It's been a while where should we begin... Feels like forever.

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O pequeno sofá de tom verdejante claro que compunha o quarto mediano de cores pastel e aparelhos estranhos, isto de acordo com sua crua concepção, estava abarrotado com seus pertences tragos, dois dias antes, por sua mãe. Travesseiros, toalhas, lençóis, roupas íntimas e utensílios de higiene pessoal entupiam as bolsas pretas. Para a matriarca da família Payne, Liam deveria ter o mínimo conforto que pudesse ser estabelecido diante as circunstâncias oferecidas pelo hospital.

O rapaz sentia-se inusitadamente feliz, carente das preocupações, dos carinhos e até mesmo das broncas da mãe. Nunca imaginara que após cinco anos ausente e sem nenhuma explicação plausível pela repentina e urgente mudança de cidade, a família o apoiaria num momento tão delicado quanto esse. Sentiu-se grato e emocionado, pois caso fosse privado da preocupação e do carinho materno, tinha a total certeza de que estaria num estado profundo de tristeza e muito provavelmente visitando todos os bares da cidade em busca de algum motivo insano para continuar em frente. Ser soro positivo não era a melhor das notícias, mas também não representava o fim de seu ciclo vital. Estava enfim, aceitando seu destino. Não havia nada mais certo a se fazer do que isso: a aceitação de sua nova condição.

A enfermeira Meredith adentrou o quarto com o prontuário em mãos e despertando o rapaz de seus longos devaneios. A mulher de meia idade sorriu docemente para ele e abriu as janelas para arejar o quarto frígido.

— Bom dia, Liam – cumprimentou-o bem humorada. — Como está se sentindo hoje?

— Se eu já estou melhor, por que não me liberam logo? Você sabe, eu odeio hospitais – Liam conversava com a enfermeira como se fossem velhos amigos. Não que a verdade fugisse disso. Os sete dias de molho naquele hospital fazia-o sentir-se íntimo das pessoas.

A mulher apenas sorriu, compreendendo a inquietação incessante do rapaz. Afinal ele ainda era jovem, com seus 20 e poucos anos apenas, tinha muito que aproveitar da vida. Observou-o gesticular atentamente, as caretas indignadas que ele lançava vez ou outra.

"Jovens", pensou divertida, "são todos iguais".

Ajeitou-lhe os travesseiros da maneira que julgou mais confortável e em seguida entregou-lhe o remédio para dor.

— Vamos trocar os curativos agora. E pare de reclamar, Liam – retrucou afetuosa, deslizando as mãos pelos cabelos levemente emaranhados.

Afastou o lençol fino do corpo e encarou a perna esquerda repleta de curativos e leves escoriações arroxeadas.

Cuidadosamente retirou a atadura de crepom do joelho e observou os pontos, que se estendiam até a panturrilha, em processo de cicatrização. Limpou devidamente com o soro fisiológico antes de cobrir novamente o ferimento com o curativo. E repetiu o mesmo processo com o machucado da testa. O ferimento abdominal não passara de um grande corte superficial e teria apenas que limpá-lo com a gaze e o degermante.

— Prontinho – ela sorriu guardando os materiais numa nécessaire branca. Mais dois corpos adentraram o quarto, assim que Meredith o deixara. Sua mãe e o Doutor Tomlinson o encaravam com semblantes serenos.

— Precisamos conversar – o homem decretou com seriedade.

A senhora Payne dirigiu-se até uma poltrona próxima á sua cama, entrelaçando as mãos pequenas as grandes do rapaz.

Estranhamente, Liam não sentira medo pela eventual notícia que o médico poderia anunciar. Contraditoriamente as feições tensas de ambos, estava confiante.

— Você não precisa iniciar o tratamento de imediato – Louis disse. — É indicado que se inicie o tratamento quando o paciente não apresenta nenhuma doença, como no seu caso. Mas não o faremos agora. Além disso, estou escolhendo uma segunda combinação dos medicamentos caso a primeira falhe.

My Sacrifice » ziamOnde histórias criam vida. Descubra agora