Capítulo 4: Promessas

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Como eu pude me sentir tão fora de mim, ao ouvir uma voz desconhecida?! Eu me arrepiei da cabeça aos pés ao ouvir aquela voz.
Continuei em silêncio, esperando algo acontecer, um apocalipse talvez.
Tenho que parar de andar com a Cah, to pegando o drama dela.

- Angel? É você? - Ouvi uma voz extremamente rouca e calma.
Me virei pra observa- lo e me surpreendi, um garoto mais alto que eu, com olhos verdes escuros e cabelos castanhos.

- Me desculpe, não te conheço. - Mas eu não estava mentindo, eu não o conhecia.

- Ahm - ele parecia confuso - Soube sobre o seu acidente, fiquei preocupado, o que aconteceu? - Eu sentia que podia confiar nele, sou uma maluca cara.

- Eles dizem que eu perdi a memória, algo do tipo - respondi o olhando.

Ele chegou mais perto e sentou na escada de sua casa, esperando eu ir até ele. Sentei do lado dele, por mais estranho que pareça.

- Eu era seu melhor amigo, nós brigamos à uns meses. - Ele foi diferente, falou na cara, parecia que ele sabia que eu odiava enrolação.

- E o motivo? - o olhei, não tinha vergonha de olha-lo, engraçado.

- Você ia achar meio idiota - sorriu - na verdade eu tenho que te contar a história toda, pra você entender o motivo.

- Entendo, você sabe de que eu preciso saber?

- Eles mentem pra você, Angel - ele disse, olhando dentro dos meu olhos.

- Pra falar a verdade, a gente ia fugir, antes de tudo acontecer. - Ele sorriu, lembrando de algo - Você sempre quis sair daqui, e agora eles mentem pra você não saber da verdade.

- Quem mente? Do que você ta falando? - perguntei meio aflita.

- Porque você acha que eles estavam me escondendo de você? Eles tiraram as suas fotos da parede?

Como ele sabia das fotos na parede?

- Você tem as fotos? - perguntei.

- Óbvio, eu nunca vou jogar fora - ele deu um sorriso fraco.

- Posso ver?

- Vem, vamos...

De repente alguém sai da casa com uma feição assustada e pergunta.

- O que ela está fazendo aqui, Aaron?

- Os pais dela ligaram procurando, eles não querem ela aqui.

Aaron bufou.

- Você falou que ela estava aqui? - Aaron perguntou nervoso.

- Não, não sabia disso. É melhor ela ir embora agora.

Ele olhou pra mim e eu entendi, mas precisava saber mais.

- Eu preciso saber de tudo. - estava nervosa.

- Eu vou atrás de você depois, confia em mim, e não escute eles. Por favor - ele disse perto demais de mim, sentia sua respiração, ele estava com a testa colada na minha e com uma mão na minha cintura. Ele estendeu a minha mão e me deu um colar. - Você tem que ir agora.

- Tá, tá. - disse nervosa.

Virei e fui embora, quando eu virei a esquina, comecei a correr, algo estava me assustando, o que aconteceu ali? Como ele sabia das fotos na parede? Porque me afastaram dele?
Assim que cheguei em casa, a luz da sala estava acessa, sabia que ia ouvir muito. Senti no sofá, de cabeça baixa.

- Onde você estava? -perguntou minha mãe.

- Eu fui andar, queria respirar ar puro, ficar no hospital muito tempo me deixou abafada. - respondi, olhando pra ela.

- Não avisou, você tem que avisar, nos assustou. - disse, aliviada.

- Vá dormir, chamei a Karen pra vir aqui, ela chegou de viajem hoje cedo.

- Tudo bem. - respondi, subindo as escadas.

Pra falar a verdade eu sinto muito a falta de Karen, ela era a única que me entendia e me fazia rir, mesmo quando eu queria chorar, ela que me levava pro caminho ruim, como ela dizia. Tenho pena da minha mãe que acha que ela é a melhor companhia que eu devia ter.
Não espero que Karen queira me fazer lembrar do passado, mas com certeza ela quer fazer um futuro maluco pra gente.
Talvez da próxima vez que a gente resolvesse por álcool na histora, ela conte algo sem querer.
Sorri com a ideia maluca que tive, mas sei que ela vai me fazer esquecer isso um pouco.
Deitei na minha cama e sinceramente, não conseguia nem fechar os olhos pensando nessa loucura. Olhei pra minha parede incomodada com a falta de algumas fotos. E me lembrei do que ele disse, porque eu não devia confiar nos meus próprios pais? Coisa estranha.
E o ruim é que eu não tenho nem um diário ou algo assim. Talvez eu tenha mas com certeza esconderam de mim.
Só achei um caderno, era de desenho e estava lotado. Tinham todos uma assinatura estranha, não era minha. Talvez seja do Aaron, ou talvez não, será que tem uma terceira pessoa por aí? AHHH cacete
NÃO VOU PENSAR NISSO, que saco Angel. Vá dormir e amanhã se distraia um pouco com a Karen, pelo que eu me lembre ela tem um grande senso de humor, saudades dela.
Me sinto diferente, mais estranha, mais tranquila. Ao que parece que ia fugir, mas agora, estão todos tão calmos.
Então, porque será que Aaron falou que eu queria fugir? Eu? Fugir? Nem lembro de ser assim.
Talvez dormir seja a melhor opção agora.
Quando fui trocar a minha roupa, caiu o colar de Aaron, e achei melhor esconder no criado mudo, não escondi na verdade, só tirei do campo de visão.
Deitei na minha cama e por mais que os pensamentos fossem muitos, o sono me pegou primeiro, fazendo meus olhos se renderem e eu dormi.
Amanhã será um grande dia, ou talvez só mais um dia que ninguém vai deixá eu sair de casa com medo do Aaron me ver.
" Eu vou atrás de você ", pensei . Já que ele me prometeu, eu vou esperar.

Quando Eu Menos EsperavaOnde histórias criam vida. Descubra agora