo de café e bebo um gole, deixando o aroma entrar pelas minhas narinas e o líquido quente correr pela minha garganta dando uma sensação de conforto. – já se passaram uma hora e meia, desde que ela entrou no centro cirúrgico.
- Calma Kile, respira e tenta relaxar. – Diz ela colocando as mãos em meus ombros e apertando os caroços do musculo formado devido à tensão. – Vai ficar tudo bem, quer dizer, já está tudo certo, eu tenho certeza.
- Eu não consigo relaxar, é um muito difícil, é muito tempo em silêncio. – Sussurro olhando para o chão branco e impecavelmente limpo.
- Já lhe disse seu cabeçudo, pensamento positivo sempre. – Diz ela sorrindo até que somos interrompidos por um pigarro, olho para cima e vejo a Doutora Marcia em nossa frente. Levanto-me em um pulo e olho para ela aflito.
- Então doutora, como está a Clary? – Pergunta minha irmã ao meu lado, antes de eu conseguir falar. Ela pega a minha mão e aperta da mesma forma que ela fazia quando eu era pequeno e tinha medo.
- Bem, podem ficar tranquilos! – Diz a medica com um grande sorriso. – Clary e a nossa pequena Lily estão ótimas.
Nesta hora parece que todo o peso que estava em minhas costas havia caído de lá, dou um grande e alto suspiro e abro um sorriso parecido ou igual ao Gato de Cheshire, do livro/filme Alice no país das maravilhas. Em seguida sou puxado pela minha irmã que me abraça apertado e diz ao meu ouvido:
- Eu não disse que tudo ficaria bem! – Ela se afasta e bagunça o meu cabelo sorrindo, direciono o meu olhar para a médica e pergunto sorrindo:
- Posso ver a Clary e a Lily?
- A Clary está dormindo, e logo será levada para o quarto. – Diz ela.
- Mas ela está bem? - Pergunta minha irmã e logo em seguida pergunto:
- Aconteceu alguma coisa?
- Está sim, ela apenas teve uma pequena elevação da pressão depois do nascimento de Lily, porém ela já está bem e medicada. Bem, iremos por a Lily no berçário agora, querem ir agora ou preferem esperar a Clary acordar? – pergunta a médica.
- Agora, por favor!
Ouço uma voz masculina e quando olho para trás vejo os meus pais e o Jacob, minha mãe vem até a mim e me abraça apertado.
- Estou louca para ver a minha neta, você sabe muito bem que eu sempre sonhei com isso.
Olho para ela e sorrio, meu pai vem em minha direção e me da um abraço também.
- Eu tenho a certeza que você será um grande pai e marido. - Diz ele se afastando.
- Eu tenho o melhor exemplo de todos, pai... Você!
Ele sorri e abraça a minha mãe que está ao seu lado, olho para o Jacob e ele sorri.
-Então primo, queria te dar parabéns pela sua família, e queria pedir desculpas por tudo o que eu fiz no passado.
- Não precisa se desculpar, na verdade eu precisava te agradecer. – Sorrio. – Se você não ficasse com a Izzy e eu casasse com ela, eu juro que não seria tão feliz quanto agora.
Ele sorri e me abraça.
- Parabéns irmão!
- Obrigada, cara! - Me afasto e olho para a médica. – Será que podemos ver a minha filha?
- É claro, vamos lá! – Diz a medica indo em direção ao berçário.
****
Acho que já estava cerca de uma hora observando a Lily através daquele maldito vidro, eu não queria pegá-la no colo antes da Clary, ela passou tanta coisa pela Lily que eu não posso me permitir ter esse contato, porém nada me proíbe de admirar a minha filha. Ela era simplesmente linda, mesmo de longe dava para ver que ela tinha o mesmo tom de cabelo de Clary, sua pele era bem clara e de todas as crianças ao redor dela, ela era a mais calma.
Talvez seja apenas o meu lado babão, ou sei lá o que, porém eu nunca tinha visto uma criança tão perfeita com a pequena Lily. Eu não via a hora de poder pegá-la no colo, eu precisava ter aquele momento de olhar para ela de perto e dizer com todo o orgulho a simples e pequenina frase com apenas duas palavras: "Minha filha!".
Eu não cansava de repetir essa frase, quando alguém chegava para ver alguma criança eu sorria e mostrava a Lily e dizia cheio de orgulho: "minha filha!", e a frase vinha acompanhada com um grande e belo sorriso.
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Clary
Eu sempre achei que havia encontrado o meu destino, achava que nada poderia mudar os meus planos de me formar em musicista e dar aulas para crianças, eu até pensei que esse era o meu único objetivo de vida, mas tudo mudou em um toque de mágica quando eu peguei pela a primeira vez a Lily no colo, eu realmente vi tudo o que eu lia em livros e ouvia falar sobre a gravidez, ela era a maior e melhor recompensa que eu podia receber depois destes nove meses.
