Capítulo 2

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Com 14 descobri sobre minha diferente preferencia sexual. Não senti vontade de beijar a menina da sala ao lado que era apaixonada por mim , e sim com um de seus amigos que vivia com ela. Conversar e fingir interesse nela era uma forma de ficar próximo dele, foi errado mas graças aquilo eu descobri quem eu era.
Tudo deu errado como voce já deve ter previsto.

A garota chamou-me para ir ao cinema e ao acabar a sessão a gente-eu, ela e o seu amigo- seguimos para um parque conhecido por sua beleza de fim de tarde. Nos sentamos escorados em uma grande arvore e quando ela foi comprar sorvete eu fiz o que estava com vontade a tempo.

O beijo foi simples e solitario já que o garoto não correspondeu mas tambem não me empurrou, apenas paralizou. Um grito surpreso me fez romper o contato de nossas bocas. Meus olhos logo encontraram um sorvete no chão, uma garota assustada e surpresa e uma paisagem linda do sol se pondo ao fundo. O lugar era realmente bonito.

Semanas depois a tal garota não olhava mais na minha cara, o garoto havia se resolvido com sua amiga e, pelo o que eu soube, se declarado para ela ,e eu assumi minha sexualidade.

Não houve brigas nem gritaria em minha casa quando meu pai soube. Ele apenas falou que gostaria que eu fosse feliz não importa como e com quem. Eu era sua família e ele era a minha. Eu e meu pai contra o mundo.
Infelizmente o mundo resolveu jogar um desafio para nós que apenas eu poderia encarar enquanto ele observava e torcia para que eu não morresse.

• • •

Acordar parecia uma tarefa tão difícil para meu corpo fraco. O tratamento que deveria estar ajudando, estava apenas me deixando mais debilitado e sem energias para levantar e fazer algo.

Passou uma semana desde de minha chegada e depois de eu ter saído da ala de reabilitação eu não fui a outro lugar sem ser meu quarto e a sala do doutor que cuidava e me enchia de remédios que me fazia vomitar e ter tontura durante horas.

As vezes eu não conseguia dormir á noite pelas fortes dores acompanhadas de sangramentos desnecessários ao meu ver mas satisfatórios ao meu cancer.

Na manhã de um dia qualquer, atualmente eu não me preocupava mais com dias da semana ou meses pois aquilo era só mais um tempo perdido com tratamentos que eu sabia que não me curaria, minhas pernas não estavam tão bambas, minha cabeça não parecia estar girando a mil em uma montanha russa infernal que causa uma dor insuportável e fazia um pouco mais de 16 horas que meu corpo não tentava expulsar minhas tripas para fora.

Voltei ao local que havia visto o garoto de longos cabelos. E para minha surpresa, ele estava no exato lugar, olhando para aquela mesma janela, apenas suas roupas haviam mudado dando lugar a uma simples camisa branca e uma calça jeans. Novamente sozinho, novamente misterioso.

Me aproximei silenciosamente. Talvez o fato de eu estar sozinho naquele lugar tão triste e doentio me fazia desesperado por uma companhia ou talvez sua presença tão silenciosa e ímpercepitivel para outras pessoas deixa algo dentro que de mim -que com certeza não era o maldito tumor- agitado e inquieto em busca de saber mais sobre aquela figura solitária.

Ao me sentar na mesa, chamei por breves segundos a sua atenção mas logo suas orbes que agora eu tinha certeza de que era um verde, se viraram para a janela ignorando minha presença.

"Oi" arrisquei dizer e logo me arrependi ao receber de volta um frio silencio "Eu sou o Louis" tentei novamente e dessa vez consegui tirar um suspiro meio irritado meio cansado dele "Qual é seu nome? "

"Não importa" sua voz rouca chegou aos meus ouvidos arrancando-me um sorriso. Pelo menos ele me respondeu, já era um grande passo

"Não importa. Bonito nome, gostei" brinquei "Então, por que está aqui? Visitando alguém? " perguntar a uma pessoa o que ela está fazendo no hospital não é a maneira mais simpática de iniciar uma conversa mas naquela situação eu não sabia o que falar.

"Pare de tentar ser amigável e volte para sua terapia de reabilitação. Voce só mais um drogado que para distrair a falta de qual seja a sua droga, está falando comigo mas eu já vou avisando antes que eu não me importo com o seu problema e não quero fazer nenhum amiguinho viciado aqui" ele falou rápido e grosso, com uma pontada de mágoa na voz. Abri o meu melhor sorriso e ele me olhou desconfiado.

"Eu não sou um viciado. Estou apenas visitando essa ala já que ficar no meu quarto é chato e não acho que eu ficar deitado na cama o dia inteiro vai curar minha leucemia" disse ainda sorrindo e nessa hora foi a primeira vez que ele realmente me olhou com suas orbes antes tão inexpressivas e agora eram machadas de surpresa "Já que eu falei o que eu tenho e meu nome que tal voce fazer o mesmo? "

Depois daquele dia eu passei a me encontrar com o Harry - esse era seu nome - todos os dias que meu corpo permitia ir aquela ala. Harry agora já conseguia falar comigo, não tanto como eu gostaria mas eu já via um grande avanço.

Não sabia muito sobre o garoto, apenas sabia que seu nome era Harry, ele tinha 19 anos e um longo histórico com drogas que o levaram a onde se encontra agora. Seus pais eram ricos e viviam viajando, dificilmente ele conversava com seus progenitores. Ele era calado e fechado, não era o tipo de pessoa que confiava em qualquer um e não gostava se criar laços de amizades.

Apesar de ser uma pessoa difícil, Harry era inteligente e interessante, toda sua pose de homem forte e sem sentimentos o dava uma aura atraente que me fazia pensar nele nos momentos que eu estava só na minha cama.
E foi em um dia nublado, depois de algumas semanas, que eu descobri que estava apaixonado por Harry.

You Gotta Help MeOnde histórias criam vida. Descubra agora