Morgan

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Quando Morgan entrou na segurança do seu quarto, pôde enfim, relaxar.



Lorenzo o trouxera da Luxius, e desde que desceu no estacionamento, tomou todos os cuidados possíveis para não alertar ninguém da casa sobre a sua chegada. Inclusive, mandara Lorenzo tomar um banho, fazer a barba e vestir uma roupa de festa, pois naquela noite iam sair juntos.



Tudo estava correndo de acordo com o plano, e Thalya já encomendara o que era necessário para conclui-lo. E o tempo que era necessário para aquela encomenda ser feita e entregue seria mais bem empregado se Morgan ficasse de olho na outra parte interessada deste.




Subiu as escadas pé por pé, degrau por degrau. Fez sinal para a copeira não fazer alarde da sua presença e até se escondera em um quarto de hóspedes quando ouviu sons de passos no corredor. Pelo buraco da fechadura percebeu que se tratava do seu genro, Dustin McGreever, que desfilava como se ainda estivesse nas passarelas, ostentando todo um luxo em roupas e perfumes que não lhe era justo. Afinal, não fazia nada da vida, assim como Harry. Porém, por Harry ser seu filho, fiscalizá-lo se tornava uma tarefa bem mais trabalhosa.



Quando ele se foi, saiu do seu esconderijo e rumou direto para o quarto.



Ali dentro, tomara uma rápida ducha no banheiro da suíte, e estava só de roupão dentro do seu closet com as portas fechadas quando foi surpreendido.



-Rá! - gritara a mulher atrás de si, assustando-o a ponto de quase deixar a toalha cair no chão.



-Não acredito que saí da minha sauna para ver isso - disse Harry, virando os olhos, e estava prestes a sair quando foi impedindo por uma Grace eufórica.



Se é que podia chamar aquilo de euforia.



-Vejam só quem está aqui! - continuou ela.



-Filha, este é meu quarto. Surpresa é vocês dois estarem aqui - respondeu Morgan.



O quarto de Morgan já não era o mesmo em que dormia com a falecida esposa. Após sua morte misteriosa, aquele cômodo fora trancado e Morgan se mudou para um dos antigos quartos de hóspedes.



Era menor do que antigo, mas ainda sim era muito grande e espaçoso. Ele jamais se importou muito com a decoração do quarto, tendo apenas o essencial mesmo: sua espaçosa cama de casal, cômodas e criados com poucos enfeites, tapetes brancos e felpudos por todo o chão, algumas poltronas e uma mesa de centro, ambas dispostas perto da varanda, e, pouco além, estava o closet, que era um dos menores da casa em comparação aos dos filhos.



Apesar de tudo, era o seu quarto, lugar da sua privacidade, e por isso se assustou ao se ver só de toalha diante dos filhos.



Grace se virou para o pai, o encarando com os mesmos olhos cinzentos que herdara dele, que eram inquisidores como a lâmpada de um interrogatório. Ela chegava a assustá-lo tamanha a frieza que tinha em sua voz ao falar. Lembrava muito Natallie.



-O que foi? - indagou ela, com um sorriso cínico - O gato comeu sua língua?



-O que você quer dizer com isso?



-Bem, você nos deve uma explicação.



-Explicação para o que, afinal de contas? - Morgan quis saber.



Harry começou a assobiar inocentemente enquanto Grace o olhava com um olhar de repreensão. Morgan começou a perceber o que estava se passando.



-O que foi que você disse dessa vez, Harry?



-Por que acha que fui eu? - exclamou o rapaz, teatralmente - Parece até que gosto de fazer intrigas.

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