-Levanta - falou minha mãe - estamos indo para o trabalho
Ela saiu do quarto, rolei na cama tirando o lençol de cima de mim e me sentei, meus braços estavam doendo, meu corpo doía em todas as partes, ao ficar de pé, cai, sem força nas pernas, que estavam tremendo
Colocando força nos braços que tremeram com o esforço, me pus a sentar, esperei as pernas e braços pararem de tremer, me levantei e fui ao banheiro, no espelho do banheiro a figura que eu vi era irreconhecível, meus olhos castanhos estavam fundos, meu rosto tinha tomado a forma de um esqueleto, meus ossos aparentes, a boca seca, parecia estar mais alto. Com uma certa hesitação olhei para os meus braços, com o susto recuei
Meus braços estavam queimados, exatamente onde a velha havia apertado, mas aquilo foi um sonho, aquilo não era possível, encarei meus braços impressionado com as queimaduras feias que eu tinha certeza que nunca sairiam dali, como eu ia explicar aquilo para a minha mãe?
Ah, mãe... eu sonhei com uma velha apertando meus braços e quando acordei, onde ela havia apertado agora está queimado, exatamente formando as suas mãos... sorri com o pensamento
Entrei em baixo do chuveiro deixando essa ideia para traz, as dores começaram a diminuir, agradecido sai do banho, me vesti e fui comer, meu pai ainda estava na cozinha tomando café, minha mãe e irmão já tinham saído
-O senhor está bem? - Perguntei enquanto ele comia, ele confirmou com a cabeça, acabou de comer, mostrou dois pães que minha mãe havia feito para mim, se levantou, me abraçou, pegou a chave do carro e começou a sair de casa, Thor começou a latir, me sentei e peguei no pão morrendo de fome
Antes de comer escutei o portão se abrindo para o carro poder sair, me levantei e fui ver ele saindo, algo saiu do fundo de minha garganta
-Pai - gritei - eu amo o senhor
Meu pai pareceu assustado, parou o carro, desceu e me abraçou
Acho que fazia anos que eu não dizia isso, isso explicava completamente o seu espanto. Sorri
-Também amo você meu filho, você é o maior orgulho de minha vida - sorriu, ainda meio espantado ele voltou ao carro acenou e o portão começou a se fechar, me deixando sozinho com meu cachorro
Na hora do almoço, eu já estava pronto com a farda do colégio, esperando esquentar a comida, o dia estava ótimo até minha mãe ligar
-Willian - ela falava com raiva
-Oi mãe
Assim que terminar a aula venha para casa, hoje você não vai ver Samantha - sem mais nem menos ela desligou na minha cara, talvez já tenham mandado as notas para ela, isso explicaria essa raiva, nem tive chance de argumentar, talvez seja algo mais
Acabei de comer e fui direto para o ponto de ônibus, alguns minutos e o ônibus parou para que eu pudesse entrar, passando pela catraca fui sentar com um amigo, que também estuda no colégio militar
-Eai Guerra - falou ítalo, sim ele me chamou de Guerra, é meu sobrenome, dando um toque na minha mão, me sentei do lado dele e começamos a conversar, alguns pontos depois do meu sobe João
-Eai pessoal - se sentou perto da gente
Algum ponto depois, subiu Lucas, e lá estávamos, unidos para mais um dia de aula, enquanto o ônibus fazia o percurso tradicional que eu já conhecia como a palma de minha mão, ficamos discutindo sobre os mais variados assuntos, do meu tamanho até o quanto o dólar está em alta, enquanto discutíamos me ocorreu que eu era o único branco ali presente
Branco, loiro, alto dos olhos castanhos, e magro, talvez até raquítico. Enquanto os meninos, não, João e ítalo são da mesma altura, que para mim são baixos, negros, fortinhos cabelos negros como piche, Lucas, quase do meu tamanho moreninho, com cara de bebê, todos eram meus amigos a bastante tempo, meus irmãos, sem eles não seria quem sou hoje, e agradeço por isso
VOCÊ ESTÁ LENDO
Between two worlds - Terra de Ninguém
General FictionO que você acha que pode acontecer de mais louco na sua vida? e se um dia alguém chegar e perguntar se você quer viver uma aventura? e se você negar e ele dizer que não há mais volta, e que se você não deter essa força que esta matando tudo e todos...