My Sacrifice » ziam

I feel my memories fade with time

Incrivelmente intensa.

Sua cabeça latejava com uma incrível intensidade. Acomodou-se no colchão com a ciência de que a dor não seria passageira, perduraria como caráter permanente por mais algumas horas. Cobriu a cabeça com o lençol e virou-se abruptamente, caindo com tudo no chão. Era acostumado com sua enorme e espaçosa cama de casal e não com uma limitada cama de solteiro. Zayn permaneceu no chão, sentindo a cabeça doer ainda mais. Mas a queda não fora má de um todo, servira como um breve lembrete dos acontecimentos da noite passada.

Bêbado. Aposta. Payne. Carro. Casa. Vômito.

Os flashes da noite passada retornaram rapidamente e Zayn quis se esconder no primeiro buraco que visse pela frente. Vítima de momentos constrangedores e tendo Liam como assistente de tudo aquilo. Lastimável.

— Zayn? – a porta foi aberta cuidadosamente e um feixe de luz adentrou a restrita fresta, iluminando o aposento parcamente. — Eu ouvi o barulho lá de baixo. Tá tudo bem, cara? – ele indagou preocupado.

E questionou por alguns segundos se era merecedor de todo aquela preocupação e afeto.

— Eu caí da cama – respondeu com voz rouca. — Mas eu tô bem sim. Que horas são?

— Por volta de umas nove – ele respondeu. Fechou a porta e sentou na cama, o encarando.

— Ainda é cedo, pensei que te daria trabalho até umas duas da tarde – levantou-se com dificuldade do chão, procurando sua camisa e seus sapatos. — Vou utilizar o banheiro, se não se importa.

— Zayn... São nove horas da noite – Liam esclareceu lentamente.

— O quê? – ele exclamou horrorizado. — Eu preciso ir para casa agora.

— NÃO! – apressou-se em contestá-lo. — Fica mais um pouco e come alguma coisa – sugeriu, estralando os dedos das mãos nervosamente.

— Liam... Obrigado, cara. Mas não quero mesmo dar trabalho excedente – recusou o convite gentilmente.

— Não vai dar trabalho não. Eu faço questão – assegurou com firmeza.

— Tudo bem, então. Vou só lavar o rosto – virou-se e caminhou em direção ao banheiro. Deixando um Liam observando o contorno de suas costas com ferocidade.

***

A cozinha era ampla.

Os móveis brancos contrastavam com os azulejos pretos. Zayn sentou-se na enorme mesa com tampa de granito, apoiando a cabeça com as mãos e observando Liam manusear uma torradeira. A sua frente estava um copo grande de café, e ele desenhava, totalmente distraído, palavras abstratas, na superfície de porcelana preta do objeto.

— Eu posso te fazer uma pergunta? – ele arriscou tímido.

Colocou o prato perto da xícara e sentou-se numa cadeira ao seu lado.

— Pode – Zayn deu de ombros, mais concentrado no bocado de alimento que ingeria rapidamente.

— Quem é Harry?

Liam arrependeu-se de proferir a frase, assim que encarou o semblante do outro, as feições denunciavam uma avalanche de dor.

— Bom, eu fui indiscreto. Se você não quiser responder, não precisa – disse compreensivo. Ele mais do que ninguém compreendia o que era sofrer em razão de uma outra pessoa.