Capítulo I

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O centro da cidade estava com certeza bastante movimentado nesse dia, caminhando por suas ruas lotadas de pessoas, a tarde, em um sol escaldante e de farda pesada da escola militar. Eu havia saído mais cedo da escola e agora tinha de voltar para casa de ônibus, deviam ser umas cinco horas da tarde.

Enquanto eu estava no ponto de ônibus eu pude vê-lo, um lagarto enorme de asas escarlates e escamas de um Rubi forte passando por cima da cidade e do grande amontoado de pessoas, pulei com o susto, sua sombra cobriu quase todos que ali estavam. Amedrontado comecei a andar para fora dali, olhei ao redor, a procura de gritos e desespero de todos os lados, mas isso não aconteceu, todos estavam ocupados demais pra ver o que eu tinha visto, com medo comecei a correr, tentei fugir de minha visão enorme e perturbadora que me assombrava em sonhos também, mas daquela vez foi real, eu realmente estava acordado quando eu o vi.

Eu acho...

Minha casa ficava do outro lado da cidade, e fiz todo o caminho a pé. Perigoso? sim, mas aquilo não me assustava mais do que a visão que tive mais cedo. Não tive cabeça para pegar ônibus nem algo parecido, logo  cheguei em casa.

Já eram seis e meia da noite, eu estava exausto, e assim que abri o portão da frente, meu cachorro deu um pulo em cima de mim, sujando minha farda e latindo chamando a atenção de meus pais, minha mãe veio andando, enquanto meu pai permanecia sentado no sofá

- por que você demorou? - Perguntou minha mãe

- desculpe, resolvemos andar um pouco – respondi gaguejando, sei mentir, mas não estava com cabeça para aquilo naquele momento

- entre coma e vá dormir – sem pensar duas vezes, entrei de cabeça baixa, cumprimentei meu pai e fui comer.

Quando acabei de comer, fui direto ao banheiro e tomei um banho, a sensação foi tão boa que comecei a cochilar durante o banho, flashes da visão que tive mais cedo me atormentaram enquanto estava de olhos fechados, pulei com o susto e .cai no chão do banheiro.

A agua ainda pingava em minha cabeça quando ouvi meu pai perguntar com a voz séria, mas demonstrando uma certa preocupação

- o que foi isso?

- nada – gritei de volta, aquilo não era normal e com medo sai do banho e fui para meu quarto.

Meu irmão já estava na cama de cima, divido o quarto com ele e dormimos em um beliche, era melhor pois não ocupa tanto espaço no quarto que já é pequeno, e ainda é lotado de coisas.

Deitei na cama acreditando que não iria dormir, talvez ficar reclamando da vida como todo jovem de 15 anos de idade, mas assim que fechei os olhos, apaguei, e os sonhos começaram a vir.

Entrei no sonho com um medo súbito, sinto um formigamento nas pernas e percebo que estou correndo, sendo seguido por algo enorme, seus passos ecoavam por todo o caminho, me sentindo pequeno e indefeso continuei a correr para uma escuridão sem fim, onde eu não conseguia ver nem minhas próprias mãos, a luz havia sumido, eu estava tremendo, o monstro havia parado de me seguir, mas meu medo não cessou. Uma voz parecida com uma faca acertou meus ouvidos

-Então é você o herói, seu destino é me derrotar? – Algo horrendo acertou meus ouvidos que começar a sangrar, que som era aquele?

Uma risada, aquilo que estava tomando conta de tudo ao meu redor e tomando conta até de minha vontade de viver, estava falando em meus ouvidos, tentei falar mas palavras não saiam de minha boca, meu corpo começou a doer, como se todos os ossos de meu corpo estivessem se partindo naquele momento

-Não pequenino, aqui e lá, quem manda sou eu, assim que ela estiver sem poderes, sem forma de me deter, dominarei esses dois mundos – Aquele som não era humano, nunca me senti tão fraco em minha vida

Between two worlds - Terra de Ninguém Onde histórias criam vida. Descubra agora