Capítulo 05

1.7K 112 3
                                    

Fazia sol. O dia era típico de Inverno, mas quem dera falar de uma cidade como Curitiba, onde o tempo é similar ao meu ser. Indefinível e inesperado.

Comecei a namorar dia 10 de Maio com o Marcos. Foi bem interessante como nos conhecemos.

Através da velha e boa Internet (irônico falar "velha" em relação a essa ferramenta tão nova nesse mundo moderno), com dois dias de envio contínuo de e-mails já ficamos muito amigos e no terceiro dia nos conhecemos. Escolhi, como de comum, um shopping para nos encontrarmos. Nunca conheci alguém de noite, pois isso seria meio imprudente da minha parte, mas para ele, abri uma exceção. Combinamos depois da minha última aula da faculdade, as 22:45 na frente do Shopping Estação. Saí da faculdade louco para conhecê-lo, cheguei 30 minutos adiantado, e ele, 10 minutos atrasados do horário combinado.

- E daí Marcos?

- Oi Jeferson, tudo bem?

- Tudo e com você?

- Tudo bem...

Silêncio por alguns instantes...

- E então, vamos dar uma volta pelo shopping, ele fecha daqui uma hora e meia mesmo?

- Claro que sim!

Fomos até a praça de alimentação para conversarmos.

- E então...?

Sorrimos.

- Estava tentando mandar uma mensagem para você pelo celular bem na hora que você chegou...

- Foi mal a demora...

- Nossa, eu estava vindo na rua imaginando como você era... Todos pareciam com suas características.

- Hehehe, eu também tentei te imaginar, fiquei pensando em você a dia todo, mas que bom que finalmente nos encontramos né?

- Aham. Sabe, achei interessante, talvez um pouco premedita você me dizer: "Eu me garanto" no sentido de ser o bonzão.

Ele sorriu.

- Pois é, eu me garanto, pois considero todas as minhas qualidades muito boas. Nunca decepcionei ninguém...

- Nossa, eu não tenho tanta confiança assim no que sou, não me sentiria convicto em dizer "Eu me garanto"...

- Pois devia.

- Hehehe, capaz...

Primeiramente, eu não o achei bonito, tanto é que ele tinha dito em seus emails que se garantia, coisa que me criou um certo impacto ao vê-lo. Na minha mente, gerou toda uma imagem dele que na hora me gelou estranhamente. Ficamos conversando por mais alguns minutos e ele me convidou para darmos uma volta de carro. Eu não queria, mas como estava querendo curtir algo emocionante, aceitei. Fomos num parque.

" - Estranho, logo no primeiro encontro irmos a um parque. Acho que sou louco em fazer isso... já pensou se acontece algo mais perigoso?" - pensei comigo.

Ficamos num lugar muito legal, em frente a um lago, onde o céu, cheio de nuvens, misturando-se com grandes edifícios, criava um clima todo diferente.

- É né, logo no primeiro encontro e você me trás para um parque, no escuro e de noite.

- Hehehe, você acha que tenho cara de ser perigoso?

Ele era menor do que eu, e por esse motivo, eu me "garantia" em poder correr um risco de sequestro ou qualquer derivado de uma ação como a minha.

- Não, pois não vejo isso em seus olhos.... Sabe, aqui aconteceu o meu primeiro beijo com o cara que conheci da net.

- Sério? Coincidência mas acho que também foi aqui que eu também beijei um amigo pela primeira vez.

- Que massa... e como foi o lance?

- Bom, ele era meu amigo e eu vim passar as férias na casa do pai dele. Passados algumas semanas na casa dele, resolvemos sair de bike pelo bosque do Parque e no meio do passeio, resolvemos nos masturbar, porém ao final disso ele me pediu um beijo. Achei legal a ideia e nos beijamos, porém não passou disso. Algum tempo depois minha mãe veio me contar que ele tinha tornado-se homossexual.

- Nossa cara...

- Foi estranho minha mãe falar isso, sendo que eu o beijei...

- Pois é...

Ele olhando para minha mão, um pouco suada, num rápido movimento, pegou-a dizendo:

- Nossa... tua mão está suando né?

- Ahá... (Exclamei dizendo:) - Isso é só uma desculpa para pegar em minha mão, não é?

Rimos...

- Hummm...

- Hehehe, Essa eu já conheço essa cantada... só falta me pedir um beijo!?!

- Hummm... e por que não?

Olhei para ele, com um sorriso empolgado, toquei levemente seus lábios...

Estranho, mas ele não sabia beijar como as pessoas "normais" beijam, outra vez, exclamei ironicamente, dizendo:

- Por que será que todo cara que beija outro cara, não beija de uma forma mais "normal"?

- Como assim Jeferson?

- Ah, vocês usam muita a língua, numa forma muito mais erótica. É estranho beijar alguém assim...

- Hummm...

- Quase todos os garotos quem beijei, fizeram igual a você...

- Me ensine que eu aprendo!

- Quero ver.

Rimos e logo em seguida dei-lhe um outro beijo, porém agora sendo só com os lábios. Muito mais gostoso.

Já era meio tarde e disse a ele para me deixar perto do centro, pois eu pegaria um táxi para ir embora, no entanto, ele insistiu para me levava até em casa. Eu, um pouco relutando, aceitei.

Já em casa, recebi através do celular, algumas mensagens dele, onde dizia que tinha adorado me conhecer. Achei tudo isso muito louco, legal e meio perigoso, porém, confesso de não ter-me arrependido detê-lo conhecido.

Anjos - Dois Destinos (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora