Segunda Parte-O prefeitoCapítulo 5 Cosette

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Dois anos se passaram. Em 1817, o rei Luís XVIII da França comemorou seus

vinte e dois anos de reinado.

Napoleão (3) estava exilado na ilha de Santa Helena. A lembrança da Revolução

e das guerras napoleônicas ainda dividia os franceses.

Alguns ainda acreditavam na Revolução, na qual o rei Luís XVI foi destronado e

morto na guilhotina, assim como sua esposa, Maria Antonieta, sendo criada a República.

Com o fim da Revolução, outros acusavam os republicanos de "regicidas".

Boa parte das pessoas concordava que a era das revoluções tinha acabado. Mas

ainda existiam muitos republicanos, como veremos mais tarde.

Vivia em Paris, nessa época, uma jovem costureira chamada Fantine. Era alegre

e gostava de rir. Ao fazê-lo, mostrava seus magníficos dentes. Tinha longos cabelos loiros.

Lábios rosados. Enfim, era linda. Teve um namorado. Mas ele a abandonou.

Para o rapaz, Fantine foi só uma aventura. Para ela, foi seu primeiro amor. A ele

se entregou completamente. Do romance, nasceu uma menina: Cosette.

Abandonada, Fantine tentou, durante algum tempo, sobreviver das costuras. Mas,

durante o romance, abandonara seus fregueses. Não conseguiu recuperá-los. Percebeu

que estava prestes a cair na miséria. Decidiu voltar à sua cidade natal, chamada

Montreuil-sur-Mer, onde talvez ainda encontrasse algum conhecido e um trabalho. Vendeu

tudo o que tinha.

Pagou suas pequenas dívidas. Já tinha perdido a vaidade. Vestia-se

simplesmente.

Usou os vestidos de seda e as fitas de renda que ainda possuía para fazer roupas

para a filha, a quem amava.

Partiu a pé, com a menina. Às vezes, cansada, sofria pequenos acessos de tosse.

Tinha uma preocupação. Como chegar à sua cidade natal com a menina sem ser

casada? Como explicar que tinha uma filha?

Havia nessa época, nas imediações de Paris, em um lugarejo chamado

Montfermeil, uma taverna. Pertencia ao casal Thénardier. Sobre a porta estava uma

tabuleta com uma pintura. Era o desenho de um homem carregando outro nas costas.

Embaixo, uma inscrição: "Ao sargento de Waterloo (4)".

Representava uma cena da famosa batalha em que Napoleão foi derrotado. Certo

dia, na frente da estalagem, brincavam duas meninas, filhas dos donos. Uma, com pouco

menos de três anos. Outra, com dezoito meses. A alguns passos de distância, sentada à

porta da estalagem, estava a mãe. Tinha a aparência pouco simpática. Mas parecia

enternecedora ao cantar para as filhas.

Justamente nesse momento, Fantine passava por lá. Carregava a filhinha e uma

bolsa de viagem, aparentemente pesada. A menina tinha três anos. Era corada e parecia

Os Miseráveis victor hugoOnde histórias criam vida. Descubra agora