2: Criados para a eternidade

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 - M-meu protegido? O Matheus? – as frases nem ao menos conseguiam ser processadas pelo meu cérebro. Eu não sabia se estava ouvindo bem, ou se tinha interpretado da maneira correta.

    - Exato. Seu protegido. – Pedro analisou todos os sinais no meu rosto e reafirmou minha suspeita. Matheus me olhou incrédulo, e eu devolvi seu olhar.

    - Como pode ser? É possível que isso aconteça? Quer dizer, eu já sou o guardião dela, como também posso ser seu protegido? –questionou Matheus, tão perdido quanto eu estava, só mesmo seu pai parecia entender.

    - Aí é que está, não era possível, pelo menos nunca antes havia acontecido, ate que vocês vieram, até que a profecia foi dada. – agora Pedro parecia maravilhado, havia um brilho de interesse em seus olhos,  chegamos ao ponto em que ele queria.

    - Profecia? – olhei para ele e depois para Matheus com a boca semiaberta, alertando o quanto eu estava surpresa e incrédula.

    - Sim, a profecia que chegou quando vocês tinham três anos. – Pedro passou os olhos por nós pra ver se captava algum sinal de familiaridade com essa profecia, sem sucesso é claro, Matheus e eu não tínhamos o menor conhecimento dos fatos novos. – Nunca lhes contaram sobre ela? “No jogo do bem e do mal só um pode prevalecer. O anjo e aquele que nasceu para guardá-la são feitos a luz, mas o cego de ódio e vingança surgiu das trevas. Aquilo que é claro e se faz pequeno mostrara sua força, e todos os homens, ímpios ou não, de todos os reinos verão o triunfo luminoso. Todavia, é preciso ter cuidado, dores passadas e a tormenta acompanhara a dupla, que foi criada para a eternidade, mas para tudo que é árduo há uma recompensa, pois no jogo do bem e do mal, só um pode prevalecer”.

       Por trinta segundos todos ficamos imóveis, eu não sabia precisar o que estava sentindo, para ser sincera, não sabia precisar absolutamente nada. Nasci como uma anja da guarda e fui enviada para uma missão de nível de arcanjos, e agora tinha uma profecia sobre mim, e Matheus foi o primeiro a cumprir o papel protegido e guardião. E como assim, triunfo luminoso? Dupla criada para a eternidade? A cada batida do meu coração o corpo inteiro se estremecia.  Meus olhos olhavam fixos para os de Matheus. Minhas pernas ficaram bambas, e eu precisei sentar para não cair dura no chão. Minha cabeça estava quase explodindo de dor, como se milhares de mísseis internos tivessem sido disparados dentro dela, e acho que era exatamente isso que estava acontecendo.

    - Criados para a eternidade? – Matheus quebrou o silencio com uma das muitas questões que ainda haveriam de ser respondidas.

    - Sim. Uma metáfora. Percebam que é um ciclo interno. Você – Pedro disse e apontou para mim, com seus dedos machucados e com calos. – anja da guarda, precisa de um guardião, certo? Ali esta ele. – e apontou para Matheus - mas o que seria de um anjo da guarda sem alguém pra guardar? Você tem um protegido, que no caso, é o mesmo que o guardião. Entendam como tudo fica restrito, sempre vai de volta para vocês. – ele disse quase atropelando as próprias palavras, tudo aquilo fazia muito mais sentido para Pedro do que para mim e Matheus.

    - E como você soube dessa profecia?- perguntei curiosa. Quanto mais questionávamos, mais parecia estranho e confuso.

    - Klaus. Assim que me sequestrou me disse tudo isso. Ele queria me usar, uma troca. Se vocês não recuassem ele diria que estou vivo e ameaçaria me matar.

    - Mas eu vi, eu me lembro de tudo, havia até um estilhaço de vidro cravado bem no seu estomago. Pai, eu fui ao seu enterro.  – Matheus disse. Os olhos já cheios d’água.

    - Foi um feitiço, algo que eu comi, me fez estar morto durante alguns dias, e aquele estilhaço foi retirado no hospital. Ele fez tudo certo, Klaus queria fazer você sofrer, mesmo enquanto ainda era uma criança.

     Nada mais poderia ser dito depois daquilo, nada fazia mais sentido, imagine passar toda a sua vida fazendo planos, tendo sonhos, e um dia descobrir que o destino já tinha outras ideias pra você. Eu não sabia mais o que fazer, só tinha certeza de uma coisa, eu pegaria o Klaus e, seria o triunfo luminoso.

       O céu estava tão escuro, tão sem nuvens, e até a lua parecia ter sumido. Meus olhos contemplavam o horizonte seu ao menos piscar, a minha vida era uma montanha russa, a cada vez que eu respirava tudo mudava, mas o horizonte ainda estava ali, me dando um oxigênio libertador. Todos os meus planos havia sidos destruídos. E se eu não conseguisse matar o Klaus, e se eu não fosse realmente parte daquela profecia? Será que toda minha vida foi uma mentira? Eu vivi uma ilusão por todo esse tempo?  E Rômulo, ele era real?

       Pequei o celular que estava no bolso. Disquei os números, esperei ele atender..

    - Gabriela, quanto tempo você não me liga, está tudo bem? – Rômulo perguntou, a voz doce, mais do que o habitual.

    - Você sabia da profecia? Sabia quem eu era?

    - Como assim? Profecia? – perguntou confuso e sem respostas.

    - Eu não posso lhe contar agora. Só me diga se você realmente me adotou ou se alguém mandou, quer dizer, te pagaram para isso? A comunidade fez algo para que você ficasse comigo?

   - Filha, claro que não. Por que essas perguntas? – seu tom de voz era cada vez mais interrogativo e preocupado.

    - Rômulo me responde, o que você faria se a sua vida não fosse o que se imaginou?

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Como é que vão vocês, em? E a vó, ta boa?

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Entre Anjos & Guardiões 2: A ProfeciaOnde histórias criam vida. Descubra agora