O Auditório

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O auditório é o conjunto de pessoas que queremos convencer e persuadir. Seu tamanho varia muito. Pode ser do tamanho de um país, durante uma comunicação em rede nacional de rádio e televisão, pode ser um pequeno grupo, dentro de uma empresa, mas pode ser apenas uma única pessoa: um amigo, um cliente, ou um namorado ou namorada.

É preciso não confundir interlocutor com auditório. Um repórter que entrevista você não é seu auditório, é apenas seu interlocutor. O auditório são os leitores do jornal ou os telespectadores em suas casas. O ex-presidente Figueiredo costumava fazer esse tipo de confusão. Certa vez, uma garotinha que alguém tinha colocado em seu colo lhe fez a seguinte pergunta: — O que o senhor faria, se seu pai ganhasse salário mínimo ? - Dava um tiro na cuca!, respondeu o presidente, sem perceber que a garota era apenas uma interlocutora instruída astuciosamente por algum adulto. O verdadeiro auditório era o povo brasileiro que assistia à televisão, o que ficou comprovado pelas pesadas críticas dos jornais, no dia seguinte.


Auditório Universal e Auditório Particular


Auditório universal é um conjunto de pessoas sobre as quais não temos controle de variáveis. O público que assiste a um programa de televisão configura um auditório universal. São homens e mulheres de todas as classes sociais, de idades diferentes, diferentes profissões, diferentes níveis de instrução e de diferentes regiões do país. Auditório particular é um conjunto de pessoas cujas variáveis controlamos. Uma turma de alunas de uma escola de segundo grau configura um auditório particular. Trata-se de pessoas jovens, do sexo feminino, com o mesmo nível de escolaridade.

Aquele que vai argumentar precisa adaptar-se ao seu auditório. Diz o provérbio que A comida deve agradar aos convidados e não ao cozinheiro. Mas temos de ter um cuidado muito importante, quando estamos diante de um auditório particular: o de nunca manifestar um ponto de vista que não possa ser defendido também dentro de um auditório universal. Isso, por dois motivos: ética e auto-interesse. Quando você explora o preconceito ou a inimizade de um grupo em relação a outros grupos, além de não estar sendo ético, essa forma de agir pode voltar-se contra você, quando e onde você menos estiver esperando. Lembra-se da lei de Murphy? Quer um exemplo? Em 1997, um alto executivo da Texaco, nos Estados Unidos, utilizou, em uma reunião fechada da presidência (auditório particular), argumentos racistas, tendo como alvo um funcionário negro da empresa. A notícia vazou não só dentro da companhia, mas em todo o país (auditório universal). Como resultado, a Texaco foi condenada a pagar uma indenização de 179 milhões de dólares a seus funcionários negros, a título de reparação de danos morais.

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