1: Eu nunca quis tudo

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<Da Terra para Marte. Reconectando..>

Eu nunca quis tudo, não desejei milhares de amigos, não implorei por amor paterno, eu só queria ser feliz, e a minha felicidade foi roubada de mim quando ele parou de respirar. Levaram de mim a ilusão da infância, e me deram em troca uma família incompleta, levaram de mim um pedaço do coração, e me devolveram apenas veias sem sangue.

O soltei das cordas que o mantinham naquele cativeiro, ele olhou em meus olhos, e nos abraçamos apertado, um abraço que estava contido há tanto tempo, e que a cada dia ganhava mais potencial de força. Eu nunca quis tudo, eu só precisava desse momento.

Tinha até medo de respirar e ver tudo sendo levado com o vento, como folhas que caem das árvores sobre a leve brisa. Tinha medo de piscar e abrir os olhos em outro lugar, eu não era a pessoa mais falante o mundo, porque entendia o quanto palavras são pequenas perto de instantes como esse.

Eu não me importava em saber o porquê dele estar vivo, não me importava agora. Nada me faria sair dali, nenhuma circunstancia acabaria com aquilo, um raio cairia na minha cabeça, e seria tão letal quanto uma gota de chuva.

- Você, v-você ta vivo. - disse gaguejando. Minhas pernas mal se firmavam no chão e minhas mãos não eram mais seguras para segurar uma folha de papel.

- Estou. - sua voz falha fazia parecer que ele estava sussurrando, ou recitando palavras para si mesmo. - Existem muitas coisas da qual você deve tomar conhecimento, meu filho. - nos abraçamos de novo. - você está tão grande, Matheus, eu perdi tanto tempo da sua vida. - uma lágrima, que não sabíamos dizer ser de tristeza ou felicidade rolou pelas nossas bochechas machucadas. Ele passou a mão pelo meu cabelo passando pelas minhas têmporas.

- Vai ficar tudo bem agora. Vamos embora. - o segurei pelos braços e depois os apoiei atrás de meu pescoço, ele não sustentava o próprio peso, e minhas pernas eram bambas. Gabriela me ajudou repetindo o meu ato.

Subimos as escadas com dificuldades, ela já uivava com apenas uma pessoa a ocupando, imagine o quanto ela era instável com três corpos sobre um único degrau. Vimos o corpo no chão o meu pai perguntou:

- Vocês lutaram com eles? Vamos embora rápido antes que esse acorde.

- Como sabe que não está morto? Eu realmente acho que só desmaiou, mas eu sei pois dei o golpe que fez isso.

- Olhem as costas dele, estão normais, quando um demônio morre sua pele e vestem ficam escuras, bem no ponto de raiz das asas. - ele explicou. - o outro como está?

- Morto - Gabriela respondeu seca. Seus olhos olhavam para o vazio, eu a conheço, ela acreditava ter tirado uma vida. O que eu mais admirava nela é que ela podia sentir compaixão até com a criatura mais cruel.

- Me mostrem onde. - ele ordenou e prontamente o conduzimos a onde o segundo anjo caído estava.

- Aqui - Gabriela disse quando chegamos.

- Olhem as costas dele.

Eram negras, suas roupas da mesma cor. Parecia pólvora, pequenos pigmentos, arenoso, uma mancha oval.

- Pegue a adaga dele. - meu pai pediu vendo a pequena espada que estava do lado do corpo.

Entreguei a ele e Pedro acrescentou:

- Está arma é enfeitiçada. Tem vestígios recentes, então suponho que foi morto com ela, e ele só morreu por isso, pois qualquer outra arma não teria efeito nenhum sobre demônios. Vejam; - ele pois a espada contra a luz do sol, que era fraca, todavia, existente. A adaga tomou sua quantidade de transparência e era claro ver que duas mechas de uma substancia que eu não sabia qual se moviam ali dentro, como se estivessem seguindo uma correnteza leve. Uma das mechas era púrpura e a outra amarela viva. Pareciam com areias de ampulheta. - Apenas instrumentos como esse tem competência para tirar a vida de um anjo, seja ele de luz ou não.

Entramos no carro e eu decidi que queria que minhas perguntas fossem respondidas apenas quando chegássemos a casa. O horizonte era claro pelo sol poente, mas o céu era como os mares de águas mais azuis, as nuvens pareciam ter sido desenhadas por um artista plástico, eram muitas, todas pequenas, dando espaço entre si como um ato de cumplicidade, e as cores deveriam ter sidas escolhidas por anjos para enfeitar aquele momento.

Abri o portão de casa e fomos recebidos com o olfato de Apolo, que sentiu o cheiro da batalha em nossas roupas. Entramos e nos sentamos, havia muita coisa a ser dito, e muito sangue para lavar.

- Imagino que você tenham inúmeras perguntas a serem feitas. Mas eu tenho uma primeira: Já sabe quem é seu protegido? - ele perguntou a Gabriela e a anja apenas negou com a cabeça.

- Pois então deixe-me ter a hora de mostrá-lo a você: Gabriela se apresente ao seu protegido, e Matheus, diga olá ao seu anjo da guarda.

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Eu mereço ser linchada em praça pública por sempre terminar um capítulo no ápice?

Oiii!

Que saudades ❤

Atendendo a pedidos que vocês me fizeram pelo chat, adiantei o livro. Na verdade só o capítulo, como prévia, para matar as saudades.

Eu não dei a informação principal que você queriam, que seria de como o pai do Matheus "ressuscitou das cinzas", mas eu contei uma coisa legal, não foi? :3

É isso gente, espero que tenham gostado!

<Da Terra para Marte. Reconectado>

Entre Anjos & Guardiões 2: A ProfeciaOnde histórias criam vida. Descubra agora