VI- O filho de Oceano

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- Quem são vocês? O que querem aqui?- falou com uma voz grossa, que parecia intimidante, e ao mesmo tempo preocupada.

- Somos semideuses, viemos ajudá-lo - Jenny falou.

- Semideuses não são confiáveis, meu pai nos alertou sobre vocês.

- Nos? Aonde estão os outros? E quem é o seu pai?! - me manifestei.

- Não importa! Saiam daqui ou serei obrigado a matá-los! - gritou levantando sua lança.

- Nós oferecemos ajuda, e é assim que nos retribui?! - perguntei, já com um pouco de raiva.

- Calma Nick - Jenny falou comigo - Sr. Não Sei Quem, apenas queremos resgatá-lo. Desculpe se meu amigo foi um pouco rude.

- Pelo ao menos você tem boas maneiras, menina. Mas eu não preciso ser resgatado, sei me virar sozinho! Não irei a lugar nenhum, ainda mais com semideuses!

Ele nos olhou com cara de quem não confia em nós, e ao mesmo tempo deseja nos dar uma morte lenta e dolorosa. Eu o encarei.

- Vão embora, ou serei obrigado a matá-los!- repetiu.

- Você é ruim em matemática! Cara, nós somos dois e você é apenas um! Não queremos machucá-lo, fomos enviados para te salvar. Aliás, quem é seu pai?

- Oceano- ele disse batendo no peito e dando um sorriso- E agora matarei você com meus poderes, semideus!

Ele empurrou o arbusto para outro lado, e eu percebi que era falso. Atrás dele, havia um pequeno lago de águas magnificamente verdes.

Uma parede de água se formou. Fiquei sem reação, apenas olhando aquilo. Eu nunca em minha vida vi alguém fazer aquilo tão perfeitamente. A parede continuou crescendo, até que percebi o que ele estava tentando fazer: uma parede aquática enorme para nos afogar.

Reagi. Com minhas fónissas corri na direção dele. Sua lança se transformou em um arco com uma flecha apenas. Ele mirou em mim, e atirou. Vi a flecha vindo velozmente para mim, no meu coração. A flecha acertou-me. Senti uma dor terrível e cai no chão, me concentrei para controlar a morte e então desejei não morrer, ou pelo menos morrer mais demoradamente. Tirei um frasco pequeno de néctar do meu bolso, arranquei a flecha do meu peito, e passei o líquido ali. A ferida foi sarando rapidamente, até que se fechou. Nem uma cicatriz ou uma mancha. Nada.

Me levanto e continuo indo em sua direção. Seu arco agora está em forma de adaga. Cheguei perto dele e ele tentou me esfaquear, mas fui rápido e desviei do golpe. Com minhas lâminas tentei fazer algum corte nele mas ele conseguiu se esquivar de todos, pude perceber que ele é muito bom em batalha.

Ele tentou me derrubar no chão, mas desviei de sua perna. Dei-lhe um golpe certeiro em sua costela com minha fónissa, e ele gemeu de dor. Com um mortal para trás ele foi para o lago, renovando suas forças. A parede de água desapareceu.

Ele saiu do lago, junto com duas outras mulheres. Cabelos cinzas, e peles ligeiramente claras. Oceânides. Se ele pode convocar espíritos das águas, também posso convocar espíritos do Submundo, pensei.

Me concentrei. Imaginei guerreiros mortos saindo do reino do meu pai, e vindo para a superfície me ajudar. Assim aconteceu. Dois esqueletos, com uma armadura grega e uma lança em mãos apareceram. Puseram-se ao meu lado esperando eu dar uma ordem.

- Ataquem-no!- sei que esse não é o melhor grito de guerra, mas era o único que eu tinha em mente.

Cada um foi na direção de uma oceânide. Elas recuaram um pouco.

- Oceânides, ousam desobedecer Trylos, o filho de Oceano?

Elas voltaram e atacaram meus guerreiros. A adaga de Trylos virou um arco novamente. Imaginei que ele fosse tentar me acertar, mas ele fez exatamente ao contrário: acertou Jenny. Comecei fever de raiva e corri na direção dela.

Nick, um semideus sombrioOnde histórias criam vida. Descubra agora