Capitulo XIII: Lados.

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Catarina Valença...
Partimos para Alexandria para procurar por respostas que pudessem nos ajudar, não sabemos o que nos espera nas próximas horas, nos próximos quilômetros ou mesmo no próximo passo. A incerteza era de certa forma emocionante e assustadora. Eu ainda sentia um pouco de dor no ferimento, eu deveria estar morta, eu teria morrido devido há hemorragia, a uma infecção pelo aço da espada ou mesmo por ter tido um órgão vital perfurado. Mas aqui estava eu, com uma ferida quase completamente cicatrizada, não sei se havia sido magica, poder dos deuses, medicina natural ou Nano robótica, como diriam eu nasci de novo, e eu realmente me sentia assim, como se fosse a primeira vez que eu cavalgasse, a primeira vez que o sol tocava minha pele, mesmo o sol escaldante do deserto me fazia bem.

Já haviam se passado varias horas desde que saímos da base dos medjai e o sol já se punha no horizonte, a temperatura estava amena quando paramos e levantamos acampamento, havíamos levado algumas barracas, três barracas para ser exata, e cabiam duas pessoas facilmente em cada. Enquanto lucila, kaleb e Elizabeth foram buscar lenha, eu, Júlio e Lilian, montamos as barracas e preparamos o jantar, que consistia em tirar as latas de dentro das mochilas e esperar pela lenha para acender o fogo e esquenta-las.
- o que vocês pretendem fazer quando chegarmos a Alexandria?- perguntou kaleb entre uma garfada e outra
-procurar alguma pista que nos leve aonde hades esta!- respondi com convicção
- é claro! Vai haver uma placa luminosa em forma de seta com a inscrição: pista aqui!
Essa especulação me pegou de surpresa, eu sabia que não seria fácil achar uma pista, mas eu tinha certeza que acharíamos alguma coisa lá, mas talvez fosse mais difícil ainda.
- não que eu ache que você duvide da nossa capacidade camarada- lucila disse interrompendo meus pensamentos- mas eu tenho absoluta certeza de que haverá algo fácil, por que seus deuses... São muito... Burros - sempre educada essa garota- alias, por que eles estavam atacando vocês mesmo? Considerando que vocês são o povo deles.

- por que, minha cara, eles avisaram aos sacerdotes que iriam atacar diretamente os gregos, os que não quiseram se unir a eles, mesmo neutros, foram considerados inimigos.
-isso explica o porquê deles terem soltado os "cachorros"- ela fez aspas no ar-literalmente pra cima de vocês.
Fomos dormir, depois de termos comido as sopas que pareciam as coisas mais gostosas do mundo, depois de ter comido pão sírio por diversos dias, sopas enlatadas tem o mesmo gosto do manjar dos deuses. Eu fique na mesma barraca que Lilian, e quando percebi que ela dormiu, eu sai. Eu não consegui dormir por causa das especulações de kaleb. Algum tempo depois vi uma movimentação na cabana de Júlio, e alguns momentos depois ele saiu de lá com um cobertor cinza, sentou ao meu lado e passou o cobertor por cima dos meus ombros.
-nos vamos conseguir-ele disse, ele sempre parecia saber o que dizer, e sempre sabia o que me afligia.
-mas e se não conseguirmos? kaleb tem razão, não é como se pudéssemos encontrar um livro de titulo: dez maneiras de se encontrar o deus hades, não é tão simples.
- nós encontraremos um jeito Catarina! Nós sempre encontramos nós vamos salvar esse cara e salvar Zeus e tudo voltara a ficar bem. Talvez sejamos ate reconhecidos em todo o mundo... Bem, em todo o mundo mitológico, como heróis, imagine, filmes contando nossas aventuras, igual os filmes do Hércules," as aventuras de Júlio e Catarina em busca dos deuses perdidos"- ele disse com uma voz de locutor. Tudo isso me fez rir, ele era sempre tão otimista e falava como se fosse à única verdade, o futuro que ele espera e tão lindo, e esse é o futuro que eu quero. Encostei minha cabeça em seu ombro e suspirei, pena que não e tão simples.
-eu espero que seja assim, eu espero.
