Can you help me out, can you lend me a hand?

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— Batimentos cardíacos ainda instáveis... Trinta e cinco... Trinta e seis... Quarenta e dois... Vamos desfibrilar! Traqueotomia urgente!

— Pressão?

— Não! Ele não está reagindo!

— Ele não tem nada a seu favor! Pulsação?

— Instável.

— Batimentos cardíacos?

— Cinquenta e três... Quarenta dois... Só está decaindo.

— Como estão seus reflexos?

— Nada bons.

— Aumente a quantidade de oxigênio.

— Nós o estamos perdendo! Nós o estamos perdendo!

— Sem pulsação... Sem respiração!

— Pegue o desfibrilador!

— Não podemos fazer mais nada... Infelizmente, ele não resistiu.

Zayn sentiu seu coração parar subitamente, como se despencasse de um precipício, uma angústia lasciva o dominou. Se fosse capaz de chorar, estaria urrando neste momento. Sentia uma dor insuportável o corroer.

As luvas plásticas deslizaram de suas mãos e, juntamente com a máscara cirúrgica, foram parar no lixo. Zayn estava desolado, estarrecido, frustrado consigo mesmo e, principalmente, lamuriando-se pela perda de mais uma daquelas crianças. Elas sempre pareciam tão especiais que nada poderia ofuscar seu brilho... Nem mesmo a morte. Mas enganara-se, tudo o que via agora era um corpinho magro, pálido, morto... Ocultado por um lençol branco.

O pior de tudo era a sensação de impotência, mas conformar-se com os limites e fraquezas humanas lhe pareceram sensações ainda mais dolorosas. Compartilhou sua dedução com as gélidas paredes daquele hospital, confidente de todas as suas sensações sombrias promovidas por aquele fenômeno.

A declaração de óbito lhe foi entregue e ele quase perdeu o fôlego. Preencheu o documento.

Falecido: David Ridgway.

Sexo: Masculino.

Médico: Zayn Javadd Malik.

Idade: 5 (cinco) anos.

Encaminhou-se para a parte mais difícil: Informar os familiares.


***


Liam caminhou pelos corredores distraidamente, acabara de sair de sua consulta com o Dr. Tomlinson. O início do tratamento foi consumado naquele mesmo dia, o rapaz recebera uma cartela com os coquetéis e faria exames esporadicamente para observar como seu corpo reagia com o tratamento.

Procurava a área de oncologia, subitamente sentiu-se tentado a averiguar o trabalho que Zayn realizava com crianças. Como um homem daquele tamanho e com o semblante mal-humorado poderia cuidar daqueles seres tão indefesos? Perguntava-se. Avistou a placa que identificava aquela parte hospitalar. Havia várias portas e sentiu-se intimidado em vasculha-las.

Resolveu espera-lo e sentou-se numa das dezenas de cadeiras dispostas estrategicamente naquele ambiente. Acomodou-se ao lado de um homem de cabelos grisalhos, vestido de maneira simples, mas o porte altivo o deixava elegante.

Apoiou a cabeça em suas mãos, observando um vai e vêm desenfreados de pessoas. Uma daquelas portas se abriu, e Zayn segurava uma prancheta, olhava fixamente para o objeto, fazendo algumas anotações outrora. Denominava incrivelmente irritante o branco que preenchia toda a atmosfera hospitalar, mas o jaleco causou um bonito contraste com a pele levemente bronzeada. Os cabelos pretos bagunçados o conferiam um ar despojado e diferente de todos os semblantes roboticamente sérios. O globo ocular refletia um brilho incomum e capaz de enxergar algo a mais do que somente as coisas físicas.

My Sacrifice » ziamOnde histórias criam vida. Descubra agora