Conto 8 - Eu Não Sou Uma Maldição (Parte 2)

99 9 6
                                    

Caminhando por uma estrada, alguém passa pelo seu passado, presente e futuro. Um alto regougar em sua mente ressoa como uma marca de sua vida. Teria para sempre marcas do que aconteceu.

Passando pela estrada, vê uma placa já suja e empoeirada pelo tempo:

"Você tem sorte"

Os anais do tempo refletem em seu coração. Este alguém pensa no que fez... sua sorte realmente parece ter sido grande. Alcançara o arrependimento e o perdão. Em todos os sentidos.

Continuando o caminho, observa outra placa. Também empoeirada e suja:

"Preste muita atenção"

Observando ainda uma última placa, vê uma escada que dava subia até um tribunal. Mas antes, outra placa:

"Agora, lembre-se, mesmo que por um momento antes da jurisdição...

Seguiu com sua vida após mim... mas não tenha raiva ou remorso pelo que falarei agora. Você teve meu perdão, pois o pediu.

Enquanto você descansará em paz, seu amigo viverá para sempre nas trevas...

Eu não sou uma maldição"

...

Uma luz brilha no quarto de Leaf, ela olha ao seu lado e vê seu novo mascote. Uma raposa feliz a espera com olhos cansados pela idade, mas sinceros de coração. Ela já tinha uma idade avançada... mas estava feliz.

Já faz quase um mês desde que o novo integrante da família chegou. Foram dias felizes. Mas a menina sente algo ruim em seu coração... um pressentimento ruim.

A campainha soa, e garota corre para atender. Ela se surpreende olhando pelo olho mágico, não era um conhecido... era um menino alto, com rosto era triste. Se indentificou como Gary... mesmo sem saber se podia confiar nele, Leaf o deixa entrar.

Ele chega e olha para a raposa. Loneliness abre um sorriso ao ver seu ex-dono. E corre para ele. Mas olha para sua expressão, em seus olhos, e se assusta. Os olhos dele não eram felizes, mas inspiravam ódio. Os olhos são a janela da Alma... não importa quão belo é o sorriso, se os olhos o contradizem.

Gary, com Loneliness no colo, conversa com Leaf. Diz que o perdeu quando ainda era jovem... pois ele amaldiçoara sua casa. Ele conta que Loneliness empurrara seu outro mascote de um penhasco. E que aconselhava a Leaf o sacrificar.

A garota diz que nunca teria capacidade para isso... mas devolve a raposa para Gary. Mal sabe o que faz...

...

Sobre um morro, uma cruz está cravada no chão, perto de um montinho de terra. Nela está escrito o nome "Yolo".

Também sobre o morro, um menino segura pelo pescoço uma raposa perto de um abismo. A raposa, lacrimejante, não entende a razão disso tudo... por dentro sente arrependimento. Será que ela realmente teve culpa de algo?

Mas quando Gary estava pronto para soltar, Loneliness morde a mão dele, e corre. A raposa consegue escapar.

...

Ofegante, uma raposa corre na chuva em direção a uma porta em sua frente. Na cálida noite, só se ouviam pingos caindo ao chão, e os passos do pobre animal pelas ruas. Já fazia-se muito tempo desde a última vez que estivera ali. E novamente se via na mesma situação.

Com lágrimas, ela arranha a madeira da porta, e regouga chorosa com o pêlo encharcado pela fria água que caia sobre ele. O clamor da pobre da raposa é interrompido pelo abrir da porta a sua frente.

Uma menina de aproximadamente quinze anos envolta em um capuz e roupas de inverno sai, e ao ver a raposa... a pega no colo e a leva para dentro. A menina, chamada Leaf, enrola o animal em um cobertor quente e desce as escadarias até o porão.

Loneliness, a raposa, se sentiu acolhida pela primeira vez em muito tempo. Enrolada e protegida no cobertor, ela assiste o descer das escadas por sua ex-dona. O coração de Lonliness se enche de esperança, Leaf iria querê-la de volta?

Dividida por dentro, a menina ouve vozes que se confundiam em sua mente, uma a mandava cuidar do pobre animal solitário, esquecer o conselho do antigo dono de Loneliness, mas por outro lado, a voz contrária ecoava clara em sua cabeça... Seus sentidos se contrapunham. Até que ela toma a decisão.

Nos braços de Leaf, Lonliness se lembrava de seu passado. Por um momento esquecera dos traumas e sofrimentos, das trevas e da morte. Esquecera de tudo. Ele era finalmente amado novamente. Loneliness estava disposta a perdoar completamente tudo o que o passado lhe fizera... e todo o passado, se a menina quisesse.

A poucos metros dali, em silêncio, alguém assiste a cena da menina com a raposa em seus braços descendo cuidadosamente a escada para o porão. Este alguém observa cada passo e cada respirar. Mal podia esperar... após muita espera, era chegado o momento.

"Por favor me perdoa"

Um regougar se ouve do fundo de um porão... era chegado o fim.

Fim?

Entre A Cruz E As PalavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora