ENTRE O PRAZER E O CORAÇÃO

Despedaçada

Depois do último final de semana em que estivemos juntos eu e Daniel voltaríamos a nos ver em poucos dias... Estávamos no começo de junho e já estava próximo o dia dos namorados. As coisas não estavam normais entre nós mas depois do último dia em que estivemos juntos ele parecia sempre confuso. Ligava pra mim todos os dias à noite e embora não falasse muito parecia se esforçar pra me dar atenção . Por um lado achava a situação incômoda mas por outro, parecia uma tentativa de retomarmos a nossa relação de sempre.

Minha mãe estava bastante incomodada com tudo. Perguntava pra mim sempre o que estava acontecendo e embora eu não falasse muito ela sabia.

Um dia antes de ir para a faculdade ela sentou na minha cama enquanto me arrumava com uma caneca de leite queimado que eu amava:

- Obrigada mãe ! Não sei o que eu faria sem você ! - dei um beijo na sua bochecha por todo o carinho que ela sempre tinha comigo e que eu tanto precisava nesse momento difícil do meu namoro.

-Clara minha filha, se você não está feliz não tem porque continuar com o namoro.- disse isso séria mas com todo o amor do mundo.

Minha mãe queria o melhor pra mim... Assim como meu pai claro. Mas minha mãe era uma mulher especial. Tratava-me como sua eterna menininha e ao mesmo tempo queria que eu fosse uma mulher feliz, amada e bem sucedida.

- Mãe, estamos passando por uma fase difícil mas vai melhorar. Daniel está com uns problemas financeiros mas vai passar...

Ela levantou, me segurou pelos ombros, olhou nos meus olhos como se quisesse me guardar do mundo e alisando meus cabelos disse: - minha filha, tem alguma coisa errada com o Daniel sem dúvidas, mas será que é dinheiro?! Ele está distante, estranho. Todos percebemos o quanto está frio... Talvez seja melhor você se afastar um pouco...

- Não se preocupa... Eu vou resolver isso. Vou conversar com ele na sexta-feira, quando ele vier.

Minha mãe me abraçou e me deu um beijo demorado na testa. Ela estava preocupada!

A semana foi corrida e eu esperava Daniel na sexta- feira mas quando cheguei em casa na quinta- feira à noite meus pais disseram que ele havia ido até minha casa. Ele chegou no início da noite e disse que tinha vindo direto do hospital . Mamãe disse que ele pediu pra pegar umas roupas e trocou uma camisa. Depois se despediu e disse que me ligaria mais tarde para não atrapalhar já que eu estava no hospital.

Mas ele não ligou. Eu achei por bem não ligar também já que ele foi quem adiantou sua volta. Era dia 10 de junho e eu estava desconfiada de que ele tivesse vindo mais cedo pra preparar alguma de suas surpresas de todos os anos ou conseguir comprar meu presente. Eu havia comprado um pingente com as nossas iniciais para ele usar no cordão e estava ansiosa para entregar.

Passei toda a sexta-feira esperando ele dar algum sinal mas nada! Passei o dia inteiro no corre-corre de sempre. Não consegui sequer almoçar. Cheguei em casa, como sempre, cansada. Já passava das 22h quando abri o portão da garagem e encontrei minha mãe saindo de carro.

Desci do meu carro e fui até a sua janela:- onde você vai a essa hora mãe ?!

- Preciso resolver uma coisa- mas ela não me olhava nos olhos.

- Que coisa mãe ?! Cadê o meu pai?!

- Ele não quer ir comigo então vou sozinha resolver o que preciso de uma vez por todas... Não vou demorar.