A idéia de que vivemos em sociedade comporta, no tempo presente, duas ordens dereflexão. A primeira é que essa sociedade cresceu e se expandiu demais. Há cem anos, agrande atriz francesa Sarah Bernhard, não confiando inteiramente no sistema doscorreios, mantinha, entre seus criados, uma jovem encarregada de entregar suas cartas nacidade de Paris. Se ela vivesse hoje entre nós, poderia usar, além de um sistema de correioinfinitamente mais aperfeiçoado e confiável, um telefone, um fax, ou a internet, além depoder, acessando a TV a cabo, assistir, em tempo real, a tudo aquilo que acontece naspartes mais remotas do planeta.
A outra reflexão é que, vitimados por uma educação desestimulante, submetidos aojulgamento crítico da opinião pública, massificados pela mídia, vivemos nossas vidasadiando ou perdendo nossos sonhos e isso nos torna infelizes. Até mesmo pessoas queconseguem sucesso financeiro e prestígio pessoal acabam tendo esse destino. Basta ler abiografia de gente famosa, como Howard Hugues, Elvis Presley, a princesa Diana, parasucumbir a essa evidência. Todos eles sofreram a doença da solidão, uma doença que nossepara até mesmo dos nossos familiares,com quem, muitas vezes, vivemos em um climadiário de discussões e ressentimentos.
Todos nós teríamos muito mais êxito em nossas vidas, produziríamos muito mais eseríamos muito mais felizes, se nos preocupássemos em gerenciar nossas relações com aspessoas que nos rodeiam, desde o campo profissional até o pessoal. Mas para isso énecessário saber conversar com elas, argumentar, para que exponham seus pontos devista, seus motivos e para que nós também possamos fazer o mesmo.
Segundo o senso comum, argumentar é vencer alguém, forçá-lo a submeter-se à nossavontade. Definição errada! Von Clausewitz, o gênio militar alemão, utiliza-a para definirguerra e não argumentação. Seja em família, no trabalho, no esporte ou na política, saberargumentar é, em primeiro lugar, saber integrar-se ao universo do outro. E também obteraquilo que queremos, mas de modo cooperativo e construtivo, traduzindo nossa verdadedentro da verdade do outro.
Escrevi este livro para convencer as pessoas de que não basta ser inteligente, ter uma boaformação universitária, falar várias línguas, para ser bem-sucedido. Meu objetivo éconvencê-las de que o verdadeiro sucesso depende da habilidade de relacionamentointerpessoal, da capacidade de compreender e comunicar idéias e emoções.