Nicholas

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24 de dezembro 09:45 am

Nicholas fora atingido por uma enorme onda de nostalgia assim que entrara em seu antigo bairro. Com a cabeça apoiada na janela do carro, ele podia ver, de uma forma um tanto inclinada, a esquina onde o Bull Terrier da Sra. Morgan o perseguiu atrás de sua bicicleta. Viu também o parquinho e se lembrou que em algum lugar à raiz da maior daquelas arvores, estava enterrada sua caixinha de segredos, junto dos maiores tesouros que dois meninos de 11 e 9 anos poderiam ter.

A lembrança de seu amigo deu a sua volta à aquela cidade - mais especificamente à aquele bairro e aquela rua - um ar de incertezas.

A praça ficava na esquina de sua antiga, e agora nova, casa.

– Querido? – Nicholas fora resgatado de seus pensamentos nostálgicos pela voz de sua mãe. – Ouviu alguma coisa do que eu disse, Nicholas?

– Na verdade, não. O que era?

– Gemma e eu estávamos falando do quanto é bom voltar. Você não acha?

– Aham, claro. – Nicholas não dera aquela resposta por não achar que voltar era bom. Nicholas dera aquela resposta porque estava com sono e não queria conversar. Mas obviamente, sua mãe pensou o pior.

– Nicholas, querido, sei o quanto você gostava de Holmes Chapel. Sei o quanto sente falta de seu pai. Mas aquilo estava me sufocando, entende? Vou entender se ficar com raiva de mim, só não vou suportar se me odiar. Então, não me odeie, está bem?

– Mãe. – Nicholas a interrompeu. Não suportava mais ouvir suas desculpas e seus motivos. Até porque, ele os entendera da primeira vez que conversaram. – Não sou um adolescente traumatizado pelo divórcio dos pais.

– Não?

– Não, sou um adolescente traumatizado por não me conectar a internet há três dias.

– Certo, espertinho, ainda está de castigo. Ainda não acredito que voltou pra casa só de cueca.

– Longa história.

– Ainda quero ouvir essa história.

– Chegamos! –Gemma falou/gritou quando avistou a casa.

Nicholas não era a pessoa mais animada do mundo, mas ficou feliz por poder esticar as pernas.

Enquanto girava a maçaneta, um turbilhão de lembranças invadia a mente de Nicholas. A casa estava muito diferente do que Nicholas se lembrava. As paredes tinham sido recentemente repintadas e os móveis novos, que vieram dias antes, eram muito diferentes dos antigos. Caixas de papelão estavam espalhadas por todo o corredor e tudo estava surpreendentemente muito limpo.

– Liguei para a imobiliária ontem e pedi que deixassem tudo limpo.

Nicholas apenas assentiu e continuou sua inspeção pela casa.

– Bom, estarei no meu quarto. Tenho que arrumar as coisas e ainda tenho que passar na faculdade para confirmar minha transferência. – Gemma anunciou, enquanto tentava carregar uma caixa em que se lia o seu nome.

– As aulas só começam daqui a cinco semanas.

– Exatamente. Pouquíssimo tempo para ajeitar tudo. – Ela disse, subindo as escadas com a caixa precariamente apoiada na lateral do corpo.

– Quer ajuda com isso?– Nicholas perguntou, se referindo à caixa.

– Não, eu consigo.

Nicholas deu de ombros e se voltou para a mãe, que tirava alguns enfeites de uma caixa cheia de jornal picado.

De repente cincoOnde histórias criam vida. Descubra agora