If you can sing, sing out loud!

263 14 2
                                    


Saí do banheiro cantando o refrão sem pudor. Eu me sentia tão bem ao cantar sem restrição.

Foi aí que me surpreendi ao ver Ed parado no quarto, apenas me observando. Com o susto, eu escorreguei. Ele correu para me ajudar, enquanto eu ainda estava chocada com a situação.

– Não, fala que é mentira. – murmurei, segurando a minha toalha.

– O que? Você canta tão... Tão... Sua voz é incrível, amor. Por que nunca cantou assim?

– P-por quê? – eu podia sentir o sangue acumulado em meu rosto. – Minha voz é muito ruim, caramba! Não é para você estar aqui agora! – comecei a estapear seu braço, e ele tentava sair da minha ira.

– Meu show acabou há uma hora, amor. – me deu um selinho, apesar da minha vergonha. – Você deveria pensar seriamente em seguir a carreira de cantora. Juro que nunca te vi cantar com o coração.

– Não viaja, ruivo. – me desvencilhei de seus braços e fui me trocar.

– Você deveria mesmo pensar sobre.

Revirei os olhos. Se ele diz, não deve ser mentira.

– Ed, você viu o meu short de dormir? – eu procurava atenta em cada canto da minha mala.

– Você deveria ficar sem.

Suas palavras me fizeram virar para checar algo.

– Você poderia parar de olhar para mim assim. – reclamei, tentando tampar o meu corpo.

– O que é bonito tem que ser mostrado. – falou num tom de como se tivesse ressaltando algo.

– Bonito? Aonde meu corpo é bonito?

– Você é muito gostosa para quem já passou por tudo aquilo. E sabe o que me faz te achar mais linda? Porque você conseguiu reverter a situação e hoje é uma mulher forte. Eu não ligo para os pequenos defeitos, porque eles te fazem linda para mim.

Lágrimas caíram dos meus olhos. Ed não deve ter a mínima ideia de como essas palavras tinham um grande efeito sobre mim.

– Você passou por tudo aquilo e hoje é essa mulher tão... – seus olhos varreram meu corpo. Acho que ele esqueceu de terminar a frase.

– Isso é muito importante para mim, sabia?

Caminhei até onde ele estava na cama.

– Foi muito difícil ter anorexia, até porque todos apontavam isso em mim. Isso doia tanto. – funguei e sequei os olhos. – Você não sabe o quão importante foi por ter me apoiado.

– Você não está gorda. – Ed tentava me convencer, porém o meu reflexo no espelho me dizia o contrário.

– Estou sim, muito gorda. – lágrimas rolaram em meu rosto. – Eu queria tanto ser linda, com um corpo bonito.

Suas mãos levantaram minha blusa, e vi minha barriga. Ela não estava tããão gorda quanto o resto do corpo.

– Maggie... – sussurrou, seus olhos cheios de dor passeando pela parte nua do meu corpo. – Você não está gorda. Acredita em mim?

O olhei pelo espelho, cheia de dúvidas.

– Não teria porquê mentir para você.

– Acontece que eu que não estou satisfeita comigo mesma, entende? Eu-eu não estou! – comecei a chorar, desejando me matar. – Eu estou horrível, horrível! – gritei e tentei sair correndo, entretanto ele me impediu. Passou os braços em torno de mim, prendendo os meus ao lado do meu corpo. – Me solta, Ed! Me solta! – tentava me soltar, porém ele era persistente. – Me solta! Me solta.

Reviravoltas do destino (Ed Sheeran)Onde histórias criam vida. Descubra agora