Grace

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Com um resmungo, Dustin estacionou o carro na rua da Ecstasy e desligou o motor.

-Quanto tempo vamos ter que ficar aqui? - perguntou, impaciente.

-O tempo que for necessário - respondeu Grace Lancaster, no banco do passageiro - Ele não pode desconfiar que o seguimos até aqui.

Mais cedo naquele dia, ela e o pai tiveram uma discussão a respeito das suas aventuras à Ecstasy que quase sempre duravam a noite inteira.

Grace, como toda mulher, reconhecia que Morgan estava bem preservado e que ainda atraía os olhares femininos pelo porte físico, e fora isso, era rico e famoso, o que atraía ainda mais olhares graças à fortuna. O que Grace e o irmão estavam determinados a fazer era proteger a família de qualquer interesseira, embora somente ela estivesse se esforçando.

-Tem certeza de que Harry estava certo? - perguntou Dustin - Você sabe, seu irmão não é uma fonte de informações confiável. Ele pode ter se enganado.

-Harry pode ter muitos defeitos, mas não é idiota. Tenho certeza que ele está mesmo frequentando esse lugar. Ele sequer tentou negar.

Há algumas horas, ela e o irmão invadiram o quarto do pai atrás de satisfações. Entretanto, o que receberam foi um discurso de como ele era independente e que podia cuidar da própria vida sem a intervenção de ninguém.

-Sabe que ele está com a razão, não sabe? - indagou seu marido.

-A questão não é essa, Dustin - responde Grace - O estranho é que quando perguntei à Thalya sobre as vindas dele à Ecstasy, ela não me respondeu nada de concreto. Disse algumas coisas sem nexo, e do jeito que a conheço, sei que estão escondendo alguma coisa. Thalya não sabe mentir.

-Tem razão. Mas por que estamos o seguindo?

-Porque ele e Lorenzo vão sair esta noite. E com a roupa que estava usando, tenho certeza que papai virá para cá.

Para Grace, o pai estava com cartas na manga que atraíam e muito o seu interesse. Morgan sempre foi um homem reservado e de segredos, mas agora seus filhos também podiam participar daquela brincadeira.

-Este lugar com a forma que tem representa um perigo para os nossos interesses no futuro - continuou ela - As garotas que trabalham aí fazem de tudo para depenar um pato estúpido com a mão dentro da coisa e o álcool na cabeça.

O Sedan preto de Morgan havia acabado de estacionar no estacionamento do Cassino Ecstasy quando Dustin percebeu que a esposa estava certa quanto às suas suspeitas. Viu quando Lorenzo e seu sogro desceram e entraram no Ecstasy.

Dustin olhou de relance para a esposa, que observava fixamente a cena ao longe. Ela parecia obcecada com aquela caçada.

Ele não conseguiu evitar um pensamento sobre o bom gosto do sogro. Ele mesmo já havia frequentado o Ecstasy nos seus tempos de modelo, e sabia que o que não faltava ali eram "atrações", principalmente na boate. Estava se lembrando da vez em que dormira com uma garota de lá, quando voltou a encarar Grace.

Uma mulher linda com um personalidade forte e persistente, e sem sombra de dúvidas, vingativa. Chutara-o para fora da mansão da família no ano anterior após ele ter se envolvido com uma das copeiras que tinha uma bunda enorme e que já estava dando em cima dele havia muito tempo.

Grace o flagrara fazendo sexo com a mulher na despensa e quase o capou com uma faca de açougueiro. Expulsara-o na mesma noite junto com a empregada. Ele ficou meses fazendo o papel de bom moço, pedindo perdão, até que Morgan a convencera de aceitá-lo de volta. Dustin sentia uma espécie de carinho por ela, mas não chegava a ser amor.

Grace mudou muito depois desse incidente. Não confiava mais nele, mantinha um casamento de aparências e o vigiava sempre que possível. Dizia sempre que não ia tolerar mais uma traição. Há meses fazia arco e flecha em um clube, onde era uma das melhores. Estudava direito e contratara um personal trainner, tudo para preencher seu tempo. Estava fortalecendo o corpo e a mente, e estava dez vezes mais perigosa agora em comparação de quando o ameaçou com uma faca no flagrante da traição. Porém sempre que se lembrava da conta bancária, dizia a si mesmo que o risco valia a pena.

-Vamos entrar? - perguntou Dustin.

-Não. Vamos esperá-lo aqui.

Dustin estava prestes a contestar quando desistiu diante o olhar de Grace. Parecia um predador, tal como fazia quando estava praticando com o arco. Tinha um alvo, e seria paciente o bastante para esperar o momento mais oportuno para dar o golpe certeiro. Estava atenta à porta do cassino, determinada a não perder nenhum detalhe. Ela viu quando uma mulher com um casaco preto entrou logo em seguida, pensando ser qualquer desconhecida de seu pai. Mal sabia ela que estava enganada.

Deseja-meOnde histórias criam vida. Descubra agora