{Isabelle Clark}
01/02/2018
O alarme caído no chão marcava seis horas da manhã. Ainda é muito cedo e muito frio. Saindo da cama reclamo até o banheiro, passo pelo espelho tomando um susto. Nem maquiagem faz milagre no meu rosto, até se eu nascesse de novo não daria um jeito nisso que as pessoas chamam de rosto.
Já faz um ano que tenho essa mesma imagem de manhã, então eu já deveria me acostumar com isso não é mesmo? Por que ainda tomo susto quando me olho no espelho? Não deveria ser mais assim.
Não me culpo por ter que enfrentar esses monstros de olhos roxos, culpo meu próprio sangue que me sufoca pela ganância, eles são os motivos das minhas noites mal dormidas. São pessoas mesquinhas que só quer saber de dinheiro. Mas quem sou para julgar eles? Eu também sou assim, por isso que continuou com isso até hoje.
Minha vida não é fácil, mas eu me esforço para que seja. Eles não podem descobrir o quão fraca eu sou assim, eles aproveitaram disso. Tenho que orgulhar a partida dos meus pais, fazendo que as pessoas entendam que eles não morreram e deixaram a sua filha tomar conta de tudo em vão.
Lavo o meu rosto e tiro minha roupa jogando no cesto, entro na ducha e tomo um banho quente. Deixo que água pelando escorra por meu corpo me trazendo um pouco de calmaria nesse furacão.
Ontem a noite tive que discutir sobre a herança deixada, uma briga que ocorre a mais de um ano. Aqueles animais inúteis me tiraram do hospital só para discutir sobre isso. Não estava nem um pouco satisfeita com aquele assunto novamente, mas não teve jeito e tive que explicar repetidamente que no testamento dos meus pais não tinha nenhum nome citado além do meu, dizendo que eu ficaria com tudo. Então eles começaram uma briga dizendo que isso não poderia acontecer e blá, blá, blá.
Resultando na minha noite mal dormida.
Termino meu banho e me enrolo na toalha, sigo para o meu quarto pegando escolhendo uma roupa para o dia.
Pelo menos aquela discussão deu algum resultado. Como uma boa pessoa - que eu acho que sou, fiz um acordo com eles prometendo da um pedaço de território. Todos concordaram menos minha tia que queria ter 50% das ações do hospital. Mas o hospital é algo que não entrego nem depois de morta. Ela ainda teve a coragem de me ameaçar se eu não entregasse, só de lembrar disso eu tenho vontade de pegar a cara dela e esfregar na mesa do escritório de advocacia.
Termino de me arrumar e sigo para cozinha. Abrir a geladeira e a fecho novamente, qual foi a última vez que fiz compras? Está mais deserta do que o Saara.
Sento na mesa sozinha conferindo mensagens no meu celular e decido comer só um pão de forma, indo pro hospital compro um café ou alguns bolinhos.
Como sempre no meu celular, só tem mensagem da Débora. Não tenho amigos e muito menos pessoas que se importam comigo. Não sou do tipo que fica sempre dando festa ou ao menos vai em uma, estou muito ocupada para isso, e só de pensar no meu apartamento cheio de gente me estremeço toda como se estivessem andando nua pela Antártida.
Exagero? Talvez, mas é a verdade. Não tenho muito tempo para aproveitar, nem consigo usar o banheiro sem receber uma ligação.
Debbie
20:30
Isso mesmo sua vaca! Você foi embora ontem e nem se despediu! Era algo muito importante! Se eu te encontrar aqui no hospital eu te dar um soco que nem dentista concertar seus dentes!
Não resisto e começo a rir, nem dentista concerta seus dentes? Só Débora mesmo para me fazer rir em plena segunda feira de manhã. Ela deve estar soltando fumaça pelas narinas, sempre me despeço dela ou mando uma mensagem quando estou indo embora, acabou que virou uma hábito nosso. Mas como meus tios me sequestraram ontem nem consegui falar com ela, e Débora ficou o dia todo dizendo que queria falar comigo sobre alguém da sua família que iria vim.
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Friends Not Even Forever
RandomIsabelle Clark é uma médica que enfrenta logo cedo as dificuldades de uma vida solitária. Após perder seus pais em um acidente de carro ela viu seu mundo acabar, sendo a única que sobreviveu no acidente, marcada para sempre com uma cicatriz em seu c...