Capítulo 5

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Eu estava exausto, as feridas na barriga e nas costas estavam enfaixadas, as vezes podia sentir o sangue encharcar as faixas. Samantha estava deitada em meu colo, alisei seu cabelo, incrível como eu não havia tido nenhum sonho. Sorte talvez. Não sabia que horas eram mas achei melhor acordar Samantha, toquei seu ombro e sussurrei em seu ouvido.

- Ei Sam, levanta - ela com um movimento brusco se levantou.

Seus olhos estavam negros. Totalmente negros, não havia parte branca, a pupila e a retina pintadas de preto. Me afastei com um susto. Ela virou o rosto em minha direção.

- Isso não foi nada fácil para você e seus amigos - reconheci a voz da velha que queimou meus braços, ela estava ali possuindo o corpo da minha namorada - não se assuste isso será bem comum, estarei com você, afinal tenho de ajuda-lo

- Hum... você tem razão não foi nada fácil, na maioria quase morremos, não sabemos usar essas armas - eu fiquei com raiva, e meus braços começaram a formigar, as marcas voltando a ferver.

- Você está errado, você sabe usar qualquer arma, principalmente espadas longas, são parte de você, estão em seu sangue. Você apenas não acordou para sua verdadeira natureza - ela sorriu pelo rosto de Samantha - acho está na hora de ir

- Como assim? Que natureza? Você não pode ir agora, tenho mais perguntas - ela soltou um grito, meio surdo, meio sem som. Senti um calafrio

- Vocês ainda têm muito o que ver e o que enfrentar, a caminhada está apenas começando

Ela se levantou e começou a andar, ainda no corpo de Samantha. Seguindo até o portão que apenas se abriu com seu toque. Na rua um enorme dragão de escamas negras e roxas, seus olhos eram de um azul claro como vidro. Assim que o majestoso dragão há viu abriu as asas como se estivesse se alongando, ele curvou o pescoço para que ela pode-se subir.

- Você tem quantos desses "bichos" aí? - Ela sorriu com escárnio

- Alguns... e você? - Ela soltou uma gargalhada enquanto subia no dragão, suas pernas vacilaram, mas ela não caiu.

- Nenhum. Você sabe disso - falei serio.

- Talvez - o dragão abriu as asas e subiu.

Uma nuvem de poeira se formou, coloquei a mão nos olhos para protege-los da poeira.

...

Abrindo os olhos me vi em outro lugar. Sem mais nem menos senti um murro na lateral do meu rosto. Fiquei zonzo por um estante, abri os olhos, mas tudo continuou escuro. Não conseguia ver nada. Cegado.

- EI! - Gritei em esperança de um ajuda - SOCORRO!

- Cale-se - ouvi uma voz falar.

Mais um soco do lado direito da cabeça, outro na barriga. Rodei o corpo em desespero, não acertei nada. Pus a mão no cinto, senti uma espada e a puxei, ela encostou em alguma coisa assim que subiu. Escutei uma espada bater na minha de leve, me virei para a direção do som, um silencio se prolongou, caminhei um pouco e senti uma espada cortar minha barriga, me agachei com a dor, rodei a procura do agressor. Dessa vez o corte foi na perna, em seguida um no braço, um no peito.

Me abaixei a procura da espada, senti ela pelos meus dedos. Pus a mão no cabo da espada e com o ouvido apurado ouvi a espada inimiga descer em minha direção, rapidamente fui para o lado e levantei a espada. O som do metal se enfrentando ecoou por todo lado. Em seguida um silencio enorme tomou conta do local.

- Pois bem - alguém falou, escutei a espada sendo embainhada.

Mais silencio. Dessa vez foi longo, senti meus cortes sagrarem e eu não podia fazer nada. Eu não via nada. Estava ensopado de uma mistura de sangue e suor, as roupas encharcadas dessa mistura. As feridas ardendo graças ao suor.

Between two worlds - Terra de Ninguém Onde histórias criam vida. Descubra agora