A luz do sol entrou pela janela do quarto.
Incomodada pela claridade repentina, Isabelle se virou para lado oposto à janela e cobriu o rosto com o travesseiro. A técnica para voltar a dormir funcionou, até ouvir os gritos...
Resmungando coisas desconexas e esfregando os olhos, Isabelle seguiu o som de vozes exaltadas e coisas se quebrando até chegar à cozinha.
– PARE! EU SEI QUE VOCÊ ESTÁ MENTINDO! – Isabelle ouviu sua mãe gritar, enquanto segurava um prato de vidro logo acima da cabeça. Seu pai se encontrava sentando à cadeira da cabeceira. Fazia um movimento lento e circular com a xícara de café em sua mão, o olhar cínico e um sorriso de canto. Aparentemente calmo.
– Já lhe disse onde estive na noite passada. Se não quiser acreditar, o problema é seu.
– Mãe! – Isabelle gritou a tempo de impedir sua mãe de atirar o prato.
– Isabelle? Há quanto tempo está aí, querida? – Ela perguntou, visivelmente perturbada.
– O suficiente.
– Desculpe por te acordar. – Ela disse, depositando o prato na pia e olhando, desconfortável, para o chão.
– Tudo bem. – A voz de Isabelle soou baixa.
– Bom, se você já parou de tentar me matar, eu vou trabalhar. Não me espere para o almoço. – Ele passou por Isabelle. – Tenha um bom dia, filha. – Isabelle não respondeu.
Isabelle observou, em silêncio, o pai atravessar a sala de estar e fechar a porta atrás de si.
– Você está bem? – Isabelle se voltou para a mãe, que se encontrava debruçada sob a mesa. O rosto escondido nas mãos.
– Já estive melhor. – Ela disse, com a voz chorosa. Levantou o rosto e sorriu para a filha. – Mas também já estive pior.
Isabelle caminhou até a mãe e a abraçou com força.
– Saiba que sempre estarei do seu lado. – Essas palavras machucaram Isabelle mais do que ele imaginou. Ele se sentiu imunda, mentirosa, uma péssima filha.
– Eu sei, querida.
Isabelle segurou o rosto da mãe com as duas mãos, olhando-a diretamente nos olhos.
– Eu te amo muito. Muito mesmo. –Isabelle foi sincera com a mãe.
– Eu também te amo. Agora volte a dormir, sim? Eu vou ficar bem.
– Tem certeza?
– Claro. – Ela sorriu. – Agora suba.
Isabelle assentiu e voltou para o quarto, não antes de abraça-la e depositar um beijo demorado em sua bochecha.
Voltar a dormir não fora possível, já que sua cabeça estava em um turbilhão de pensamentos. Além de seus problemas em casa, ainda estava desconfortável com o distanciamento Mark.
Depois do almoço, Isabelle voltou para seu quarto e para seus pensamentos. Precisava sair, espairecer, conversar com alguém e, principalmente, tentar fugir de seus problemas. Pensou em ligar para Yoongi, mas ele não a deixaria em paz até que contasse o que estava havendo. Descartou também Alexander, quem andava com um péssimo humor. Ela não tinha coragem de estar sozinha com Mark.
Por um segundo, cogitou em falar com Nicholas, mas o que se fala para o, aparentemente, ex melhor amigo do seu amigo que você acabou de conhecer?
Isabelle já estava se acostumando à ideia de ficar sozinha com seus problemas, quando se lembrou de uma pessoa. Uma pessoa que a irritava profundamente, mas que também fora responsável por deixá-la, pela primeira vez em muito tempo, desconfortável com a própria aparência. Rapidamente, pegou seu celular na escrivaninha e procurou pelo seu nome na letra "L".

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De repente cinco
Roman pour AdolescentsO tempo passa. As pessoas crescem. As pessoas mudam. Nicholas não era mais o mesmo garotinho fofo de quem Alexander se lembrava e queria cuidar. Descobrir o que mudara em seu melhor amigo passa a ser um tipo de missão para Alex que, por sua vez, est...