Ronald McDonald's

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Talvez você não saiba, mas nos Estados Unidos existe uma instituição de caridade chamada "Ronald McDonald's House" traduzindo, "Casa Ronald McDonald's". Eles proporcionam reabilitação para famílias de crianças doentes quanto eles estão no hospital. Parece uma boa ação, certo?
Porém, há um outro lado. Há um outro tipo de Casa Ronald McDonald's que muitas pessoas não conhecem.

Há pelo menos uma em casa cidade grande. Você não vai encontrá-la facilmente. Ela não tem endereço. Ela não tem uma placa na fachada informando que é lá.

A única maneira que você vai encontrar, é se você for levado para lá.

Foi assim que eu encontrei.

Deixe-me contar do inicio.

Eu nunca conheci meus pais verdadeiros. Eu estive dentro e fora de famílias de acolhimento e grupo de casa aqui em Detroid desde que eu era criança. Tenho 15 anos agora e eu sou o que eles chamam de garoto mau. Estou sempre causando problemas, sempre sendo expulso de alguma família e adotada por outra que acha que pode me ajudar. Eu sempre provo que estão errados.

Minha assistente social sentou do outro lado da mesa de metal preto, parecendo cansada e exausta. Em cima da mesa entre nó estava um envelope pardo, provavelmente meus documentos de adoção.

– Bem, sua reputação de garoto mau continua – Disse ela – Agora você só tem duas opções: Escola militar ou a Casa Ronald McDonald's, que milagrosamente aceitou te receber.

Eu não tenho paciência para sargentos e acordar as 5 horas de manhã. E quão ruim poderia ser uma casa de recuperação em homenagem a um palhaço de fast food? Casa Ronald McDonald's, eu disse.

Nuvens escuras pairavam acima de mim no dia que subi na traseira do carro para atravessar a cidade com minha assistente social. Meus poucos pertences estavam na mochila e a única roupa que eu tinha eu já estava usando. Um dos pertences que eu tinha era um álbum de fotografias, com fotos de todas as famílias que haviam me acolhido até agora. Era bom lembrar de alguns deles, mesmo que eu de alguma forma decepcionei cada um deles.

– Eu tive alguns casos que passaram pela Casa Ronald McDonald's – Disse a assistente social do banco da frente – Algo lá dentro ocorre bem para as crianças, eu nunca tive que transferi-los para outro lugar. Na verdade, a instituição assumi todas as responsabilidades e documentação por suas crianças, então provavelmente nunca mais nos veremos.

Ela dirigiu até o centro da cidade, passando por todos os lugares que já conhecia. Eu tinha sido expulso de uma casa de acolhimento fora da cidade, porque eu fui para o centro com algumas crianças vizinhas para esgueirar-se em um bar de mergulho. Bons tempos.

– Bem, aqui estamos nós.
O carro parou .

Eu olhei para fora da janela. Tínhamos estacionado na frente de um edifício cinza, sem janelas, prensado entre dois edifícios industriais em uma rua estreita da cidade. Notei que não havia fachada em nenhum dos prédios da rua, nem numeração. Não havia qualquer sinal de identificação.

-Tem certeza? – Eu perguntei, hesitando quando abri a porta do carro e sai do banco de trás. Pendurei minha mochila por cima do meu ombro, agarrando firmemente a cinta e segui a assistente social até as portas de metal. Ela apertou a campainha e falou com alguém no interior, com um click as portas destrancaram e nós entramos.

Assim que as portas de metal se fecharam atrás de nós, eu notei um silêncio profundo. É um tipo de silêncio tão opressivo e vazio que quase ensurdece você.

Do outro lado do saguão mal iluminado, havia uma janela de vidro com alguém dentro. Uma secretária. Ela se virou, digitando algo atentamente. Caminhamos até a janela. A assistente social tocou a campainha em cima do balcão e a secretária girou em sua cadeira.

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