Capítulo 13

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Algum tempo se passou. Eu e o Ângelo nos víamos quase todos os dias. Eu já tinha faltado uns três dias consecutivos de aula. Sorte minha que, por ser inicio de matéria nova, eu tinha como recompor esses dias com facilidade. Resolvemos sair para uma danceteria gay. Eu só tinha ido uma vez e não tinha gostado muito, porém não comentei isso a ele. Chegamos ao lugar, e eu, tremulo de frio e de medo que alguém conhecido me visse ali, por azar, demoramos quase uma hora para entrar.

Lá dentro, uma animação total, subimos para a pista de dance, e ficamos curtindo o som. Cansados, fomos beber algo, onde preferi tomar água. Ele me acompanhou na bebida.

- Nossa, esse lugar está fervendo hein?

- Pois é.

- Você tá gostando Jeferson?

- Mais ou menos. Toda essa galera se amassando me deixa meio frustrado. Você costuma vir aqui bastante?

- Não, essa é minha primeira vez!

- Sério? Nossa cara... e tá gostando?

- O som deles é legal, porém o lugar parece ser meio promíscuo.

- Eu também acho isso. Acho que, o que mais me incomoda é essa deliberação que o pessoal extrapola, tornando o ambiente de certa forma, promíscuo e pejorativo.

- Hammm... É exatamente isso o que penso também.

De repente, um cara chega perto do Ângelo e dá um selinho na boca dele.

Revolto-me com a situação, porém deixo que ele resolva. Vendo-o, quase pálido, conversa com o garoto num tom tremulo.

- Paulo, o que você faz aqui?

- Pô Ângelo, não sabia que você também gostava disso. Se eu soubesse há mais tempo, já tinha convidado para sairmos.

- Esse aqui é meu namorado, Jeferson!

Ele se embaraçou todo, e agora ele ficou pálido e vermelho.

- Prazer e desculpe-me.

Não olhei para a cara do cara, e disse em bom tom.

- É, sou o namorado dele, prazer!

O Ângelo, vendo toda a situação, pegou-me pela mão, despediu-se do Paulo e fez-nos sair do lugar num instante.

- Nossa Ângelo, que selinho você levou hein?

Nesse momento, eu não estava mais com ódio, ou ciúmes do Paulo, porém o Ângelo começou a se explicar de forma incomodativa.

- Jeferson, aquele cara era o meu vizinho. Meu deus, se alguém descobre que estou namorando com outro piá, ou ele conta isso para alguém, acho que eu morro.

- Capaz Ângelo, vai ser difícil, porém, não insuportável né!

- Não sei o que deu nele de vir direto, me dar um selinho, mas acho que foi impulso de quando éramos crianças. Eu e ele já brincamos muito, de forma inerente quando mais jovens. Éramos crianças, mal sabíamos o que fazíamos. Por vezes, deixei meu sentimento infantil dominar. Nós quase namoramos, sabia?

- Cara, não se preocupe, não tô chateado contigo. Tá certo que na hora, me deu vontade de arrebentar aquele piá, mas agora, essa raiva passou.

Ele sorriu e ficamos alguns minutos em silêncio.

- Mas o selinho dele é melhor que o meu?

Anjos - Dois Destinos (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora