Tyler

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Tyler estava nervoso. Sentado no balcão do bar da Ecstasy, seus dedos tamborilavam sobre a superfície de madeira enquanto o copo com a bebida que pedira permanecia intocável perto de si, com somente metade do líquido restante.

-Quer que completa? - questionou Charles Sander, um dos barmans.

-Não, obrigado - respondeu Tyler, pegando o copo e dando mais um gole.

A cena que acabara de testemunhar tornava a se repetir em sua mente repetidas vezes.

Margaret Strausser perdendo o controle e avançando sobre o marido e uma das dançarinas. Ele mesmo a segurando enquanto a impedia de arrancar os cabelos tingidos de roxo da garota. E o irmão dela aparecendo para socorrê-la, agradecendo por protegê-la e dando lhe um caloroso aperto de mão, e o beijo que recebera no rosto pela própria garota.

Tyler tentava reprimir um desejo que despertara em seu peito por causa daquela pessoa que agora não conseguia tirar da cabeça. Ele, melhor do que ninguém, sabia que nada de bom poderia surgir disso.

Estava agora tentando afogar na bebida a decepção que tivera anos atrás, o medo de voltar a confiar em alguém novamente, de se entregar e ser apunhalado da mesma forma que fora anos antes.

"Mas o passado já passou. Viva o agora, Tyler!", foi o que muitos lhe disseram, mas ele não dera ouvidos. Neste tempo, se dedicou quase que exclusivamente ao trabalho. Mas nunca em anos ele se sentira tão atraído por alguém antes.

-Ah, aí está você! - disse a famosa voz que atormentava seus pensamentos vinda por trás.

Ele se virou e se viu diante a pessoa que tentava esquecer, sorrindo-lhe.

-Achei que devia agradecê-lo novamente. Não sei o que faria se...

-Não precisa agradecer - disse Tyler nervoso, quase que gaguejando, mas suando frio - Qualquer outro faria o mesmo.

-Não mesmo - discordou - Geralmente, só nos veem como coisas por aqui. Se não estamos passando bem, eles não estão nem aí, nos trocam como um brinquedo velho e passam a brincar com outro. Se quebramos uma perna, o mínimo que fazem é perguntar se ainda podemos dançar.

-Mas que equívoco dessa gente.

-Equívoco? Quer dizer que não se sente atraído por mim?

Tyler ficou ainda mais nervoso ao ouvir essa pergunta. Agora, já não conseguia mais esconder o nervosismo. O que começou como um comentário inofensivo estava tomando proporções assustadoras.

-Não foi o que eu quis dizer.

-Mas foi o que de a entender - respondeu a pessoa, se aproximando a ponto de colocar as mãos nas pernas de Tyler - Mas eu não acredito. O que sua boca diz seus olhos desmentem. Por que está com medo?

-Medo? Eu? - perguntou Tyler.

-Sim, é medo que estou vendo em você.

Uma onda de coragem o invadiu e Tyler, quando percebeu, já estava com um gás extra e saltou de onde estava e se entregou a um beijo ardente.

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