Capítulo 02

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Já havia se passado algum tempo e eu estava na mesma posição, sentada no centro da cama abraçada aos meus joelhos, tinha certeza que meus olhos estavam vermelhos e inchados de tanto chorar.


Me levantei sentindo as pernas reclamarem um pouco, observei o retrato ainda no chão, caminhei até ele e o peguei olhando novamente para a figura loira.


- Talvez você tenha razão, talvez por algum milagre eles ainda estejam vivos – disse e respirei fundo clareando minha mente, eu não podia desistir assim, tinha que tentar achar pelo menos os seus corpos, tremi pensando na hipótese, mas eu não conseguiria conviver com a dúvida.


Sai do quarto andando pelo extenso corredor, não fazia ideia de onde estava, olhei por cima do corrimão de madeira, eu estava no terceiro piso, conclui. O silencio reinava no ambiente e senti um temor percorrer minha espinha ao imaginar que aquela loira poderia ter ido embora, desci o primeiro lance de escadas, tudo continuava silencioso.


Desci o último lance de escadas e pude ver a sala de estar, um grande sofá marrom estava centralizado no cômodo de frente para a lareira digital que estava ligada, observei que tudo ali era impecável e de tecnologia de ponta, revirei meus olhos lembrando do aquecedor simples a gás de casa, olhei ao redor e percebi um corredor e uma luz ao fundo, caminhei naquela direção e no meio do corredor pude ouvir a voz que já não era tão desconhecida.


- ECHO... LIMA chamando FOX 7 6 – a voz era firme, mas baixa, me aproximei lentamente e vi a loira sentada em frente a um rádio - ECHO... LIMA chamando FOX 7 6 respondam! – Ela parecia impaciente e mexia em alguns botões, me aproximei e ela notou minha presença mesmo sem se virar, parou o que estava fazendo e girou a cadeira.


- Está mais calma? - A loira me direcionada um olhar culpado como se tivesse feito algo errado.


- Sim. – Olhei para o rádio atrás dela – o que estava fazendo? – Perguntei um pouco receosa, não queria criar nenhum tipo de laço com ela, mas estava curiosa. Ela soltou um suspiro longo e virou-se para o rádio.


- Tentando contato com meus pais – ela murmurou.


- Hum – dei alguns passos e parei próximo a ela – não sei se deveria te agradecer por ter salvo a minha vida, já que foi você mesma que tentou me matar...


- Eu não tentei te matar! – Ela disse com urgência na voz como se necessitasse que eu aceitasse aquela afirmação.


- Ah claro, só me envenenou. – Disse, a irritação voltando e isso era novo, nunca tinha me sentido dessa forma com alguém antes, era estranho, eu me sentia chateada, magoada?


- Não era veneno – ela se levantou ficando próxima a mim – era um sedativo, e você ainda vai entender porque eu ando com eles quando saio em campo.


Ela estava próxima demais e minha respiração estava acelerada, meu coração batia rápido, abri a boca para falar mas fechei logo em seguida. Aqueles olhos azuis me encaravam e eu não conseguia desviar o olhar.

The Last LoverOnde histórias criam vida. Descubra agora