A vida de Mark estava no mínimo confusa.
Problema número um: sua namorada, Katherine. Mark queria gostar dela. Ela era uma garota incrível, bonita e muito divertida. Ele realmente se sentia bem ao lado dela, mas - Por que sempre tem que ter uma "mas"? - ele não a amava. Não queria fazer isso com ela. Ela, definitivamente, não merecia isso.
Problema número dois: seu amigo, Alexander. Mark não fazia ideia de o porquê cometera a loucura descabida de beijar Alex. Não se arrependera, prometeu que não o faria. O problema era; "por quê?". Por que, em sã consciência, um homem hétero beijaria o amigo gay no banheiro de um restaurante? Para Mark, isso não fazia muito sentido. Sempre achara Alexander bonito, isso era um fato inegável. Mas existe uma grande diferença entre achar bonito e querer beijar uma pessoa.
Problema número três: Mark não fazia ideia de como iria, nem se conseguiria, resolver esses problemas.
Frustrado com sua admirável capacidade de resolver problemas, Mark decidiu ir até a casa de Katherine. Afinal, conversar com ela era sempre bom.
– Mark? Onde está indo? – Mark ouve a voz animada no momento em que saia pela porta.
– Vou na casa da Katherine, Soffie. Avise a mamãe que estou saindo, está bem?
Soffie arregala os olhos de empolgação.
– Quero ir também! –A garota pediu, correndo até Mark e fazendo biquinho.
– Não vai dar, Soffie. Prometo que digo que você mandou um beijo, okay?
Soffie assentiu triste e correu para a cozinha.
A casa de Katherine ficava há sete casas acima da de Mark, fazendo-o dispensar sua moto.
Usando o frio cortante como desculpa para seus protestos internos, Mark acendeu um cigarro.
A fumaça se misturava ao ar gelado de Londres e se perdia atrás de Mark, que gostava de pensar que ela levava seus problemas. Cada tragada era como um último adeus, e então, ele os liberava. Deixando livres para se aventurarem, voando até se afixarem ao próximo coitado.
Mark parou em frente à porta de Katherine e hesitou em tocar a campainha. Jogou o cigarro na rua e, antes que pudesse se decidir em voltar ou não pra casa, a porta foi aberta, revelando uma Katherine com um sorriso enorme se atirando nos braços em Mark.
– Oi, amor! Não sabia que viria.
– Oi. Como sabia que eu estava aqui?
– Te vi pela janela. O que aconteceu? Você está estranho.
– Nada, amor, não aconteceu nada. Vamos entrar?
Katherine estava sozinha em casa, o que significava que ela e Mark poderiam ir para o quarto sem serem importunados.
Mark se jogou de costas na cama de Katherine, fechou os olhos, e suspirou.
– Fale. – Katherine foi direta, se sentando ao lado dele.
– Falar o quê?
– Amor, eu te conheço. Faz um tempo que você está assim, como se estivesse entediado. Pode se abrir comigo.
Mark se remexeu desconfortável na cama. Suspirou mais uma vez, finalmente abrindo os olhos.
– Acho que você falou tudo. Estou entediado. – Katherine o olhou triste. Mark podia jurar que viu seus olhos azuis se encherem. – Não me olhe assim, me sinto mal. A verdade é que; eu não sei se isso tem relação com você.
– Então é pior do que eu pensava.
– Como assim?
– Significa que tem outra pessoa.
Mark se calou diante daquilo. Havia outra pessoa? Ele simplesmente não sabia. Ele não sabia de mais nada.
– Não vou conseguir mentir. – Mark disse, por fim. Sentia que contar a alguém sobre o que aconteceu entre ele e Alexander fosse tirar um peso de suas costas.
– Não minta.
– Eu... – Mark não conseguia dizer a olhando nos olhos. Por isso, fechou os seus. – Eu quase fiquei com outra pessoa. Nem chegou a ser um beijo, de fato.
Katherine virou o rosto para a janela, numa tentativa falha de esconder as lágrimas que lhe insistiam em saltar dos olhos.
– Mereço saber quem?
– Você vai me odiar mais.
– Não consigo te odiar, mas estou com muita raiva de você agora. Então, mereço ou não saber?
– Você ser tão legal está acabando comigo. – Mark se sentou e, com as pontas dos dedos, fez Katherine olhar pra ele. Sentia que essa era uma coisa de se dizer olho no olho. Sempre encarara seus problemas. – Alexander.
Ela o encarou por alguns segundos, antes de falar:
– Por favor, me fale que é mais uma de suas brincadeiras. – Ela o olhou séria, para depois se levantar e começar a andar de um lado para o outro. –Ah, claro que não! Garotos não fazem esse tipo de brincadeira, acham que fere o orgulho masculino. Eu realmente devia ter percebido isso antes.
– Perceber o quê?
– Perceber que você é gay. – Katherine disse, como se fosse a coisa mais evidente do mundo.
– Eu não sou gay.
– No mínimo bi.
– Só pode ser brincadeira, minha namorada acha que eu sou gay. – Mark se levantou para encará-la melhor.
– Ex.
– O quê?
– Ex-namorada, não podemos continuar com isso se você...
– Se você quer terminar, tudo bem. Eu até acho que é melhor assim. Não me leve a mal, você é uma garota incrível e bonita. – Mark olhava nos olhos de Katherine novamente. – Mas eu não sou gay, saberia se fosse.
– Sério Mark? Saberia?
– Sim.
– Então, amigos?– Katherine disse, lhe estendendo a mão.
– Amigos. –Mark disse segurando sua mão e a puxando para um abraço apertado. – Você foi uma ótima namorada.
– Você também.
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De repente cinco
Teen FictionO tempo passa. As pessoas crescem. As pessoas mudam. Nicholas não era mais o mesmo garotinho fofo de quem Alexander se lembrava e queria cuidar. Descobrir o que mudara em seu melhor amigo passa a ser um tipo de missão para Alex que, por sua vez, est...