Ficamos ali em silêncio por um bom tempo, ate eu cochilar e Júlio me mandar para a minha barraca, ele disse que vigiaria esta noite. Nós acordamos com os primeiros raios de sol da manha, com a temperatura ainda suportável, comemos, bebemos e voltamos a cavalgar. Alexandria estava cada vez mais perto, assim como a chance de acharmos algo que nos leve a hades, e eu tenho certeza que não ficara mais fácil quando o encontrarmos.
-porque não vamos pelas cidades? Seria bem mais fácil irmos por perto do Nilo!
-cidades egípcias! Governadas por deuses egípcios! Que querem a vossa destruição! Não me impressionaria se houvessem cartazes de procurados com seus rostos neles, e uma recompensa bem alta por vocês, vivos ou mortos... Acho que eles preferem mortos!- respondeu kaleb
-nos poderíamos passar despercebidos por um punhado de pessoas, além do mais, eles não esperam por nos!- eu disse rapidamente
-por pessoas vocês passariam facilmente, mas já pelos monstros que devem estar à procura de vocês já seria um pouco mais difícil, vocês seriam presa fácil!- ele respondeu
-poderíamos nos esconder deles, iriamos por locais que eles não patrulhassem-disse Júlio.
- eles provavelmente sabem o cheiro de vocês, não há como se esconder!-kaleb falou
-é só matar eles assim que nos vejamos eles, não dar chance de nos atacarem primeiro- disse lucila
-eles são mais fortes, mais rápidos, imortais, incansáveis e tem habilidades especiais, por assim dizer- retrucou kaleb
- e por que não nos atacaram ainda? Mesmo no deserto eles podem nos achar!- eu falei
- eu estou me perguntando à mesma coisa- disse kaleb
E assim e foram mais dois dias, cavalgando em direção há Alexandria e parando para comer e dormir. Atravessamos e pais, e chegamos ao nosso destino, estávamos mais perto de concluir nosso objetivo e mais perto dos perigos que tínhamos de enfrentar para conclui-lo. Quando chegamos a Alexandria kaleb nos conduziu a casa de um amigo seu, para que pudéssemos tomar banho e parecer adolescentes normais para podermos visitar a biblioteca. Que alias é exuberantemente linda.
-bibliotheca alexandrina- eu sorri- finalmente chegamos
-espere! Não deveríamos ir à biblioteca de Alexandria?- disse lucila
-estamos nela!-respondi
- mas eu digo A biblioteca de Alexandria, com papiros pergaminhos e tudo mais.
-ela foi incendiada em 48 d.c.
-então, esta não servira de nada- disse lucila enquanto andávamos pela biblioteca
-terá que servir!-eu disse já dentro da biblioteca.
- temos que fazer algo sobre isso Catarina! Não sobrou vestígio algum da antiga biblioteca?- perguntou Lilian
-eu não sei! Essa biblioteca foi construída perto da antiga, que era usada como sitio arqueológico, mas nunca nos dariam...
- eu posso ajuda-los?- disse um homem alto de cabelo castanho e barba por fazer, me interrompendo.
-claro- disse Elizabeth sorrindo-poderia nos mostrar algo sobre a mitologia egípcia? Especificamente sobre os deuses
-tudo bem senhorita, darei exatamente o que querem! Meu nome é cal, por aqui, por favor- disse ele nos conduzindo pelos corredores.
Algo nesse nome me foi familiar, não que cal fosse um apelido incomum, mas o modo que ele nos guiava pelos corredores, com tamanha certeza de onde ia ou sem nunca hesitar, isso me chamou a atenção.
- trabalha aqui há muito tempo senhor cal?-eu perguntei sem parecer muito interessada. Ele pareceu pensativo
- pode se dizer que sim!-ele respondeu
-e onde estamos indo?- eu perguntei quando percebi que nos afastamos das outras pessoas, descemos um lance de escadas ande de ele nos responder.
- o que procuram não este ai em cima!- disse cal, se foram mais algumas portas, corredores e lances de escada, ate não haver mais para onde ir, o corredor acabou em uma parede.
-não há saída!-disse Júlio
-qual o seu nome mesmo? Qual será seu nome, para o diminutivo dele ser cal?-eu perguntei.
- calimaco!
- já era de se esperar, mais um que voltou a vida- exclamei.
