Cobaia 323

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"...felizmente, ninguém foi morto," o ancora do jornal falou na TV de imagem borrada e tremula. Eu estava deitado no sofá, pois não conseguia dormir. A sala estava escura e a janela ao meu lado, mesmo com as cortinas fechadas, deixava entrar os flashes dos faróis dos carros que passavam. Eu não ligava para o que estava assistindo, mas estava sonolento demais para pegar o controle remoto.

"Agora vamos com a notícia sobre Amy Peterson, que foi encontrada morta hoje em sua sala de estar. Um vídeo foi encontrado em seu celular que estava caído ao lado de seu corpo. Mostraremos o vídeo, mas avisamos, ele pode choca-los e perturba-los," o ancora falou. Ele soou muito, muito sério.

De repente a sala ficou mais escura que antes, enquanto a TV cortava para uma pessoa olhando para a tela do celular. Ela tinha cabelo e olhos castanhos, mas os olhos às vezes brilhavam fazendo-a parecer mais assustadora à luz do celular. Ela estava só e ofegante. Ela soava muito assustada enquanto falava.

"E-eu o encontrei ontem," ela falou encarando o celular, mas olhando rapidamente para outro lugar, como se algo estivesse por ali. "Ele tinha olhos e cabelo castanhos iguais aos meus, mas seu cabelo era curto e ele parecia um garoto. Ele chamava a si mesmo de 'Cobaia 323' mas eu não sei de onde ele surgiu, ou mesmo se ele já foi humano, ou se foi feito para se parecer conosco. Mas hoje eu o irritei, e... e..."

A garota virou-se e de repente uma mão saiu da escuridão. Parecia que as unhas tinham sido combinadas com a pele para formar uma garra horrível. Ela agarrou o rosto da garota e rasgou sua pele, puxando-a e revelando os músculos por baixo.

Pedaços vermelhos caiam de seu rosto e também havia um grito de gelar o sangue enquanto o celular caia. Levantei após isso. A única coisa que agora mostrava na tela, era um par de pés em forma de garras, próximo a outro par de pés que pertencia a Amy. A criatura se abaixou para terminar o trabalho. A luz do celular revelou o que ela estava usando: Um manto branco que parecia rasgado, como se tivesse rasgado durante a fuga de algum hospital. Aliás, parece que provavelmente foi o que aconteceu.

Então a cobaia 323 olhou para a tela e se levantou. Depois, veio a estática, o que presumi que ele tenha pisado no celular. Então, como conseguiram a filmagem? Talvez o cartão de memória não tenha sido danificado. A TV iluminou a sala enquanto voltavam para as notícias normais. "Agora um aviso, permaneçam em suas casas até que o assassino conhecido até agora como 'cobaia 323' seja capturado ou morto," disse o âncora, olhando diretamente para a tela.

Então a TV se apagou, assim como todas as luzes próximas, embora os faróis dos carros na rua ainda estivessem normais. Provavelmente era um blackout.

Gritei, tapando meus ouvidos, enquanto um som terrível vinha da janela; era o som de garras arranhando o vidro. Uma pequena luz marrom surgiu na janela. A luz vinha de um olho brilhante.

"Por favor, deixe-me entrar! Eu não queria... não vou machuca-lo!"

Não me mexi. Meus olhos fixos no brilho marrom. Eu não queria ver o que estava na janela; eu sabia o que era... mas eu também esperava que estivesse errado. Então permaneci parado.

"Eu não queria. Eu não queria. Eu não queria," a voz repetia, enquanto o brilho se tornava vermelho e sua voz se distorcia. "Olhe para mim para que eu possa ver o seu rosto. Isso fará o prazer de te matar muito melhor!"

O brilho ficou mais forte. Houve um longo momento de silencio e o brilho de repente sumiu.

A última coisa que ouvi, foram os passos de algo correndo para bem longe.

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