Na hora eu desmanchei os meus sonhos, deixando-os para o segundo plano. Eu precisava agora pensar em coisas grandes, precisava subir de vida, eu precisava dar tudo o que eu não tive na minha vida. Amor, carinho, cuidados, e essas são as melhores coisas a dar a uma criança.
Ela era a minha linda luz, eu de imediato me apaixonei ao vê-la, realmente valeu a pena tudo o que eu já sofri, eu juro que passaria tudo de novo se precisasse. Assim que eu soube da gravidez eu me culpava pelo o descuido e me arrependia pelas as minhas decisões erradas, mas agora eu vejo que eu fui uma completa imbecil. Eu não tinha ideia de como era se sentir realizada, de como perceber que nada é tão importante quanto a minha pequena Lily.
Estava agora eu sozinha no quarto observando a Lily em meu colo dormindo, Kile havia acabado de sair, ele estava tão feliz quanto eu. Assim que ele pegou a Lily no colo ele apenas ficou uns longos minutos parado olhando para ela, como se ela fosse a coisa mais incrível que ele já viu.
Eu não poderia negar que ele estava sendo o cara incrível que eu havia me apaixonado, eu já não sentia aquela mágoa de antes, talvez eu devesse ter o ouvido, mesmo eu não tendo certeza se o que nós tínhamos voltaria ao que era antes. Só sabia que a partir de agora eu e ele tínhamos um grande elo, e mesmo se não ficássemos juntos, precisávamos nos dar bem.
Assim que ponho a Lily em um pequeno berço ao lado da cama ouço a porta abrir e de imediato vejo a Stephanie e o Kile entrarem, sorrio ao ver o urso enorme na mão de Stephanie e alguns balões.
-Para o que tudo isso? – pergunto risonha.
- São para a Lily, eu trouxe assim que o Kile me ligou, porém eu tive que ficar esse tempo todo segurando isso. – Ela entrega tudo ao Kile e sorri para mim. - Agora me deixe ver a minha afilhada.
Ela caminha até o berço e sorri, passa a mão nas bochechas dela e beija a sua testa.
- Ela realmente é linda Clary, parabéns! – Ela suspira e olha para mim e Kile.
- Então, já se resolveram? Pois não serei a intermediária não.
- Stephanie, não vamos pensar nisso agora. – Diz o Kile indo até uma poltrona e se sentando.
- Vocês devem estar malucos, como não pensar nisso agora? A coisa mais importante para vocês esta aqui e vocês ainda são burros ou são cegos para não perceber que vocês são uma família agora? – Ela sorri. - Eu sei que o babaca errou, porém vocês têm uma nova chance de acertar, e agora essa nova chance tem a felicidade da Lily como objetivo final. - Ela suspira. – Eu só não quero que vocês percam tempo demais pensando e nunca aja, eu não quero que vocês se arrependam no final como eu me arrependi.
-Como assim você? – Questiona Kile.
- Não vem ao caso agora, porém me arrependo de não ter me arriscado e não ter tentando ser feliz. – Ela me olha e anda até a mim e segura a minha mão. – Pelo amor de Deus, não seja tola como eu fui. Ele é um babaca, mas por incrível que pareça, ele te ama e faria de tudo para que você o perdoasse.
- Stephanie, não é tão fácil assim... – falo antes de ser interrompida por ela.
-Tudo é fácil, nós que sempre complicamos. Não decida nada agora, apenas pensa no que eu te falei, ou apenas o deixe falar, aí então você decide.
Afirmo com a cabeça e suspiro olhando para a direção do Kile e vejo-o com a Lily no colo, aquela visão fez o meu coração se derreter na hora, acredito eu, que cerca de 10 mil borboletas voavam pelo o meu estômago. Ele realmente era maravilhoso, não podia negar isso, e também era o homem que eu havia me apaixonado, eu tinha o escolhido para passar a minha vida, mesmo ele não sendo todo o motivo da minha felicidade, porém uma grande parte dela seria atribuída a ele.
Saio do meu devaneio assim que eu vejo a porta se abrir e logo fico surpresa ao ver os pais de Kile e o Jacob entrarem no quarto.
- Hey linda, como você está? –Me cumprimenta o Jacob, sorrindo para mim indo ate o Kile. – Pelo o que eu vejo teremos um novo pai babão aqui né?
Será que o Jacob não sabe da verdade sobre a Lily? Será que o Kile não havia contado a sua família? Será que o seus pais estavam ainda sendo enganados? Olho para o Kile querendo saber se ele havia dito a verdade ou não. Kile me olha sem jeito e abre a boca para dizer algo, mas acho que a sua mãe percebeu e então diz antes dele.
-Ele nos contou, fique tranquila!
- Cass, quero lhe dizer que... – Paro de falar ao sentir a mão dela me interrompendo.
