Carpinteiro - IX

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"Jesus poderia preferir a carpintaria, mas preferiu a Cruz. Ele preferiu sair da glória, para nos ver entrar nela."

Texto -

"Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão? e não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizavam-se nele." Marcos 6:3

Imagine um homem andando dentro de sua carpintaria.

Um homem de aproximadamente trinta anos. Ele tem o cabelo mal tratado e grande, com barba grossa e suja, seu rosto está encardido, sua pele está machucada, suas vestes estão mal lavadas e com suor. Este homem é Jesus.

É difícil pensar assim não é? Como um homem normal que ele era... começando por seu nome, a Bíblia diz que o nome Jesus era comum. Talvez na sinagoga que ele frequentava houvessem cinco ou seis "Jesus". Algumas versões trazem o nome de Barrabás como "Jesus Barrabás".

Ele era comum... Ele adoecia, ficava gripado. Ele usava o banheiro. Ele certamente martelou o dedo na carpintaria. Jesus talvez tenha se apaixonado por alguma menina nos tempos de criança. Talvez tenha ido mal na escola. Ele cuspia talvez no chão daquela sala... como todo carpinteiro assim fazia em um dia de trabalho. Ele quem sabe tivesse péssima memória (mesmo sendo Deus Ele já tinha uma maravilhosamente péssima memória).

É... com toda certeza é difícil pensar nEle assim. É mais simples pensar em Deus como sendo um ser intangível, quando aqui na terra. Mas não podemos pensar assim.

O fato de Jesus ter sido alguém tão comum aqui na terra, não diminui sua grandeza. Pelo contrário... o fato de Deus ter se feito homem, 100% homem, é o que faz Jesus ter sido tão especial.

Voltemos a cena por um momento.

Ele passa pelas tábuas de madeira que tantas vezes cortou e serrou. Atravessa e vê o martelo com o qual martelara seu dedo enquanto aprendia a técnica correta com seu pai José.

Ele olha para o alto, vê o teto com goteiras que tantas vezes tampara... olha para o chão, e pensa nas pessoas que andaram ali. Cada rosto talvez passa por sua mente. Alguns familiares, lembra de algum pedido especial que atendera com pressa. Alguma família para qual doara algum objeto.

Ele caminha, e se vê correndo quando criança com seu primo João naquela carpintaria. Ele vê sua infância e juventude ali.

Agora... ele contempla o futuro. Pensa no plano que seu Pai lhe dera. Ele teria que abandonar aquela confortável carpintaria, e teria que ser subjulgado pelos homens, humilhado e cuspido.

Ele pensa nos soldados, nas dores, nos pregos que furariam sua mãos, na lança que o atravessaria, nas suas vestes repartidas.

Ele não tinha que ir... nunca pense que Jesus foi obrigado a ir. Ele não era obrigado. Ele tinha escolha. Se Jesus quisesse, podia nem ter saído de seu Trono nos céus. E poderia voltar para lá... bastava uma ordem e seus anjos o levariam de volta. Ele poderia ficar e ser um famoso carpinteiro local, um líder político influente.

Mas então, Jesus olhou para nós. Por um instante nos viu. Pensou em nosso pecado... nas prostituições, nas mentiras, nos roubos, pensou naquele pecado que torcemos para que ninguém descubra. Pensou nos assassinatos, nos roubos, nas lascívias, pensou no quanto fomos ingratos com Ele. Pensou em cada pecado e falha que cometemos. Pensou em tudo isso... e tomou a decisão.

Não pense nunca que Jesus foi um acidente. Nem cogite a possibilidade de achar que a Cruz foi a consequência dos judeus recusarem a Cristo.

Não foram os pregos romanos, não foram os soldados ou a coroa de espinhos, o que prendeu Jesus naquela rude Cruz de calvário foi o amor por mim e por você.

Existe sim algo impossível para Deus, algo que Ele não pode fazer... e este algo é deixar de nos amar. Isso é impossível para Ele.

Naquela carpintaria... Jesus olhou para mim e para você e disse: "Eu te amo."

E então, fechou a porta, e foi se arrumar para um casamento. Era o início de seu sofrimento, era o início de nossa redenção.

Entre A Cruz E As PalavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora