Rosa Maria começou a apresentar uma aparência frágil sem o vigor das brigas do passado, sua energia vital parecia está se esvaindo, partindo do seu corpo, até mesmo os insultos tão comuns seguidos de carinho, tornaram-se escassos. Não sabia, mas estava sendo consumida por um câncer silencioso que minava suas forças. Júnior passou a ser quase que completamente responsável pelos cuidados da mãe e pelas tarefas domésticas. O rapaz teve de ser homem precocemente, não podendo fugir das responsabilidades e decisões, às vezes tinha que ajudar sua mãe inclusive nas idas ao banheiro. A experiência marcava profundamente a personalidade em formação do adolescente, que não conseguia entender a fragilidade da sua mãe.
Rosa se recusava a ir ao médico e não havia muitas pessoas dispostas a insistir neste assunto, a agente comunitária de saúde tentava dia a pós dia sem muito êxito, convencê-la. Sua prima era a única parente na cidade, mas nao falava com ela há anos e quando foi procurada pela agente comunitária, não transpareceu que estava disposta a tentar fazer algo para mudar essa situação.
Júnior permaneceu solitário ao lado da mãe durante o período de angustia, sofrimento...
Diante dos sintomas clínicos evidentes e com alguns exames feitos à revelia da enferma, confirmou-se o que todos suspeitavam. O uso da metadona 10 MG tornou-se inevitável, para aplacar a dor dilacerante, caso não fizesse uso do medicamento para o controle da dor, Rosa gritava e soltava urros horríveis. Quimioterapia ou radioterapia foram descartadas completamente por ela.
A doença foi implacável lançando Rosa definitivamente no abismo. Um estado de confusão mental se instalou paulatinamente à medida que a enfermidade progredia inexoravelmente rumo ao desconhecido. O médico explicou para júnior que Rosa estava sofrendo de um estado ligado ao colapso do corpo, conhcido como DELIRIUM. Seu sofrimento durou muito pouco tempo, e em menos de um mês a luz finalmente abandonou os olhos de Rosa.
O corpo moribundo estava parcialmente coberto com um aspecto asqueroso e meio desdenhoso como se afrontasse a própria morte. Júnior gritou como um lunático ensandecido ao ver sua mãe sem vida, seu brado alto, foi ouvido pelos vizinhos a uma longa distância.
Uma mistura de raiva e tristeza dominou júnior, em sua concepção a vida o havia prejudicado demais. Como podia ser possível, mas aquela seria a última vez, segundo júnior o mundo lhe devia tudo e ele queria tudo com juros sem negociações.
A única pessoa que júnior havia sentifo algo parecido com afeto havia partido rumo ao desconhecido, qualquer traço que ainda pudesse possuir tornou-se pura escuridão.
-júnior ela morreu! Precisamos chamar a polícia, alguém! Falou aquela alma caridosa ao olhar a imagem pertubadora do filho abraçado ao corpo da mãe. A vizinha foi a única a ir ao casarão depois doa gritos.
Não é preciso dizer que júnior relutou muito para desvencilhiar-se do corpo da mãe.
Os afazeres fúnebres ocorreram como esperado e rapidamente Júnior estaca por conta própria, tinha acabado de completar seus dezoitos anos com um rosto de anjo saído direto de um presépio natalino.
Durante a noite o rapazola perambulava pela casa vigiado pelos olhos atentos da sua mãe já falecida, ele ainda podia ouvit seus passos característicos pela casa, sentir o toque do tamanco velho no assoalho... o cheito da lavanda ainda podia ser sentido, mas existia algo mais forte que o cheiro da lavanda: a presença de Rosa com sua voz firme e autoritária, uma lembrança irritante, persistente. A consciência de júnior o levava para para um lugar que ficava no limite entre realidade e fantasia.
Como foi difícil para o jovem livra-se daquele lugar, especialmente do santuário que o quarto da sua mãe havia se tornado. A velha cadeira de balanço permanecia no mesmo lugar como se houvesse ainda alguém sentado nela, até mesmo o guarda roupa ficou intocado com os vestidos horríveis de Rosa Maria.
Pouco antes de parti júnior ouviu sua mãe chamá-lo, mas não havia ninguém apenads os vestidos velhos já mofados . Os olhos do rapaz vasculhou aquele espaço vazio buscando a otigem da voz.
-deve ter sido o vento, nada além disso! Esperitos errantes ou reflexos de uma mente pertubada, quem sabe!
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A Outra Face
Mystery / ThrillerA história de um jovem charmoso e sua alma desprovida de humanidade, dando vazão aos seus instintos mais perversos, mas em sua trajetória ele encontrá um herói pouco provável que arriscará tudo para tentar detê-lo.