Meu corpo todo estava como se um caminhão estivesse passando por cima dele. Não que, em alguma vez na minha curta vida, caminhão havia passado em cima de mim, mas eu acredito que a sensação disso seja a mesma que eu estava sentindo naquele momento.
Todos os meus músculos se recusavam a se mover e quando finalmente se mexiam por muito esforço de minha parte, era como uma tortura para meus nervos. Tudo doía, a sensação era inexplicável.
Isso tudo era sentido enquanto eu ainda estava de olhos fechados, quando eu enfim consegui abrir para ver o mundo, me deparei com uma forte luz branca que parecia mais a luz do fogo do inferno de tão forte e dolorosa que era. Precisei de muito tempo para finalmente me acostumar com a claridade.
Os borrões em minha volta foram tomando formas conhecidas aos poucos. Depois de um tempo, consegui distinguir a imagem de meu pai sentado na cadeira ao lado da minha cama, próximo dele estava os aparelhos que apenas aqueles médicos mais estudiosos sabiam o nome. Senti meus dedos formigarem e lentamente voltei a sentir um pouco dos nervos de minha epiderme.
Tombei minha cabeça para o lado em busca do que tocava minha pele e encontrei cabelos longos deitados ao lado de meu quadril na cama. Um Harry com expressão cansada mesmo que estivesse dormindo e segurando minha mão delicadamente me fez sorrir sincero, porém me lembrei de suas palavras no dia de neve e fechei minha expressão feliz no exato momento que as lembranças cruzaram minha mente.
Depois que meu pai acordou e percebeu que eu havia despertado, ele chamou o médico, este que fez várias perguntas e me deu alguns medicamentos enquanto explicava que eu havia desmaiado por fraqueza, avisou também que o tratamento estava perdendo a eficácia e que eles precisariam tentar algo mais agressivo para tentar retardar o mau em meu corpo e, quem sabe, me dar mais algum tempo de vida.
Eu havia apagado por 3 dias e precisaria ficar mais 5 de cama para me recuperar e nesse meio tempo também precisaria ficar a base de remédios os quais eu nem sabia o nome. Esse foi um tempo muito difícil para mim, principalmente quando a aura de meu pai e Harry que sempre ficavam a minha volta era tão depressiva, eu me sentia sufocado.
No terceiro dia deitado e sendo dopado, eu recebi uma visita surpresa que deixou toda a tristeza se dissipar de minha alma. Um amigo de longa data havia ido ao meu quarto, trazendo aquela aura animada e debochada que sempre tivera.
Zayn conversou sobre várias inutilidades comigo, comentando sobre o quanto aquelas enfermeiras eram velhas com cara de bunda, dizendo que todos os programas onde as cuidadoras eram gostosas peitudas e sensuais. Ele também me contou sobre como o seu último ano estava sendo um tédio sem minha ilustre presença para ele zombar e usar como isca para se aproximar de garotas já que eu era gay. Eu nunca ri tanto como ri naquela tarde desde que tinha descobrindo minha doença."Eu realmente sinto falta de você, cara" Zayn falou quando se preparava para ir embora. Se aproximou de mim e selou nossos lábios de uma maneira que não passava de um simples carinho entre amigos, nós sempre fazíamos aqui e todos entendiam que nunca ficaríamos juntos de um jeito amoroso, porém Harry não o conhecia a tanto tempo.
O de olhos claros tossiu forçado atraindo a atenção de nós dois
"Aqui não é lugar para isso" Ele resmungou emburrado arrancando um sorriso perverso de Zayn. Eu queria o provocar, mas ainda não estava conversando com ele da mesma maneira como antes. Suas palavras doíam mais que a própria doença."Por acaso você é algo do Louis? " Zayn perguntou mesmo já sabendo de toda a história, já que eu o contei enquanto estávamos sozinhos no quarto
"Sou o nam-" Harry começou, mas se interrompeu
"Ele não é nada meu" Respondi por ele com uma magoa presente na voz."Então eu posso beijar Louis o quanto eu quiser" Zayn disse se aproximando e me dando outro selinho, me arrancando risadas divertidas e um barulhinho que Harry sempre fazia com a boca quando estava irritado
"Está ficando tarde. Vá embora, o Louis tem que descansar" Harry disse cruzando os braços com a expressão emburrada
"Vá embora você, eu estou descansando o Louis. Só Deus sabe o quão entediado o menino estava antes de eu chegar"
"Ele não estava entediado, estava comigo! "
"Ah é! Ficar com você é um nível acima do tédio" Zayn com a mesma língua afiada de sempre
"Quem é você para falar assim comigo? " Harry perguntou visivelmente irritado, se levantando e assumindo aquela sua pose de macho alfa
"Pare os dois! " Intervi antes que algum funcionário chegasse e mandasse os dois embora "Harry, vá embora descansar. O Zayn vai ficar aqui comigo"
"Embora para aonde? Esqueceu que eu moro aqui? " Ele perguntou debochado "Você prefere ficar com ele do que comigo? "
"Ele pelo menos é meu amigo de verdade, não finge que sente algo para depois desmentir na minha cara" Respondi com raiva, eu estava cansado de toda aquela situação
"Tem noção do quão infantil você está sendo Lou? " Harry falou gesticulando raivosamente
"Isso não importa! Estou cansado! Vá embora Harry! " Apontei para a saída sem olhar para ele. Aquilo estava sendo tão dramático e cansativo. Por que eu não podia amar, beijar e transar com ele como naqueles romances onde ninguém briga por besteiras que eles mesmo fazem?
"Depois eu quero conversar com você" Harry falou antes de sair, me deixando abalado e triste com aquele ar que havia sido criado entre nós. Parecia que tudo que eu havia progredido com Harry tinha voltado ao zero, mas não por culpa minha e sim por ele.
Eu tentei conquistar Harry, agora é a vez dele me conquistar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
You Gotta Help Me
FanfictionOnde Louis é diagnosticado com Leucemia ,E Harry é um viciado em drogas.