-quem é ele Catarina?-perguntou Lilian, ela parecia um pouco aflita.
- um poeta e bibliotecário grego, ele catalogou todos os livros da antiga biblioteca de Alexandria. Foi um marco na historia do controle bibliográfico. O catalogo ocupou 120 rolos de papiro.
-enfim, alguém que reconheceu meu valor- disse ele sorrindo, ele encostou a mão espalmada na parede e filamentos de luzes arrastaram-se através dela. Com um estalo a parede começou a se mover para a o lado, com um gesto com as mãos ele nos disse que entrasse.
-Por que entraríamos ai?-perguntou kaleb que havia passado toda a viajem quieto.
- o que vocês procuram esta na real biblioteca de Alexandria, e ela só e acessada por ai!
Ele tinha um bom ponto, comecei a andar para o corredor, que parecia exatamente igual ao outro, feito de concreto e pintado de branco, como às paredes de um hospital, todos me seguiram para dentro.
- vocês encontrarão o que buscam! Pena que não vão sair para usa-lo- e com isso a parede começou a fechar, corri para passar por ela, mas não consegui, era como se houvesse um campo de força ali.
-por que esta fazendo isso? Você é grego! Deveria estar do nosso lado!- eu gritei
- os gregos... Não me deram a vida de volta!- a porta se fechou, nos deixando no escuro, tirei uma lanterna da bolsa, acendi e sentei no chão de concreto.
- eu ainda tenho dinamite!- Disse lucila sorrindo zombeteiramente
-ele disse que a biblioteca e acessada por aqui! E só seguirmos em frente e vamos acabar encontrando ela- eu disse ignorando o comentário de lucila sobre dinamite.
- e você ainda acredita nele?- disse kaleb
-é nossa única opção!
- e o que vamos fazer quando chegarmos, você disse que ela foi incendiada!- disse lucila como o tom mais alto que de costume.
- e ela foi! Cezar mandou que matassem todos os tutores de Ptolomeu, pois um deles havia matado Pompeu, seu inimigo, foi como ele chegou a Alexandria, procurando por Pompeu. Mas um dos tutores de Ptolomeu conseguiu fugir e queria escapar daqui por meio do Nilo, então Cezar mandou queimar todos os navios, inclusive os dele, para que ele não conseguisse fugir, mas o incêndio se alastrou e acabou chegando à biblioteca...
-eu não estou nem ai madame Wikipédia, eu quero um jeito de sair daqui e não uma aula sobre a historia do egito- disse lucila
-e o seu jeito de sair daqui é explodir tudo?- eu gritei para ela
-é bem melhor do que ficar sentada divagando sobre acontecimentos históricos e não fazer nada!
- não fazer nada? Se não fosse por mim estaríamos mortos!
- ah claro! Ate por que eu que fui atravessada por uma espada enquanto estava em combate e quase matei um colega para que eu pudesse sobreviver.
- lucila!- gritou Elizabeth
- eu não fiz nada com ela, nem pedi que ela fizesse nada!
- não fez? Ela quase morreu naquela banheira pra te trazer de volta! E não é você que dorme com ela! Não é você que vê a respiração dela cair ate quase parar, você quase matou ela uma vez, e as sequelas disso quase há matam todo dia.
-lucila- Elizabeth gritou novamente.
-Elizabeth...-eu sussurrei -eu...eu não sabia.
- Não e nada! Ela esta exagerando -disse Elizabeth.
-Como queira- lucila saiu pelo túnel sozinha.
-lucila espere! -gritou Elizabeth.
-não! Eu vou sozinha!
Caminhamos em silencio pelo túnel, o vi virar um túnel de tijolos e depois ir para apenas terra e eu não vi nenhum sinal de lucila.
-você acha que eu exagerei?- perguntei baixo o suficiente para que penas Júlio, que caminhava a meu lado escutasse
- não acho! - ele sussurrou de volta
-ela esta doente por minha culpa!
- você não a obrigou a fazer, ela fez por livre e espontânea vontade. Não é sua culpa !
Andamos ate nossos pés doerem ,depois disso paramos e descansamos ,dormimos no chão de terra ,com a mochila como travesseiro. Acordamos no meio da noite com um grito.





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