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  Quero deixar bem claro que não foi fácil escrever esse capítulo, acabar uma história é como se um pedacinho de mim estivesse mordendo. Mas tudo que tem um começo precisa de um fim, e esse final começa assim:

  
     Abri os olhos e pisquei repetidamente até meus olhos se acostumarem com a claridade da sala. Procurei o que estava fazendo todo aquele barulho, e era o meu despertador indicando que já eram sete da manhã .

    Olhei para o lado, e uma dor invadiu meu peito, Anne estava ao meu lado dormindo como uma anjinha. Eu sei que vou apenas viajar mas poxa, é minha melhor amiga, minha caixinha de segredos, minha base, meu porto seguro. Não quero passar trinta dias longe dela... Mas mesmo assim criei forças e me levantei enxugando as lágrimas -afinal essa viagem é meu sonho-   e com todo cuidado do mundo pra não acordar Anne. 

    Subi as escadas, entrei no quarto e me dirigi ao banheiro.

   Me despi por completo, coloquei o chuveiro no morno e o liguei.
   Deixei a água cair sob meu corpo e me permiti pensar em tudo o que me aconteceu nesse último mês.

   Encontrei Matt, briguei com minha mãe, Matt me pediu em namoro, minha mãe deixou, estávamos todos felizes até tudo começar a desmoronar, como se fosse naquele joguinho de forca, que quando você erra a primeira letra desenha um braço, uma perna e por aí vai. Só que no meu caso era o contrário. Conforme os dias se passavam uma partezinha boa me era arrancada.
    E tudo caminhou para uma tragédia maior, como naqueles filmes de drama. E a tragédia maior foi Math me deixar logo após descobrir que estava doente.

     Sofri, chorei e não foi pouco, mas sobrevivi, estou aqui. Não o substitui porque não achei a pessoa certa, tudo o que vivi com ele não foi simplesmente apagado de minha cabeça, até porque ELE FOI E SEMPRE SERÁ meu primeiro amor, e agora vem aquela frase clichê, porém verdadeira, "O primeiro amor a gente nunca esquece."  E eu nunca o esquecerei, ele ficará guardado aqui dentro das minhas melhores memórias, mas não vou anular minha vida por isso. EU  O AMO E AINDA DÓI MUITO, dói sentir a falta dele, dói não saber se ele já tem outra, dói não saber se ele ainda lembra de mim, dói saber, e o que dói mais ainda é não saber mais nada sobre ele.
   Não queria admitir nunca, nem pra ninguém, e muito menos pra mim mesma que eu ainda sinto a falta dele. É, tenho que lutar um pouquinho a cada dia pra apagar essa saudade. Que mesmo que eu não queira, continua aqui dentro.

    Acordei pra vida e quando percebi já estava chorando igual à um bebê quando necessita do colo da mãe. Mas no meu caso, eu necessitava de um colo que eu não poderia mais ter.

   Terminei o banho, me enrolei em uma toalha qualquer e saí do banheiro.

    Anne já estava de pé, ao lado do meu mural de fotos. Ao me ouvir entrar no quarto, se virou, e pude ver que havia com ela uma fotografia nossa em sua mão, que tiramos na escola. Ela notou meus olhos vermelhos e logo veio me abraça tentando conter as lágrimas...

-Amiga, não fica assim, será só um mês longe, apenas trinta dias!! - Ela falou tentando me tranquilizar.

-Eu sei amiga. Mas como vou fazer sem você lá comigo? Quando eu ver um gatinho vou cutucar quem? Quem é que vai entender meus olhares? Quem vai me ajudar? Como vou fazer se o meu porto seguro vai estar aqui, e não lá comigo?.

   Ao terminar de colocar tudo isso pra fora, estávamos as duas manteigas derretidas chorando abraçadas.

-Bom amiga, vamos parar de matar a saudade antecipada e vamos fazer suas malas. Três horas vocês têm que estar no aeroporto e você nem fez as malas ainda.

-Verdade amiga. - Falei me sentando na cama, mas corri pro closet assim que lembrei que só estava de toalha ...

-Amiga, faz assim. Você vai comprar muita coisa lá né?

-Aham! - Concordei com a cabeça.

-Então separa a roupa que você vai viaja, arruma a mala grande pras roupas, a média para os sapatos, e a menor  para as maquiagens. 

-Bem pensado amiga. - Falei vestindo um conjuntinho branco e rendado de calcinha e sutiã.

-Se veste logo então, porque temos muito trabalho pela frente.

-Okay! - Falei vestindo um short jeans rasgado bem curtinho e folgado, juntamente com uma blusa preta bem básica com renda na frente e de alças.

   Anne estava revirando meu guarda-roupa já quando pulei em suas costas.

-Cheguei amor da minha vida! - Falei bastante animada, descendo de suas costas e prendendo meus cachos  em um coque .

- Tô vendo, mas agora, separa aí a roupa que você vai usar...

-Beleza, mas antes....

   Peguei o celular, coloquei a playlist mais animada que eu tinha pra tocar, e aumentei o som, ouvindo a  voz de Rihanna ninguém consegue ficar parado, principalmente quando toca Work ....

   Separei uma calça jeans preta, uma bota marrom, uma blusa  branca bem colada com mangas finas e rendada à partir da cintura até sua barra, que deixava metade da minha barriga a mostra, pendurei em um cabide e coloquei na porta do guarda-roupa.

   E começamos então a arrumar minhas malas.

   

   

    
   

  

Linda , Louca e MimadaOnde histórias criam vida. Descubra agora