- Não fala de nada, ok? – Diz ela sorrindo tirando a mão dela da minha boca. – Eu realmente não me importo, nem o Edward se importa. Eu te considero minha filha, isso foi a partir do momento que você entrou em nossas vidas. – Ela sorri e olho para o Kile e para a Lily. – Você não tem noção de como estou feliz por ser avó, não me importa se não é do mesmo sangue que eu, porém ela tudo o que eu sempre quis. – Ela suspira. - Eu não vou negar que eu fiquei chateada por vocês terem enganado a nossa família, porém sabemos os motivos e não podemos julgar ninguém.
- Obrigada, eu... – Vejo a Cass me olhando e o Edward, sorrio e apenas agradeço. – Obrigada, muito obrigada!
****
Eu não me cabia de tanta felicidade, eu estava dividindo uma das sensações mais prazerosas com pessoas que eu realmente me importava, e eles se importavam comigo e isso era tudo o que eu queria. Agora estou tendo tudo o que eu sempre almejei, tinha uma família, pai e mãe que se importavam comigo e mesmo que o mundo desabasse, eles estariam ali para me ajudar a me levantar. Eu tinha conseguido uma amiga louca, mas considerava uma irmã que eu nunca tive, ela me ajudou em um dos momentos mais complicados da minha vida e eu sempre serei grata por ela.
E também tinha o Kile, ele me ajudou e cuidou de mim da forma como nunca sonhei ser cuidada, eu nunca conseguiria esquecer nada que ele fez por mim. Eu tenho uma grande dívida para pagar, mesmo sabendo que ele não fez nada por causa de recompensas. Era inevitável não o amá-lo, mesmo depois de tudo, os meus sentimentos não haviam diminuído e também as palavras de Stephanie estavam em minha mente, eu não poderia pensar muito e acabar não fazendo o que realmente o meu coração clama.
Eu precisava ouvi-lo, tinha que pelo menos uma vez na vida parar de fazer as escolhas pela cabeça e dessa vez deixar o coração falar mais alto, e era isso que eu estava prestes a fazer. Já fazia três horas que a família do Kile havia ido embora, eu aproveitei o silencio e acabei cochilando um pouco. Porém assim que eu acordei, vi que o Kile ainda estava no quarto, ele estava sentado todo torto dormindo na poltrona, olho no relógio e vejo que é quase quatro da manhã, respiro fundo e chamo-o.
- Kile?
Ele se mexe tentando achar uma posição na cadeira.
- Kile?
Volto a chama-lo e dessa vez ele ao se mexe.
-Kile, acorde!
Digo tacando um travesseiro nele, ele acorda assustado e olha ao redor.
- O que houve? - Pergunta ele me olhando – É algo com a Lily?
- Não, fique tranquilo. Eu só te chamei porque eu acordei...
- O que? Está sentindo alguma dor? Eu sabia que aquela dose para dor era pouco. – Diz ele me interrompendo chegando perto de mim.
Vendo que ele continuava a falar sem parar sobre não confiar na dosagem de medicamentos, puxo ele pela a gola do casaco e lhe dou um beijo. Ficamos naquela posição por alguns segundos até que ele pede passagem com a língua em minha boca, ele invade a minha boca com a língua explorando cada canto existente dela.
Dou um leve suspiro no meio do beijo e afastamos os nossos lábios, porém continuamos perto, sinto a sua respiração ofegante se misturar com a minha, vejo que ele sorri e então diz:
- Ótima maneira de me fazer calar a boca. – Com uma das mãos ele acaricia o meu rosto e beija a minha testa então sussurra. – Esse beijo era apenas para me calar, ou tem algum outro significado a mais.
Sorrio antes de falar.
- Eu tenho a certeza que foi para as duas alternativas.
- Sério? – Pergunta ele cheio de expectativa.
- Seríssimo, eu pensei no que a sua irmã falou e vi que eu precisava me arriscar. – Mordo os lábios. – E não sei se é a decisão certa a se fazer, talvez no futuro eu possa até me arrepender, porém agora não quero pensar nisso.
- Se você quiser eu posso me explicar, eu te juro que eu não quis te trair. – Lhe beijo novamente e sorrio.
- Vamos começar algo novo agora, vamos esquecer a nossa mentira, essa suposta traição, a Izzy vadia, o JP, as nossas brigas e as mágoas deixadas por pessoas que não valem o nosso sofrimento. – Volto a sussurrar. – Temos um recomeço e ele se chama "Lily".
- É o recomeço mais perfeito que eu poderia imaginar ou querer, muito obrigado por me dar essa chance. Prometo não fazer nada para magoar você e a nossa pequena.
- Isso era tudo o que eu precisava ouvir.
Sussurro voltando a beijá-lo.
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ALUGA - SE UMA NOIVA (EM REVISÃO DISPONÍVEL PARA LEITURA ATÉ 30/10)
RomanceObservações: O livro estará disponível no formato antigo até o dia 30/10, após isso, o mesmo será repostado com as formatações nas informações dos personagens e na história. Como todos nós sabemos, além da mentira se um pecado para Deus, ela também...